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Adeus, pacote de voz! Vale a pena um chip que promete WhatsApp ilimitado?

Chip ChatSIM com WhatsApp ilimitado - Divulgação
Chip ChatSIM com WhatsApp ilimitado Imagem: Divulgação

Márcio Padrão

Do UOL, em São Paulo

06/06/2017 04h00Atualizada em 29/06/2020 00h55

É uma verdade: estamos ligando menos para nossos amigos e familiares da forma tradicional, pois substituímos o discador telefônico do celular pela janela do WhatsApp. Tanto é verdade que Juarez Quadros, presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), alega existir uma concorrência desleal entre operadoras e aplicativos de mensagens.

O que pode piorar o lado das operadoras é que chegou neste mês ao Brasil o ChatSIM, chip criado em janeiro de 2015 nos EUA (anteriormente chamava-se WhatSIM) e que promete conexão ilimitada, no mundo todo, com o WhatsApp, Facebook Messenger, WeChat, LINE, Telegram e outros apps de mensagens em seu pacote básico.

[ATUALIZAÇÃO 08-06-2017 9:15] Após a publicação desta reportagem, foi constatado que há duas formas de se comprar o ChatSIM no Brasil. Uma é por um site brasileiro, o chatsimbr.com.br, com operação nacional e preço menor no chip; e outra pelo site mundial, com matriz na Itália com versão em português, o www.chatsim.com/pt, mas que custa um pouco mais.

No site brasileiro, um ChatSIM custa R$ 199, sendo R$ 5 pelo chip em si e R$ 194 pelo pacote de um ano para enviar e receber apenas texto e emojis no WhatsApp e demais apps de mensagens. Para fazer o mesmo com fotos e vídeos, terá que optar por pacotes adicionais: R$ 52 (2 mil créditos), R$ 130 (5 mil créditos), ou R$ 260 (10 mil créditos).

Cada megabyte de dado equivale a 50 créditos no ChatSIM, ou seja, 2 mil créditos correspondem a 40 MB de download de fotos e vídeos no WhatsApp. Segundo o site do serviço, isso dá para cerca de 200 fotos ou 40 vídeos ou 80 minutos de chamadas de voz. Além disso, mesmo com o gasto extra, não é possível fazer ligações telefônicas comuns, trocar SMS, nem acessar sites da internet.

Segundo Valéria Carrete, diretora de marketing do produto, o alto valor é explicado pelo fato de não ser voltado para uso em território brasileiro, e sim para quem faz frequentes viagens internacionais.

"Você tem de analisar o custo-beneficio. Hoje o roaming internacional custa, em média, R$ 40 por dia. Outra opção é comprar chips locais que batem US$ 50 por mês com acesso total à internet. Se fizer uma viagem para muitos países, terá de comprar um chip em cada um deles. Ou seja, para você ter o essencial, que é permanecer em contato e responder às questões importantes, principalmente do trabalho, pagar R$ 17 por mês me parece bem razoável", diz Valéria.

Contando com o Brasil, o ChatSIM tem parcerias com mais de 250 operadoras de 150 países. São elas que fornecem a conexão no país, e o gerenciamento dos serviços do chip fica com a ChatSIM. No Brasil, a operadora parceira é a Vivo.

Ele funciona em celulares e tablets dos três sistemas mais conhecidos: iOS, Android ou Windows Phone —o aparelho precisa estar desbloqueado para usar qualquer chip telefônico.

Pelo site global do ChatSIM, a compra fica mais cara, por R$ 212, incluindo aí o chip físico (R$ 52); o uso livre dos apps de mensagens (emojis e textos), custando R$ 52 por ano; e o frete de R$ 108,84, que entrega o chip no Brasil em três a cinco dias úteis. Se o preço já é mais alto que no site nacional do ChatSIM, ainda há o risco do chip ser taxado na Receita Federal.

Alternativas

Antes de chegar ao Brasil, o ChatSIM já havia ganho um concorrente no exterior. O FreedomPop é um chip que surgiu em agosto do ano passado na Inglaterra também prometendo WhatsApp grátis. Ele se estendeu para os EUA e em mais 30 países da Europa e Sudeste Asiático. Além do uso livre do app, ele permite no plano básico 200 MB de dados por 4,99 libras (R$ 20,80 na conversão livre).

E no Brasil? As operadoras costumam dar alguns benefícios para seus clientes, e com o WhatsApp não é exceção.

Atualmente a TIM e a Claro fazem isso. No pré-pago da TIM, quem carregar a partir de R$ 30 ganha WhatsApp sem descontar da franquia de internet, mas restrito a 50 MB por dia. Você pode ainda comprar esse pacote de WhatsApp livre de forma separada do seu plano pré-pago, por R$ 12.

Para o cliente pré-pago da Claro, o acesso grátis não desconta da franquia, mas sim do pacote de internet válido para esse app. Os pacotes diários custam R$ 0,99 (30 MB), R$ 1,29 (45 MB) e R$ 1,99 (65 MB). Os mensais custam de R$ 6,90 (150 MB) a R$ 27,90 (900 MB). Já o cliente pós-pago possui acesso ilimitado ao WhatsApp sem descontar da franquia.

Em março deste ano entrou em cena a Correios Celular, operadora de celular dos Correios. Pagando R$ 30, o usuário tem direito a 30 dias de internet (1 GB) além do WhatsApp grátis pra chamadas de voz, fotos e mensagens.

Existe uma certa controvérsia sobre se benefícios como esses afetam a neutralidade de rede garantida pelo Marco Civil da Internet (lei nº 12.965/2014). Ele afirma que sejam tratados de forma igualitária "quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicação".

O texto da lei diz que em caso dessa parte não ser cumprida, o responsável deve "abster-se de causar dano aos usuários", mas não é muito claro sobre punir quem dá apenas benefícios.

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