Já viu um mini PC? Computadores enxutos são a nova aposta para desktops
Já podemos dizer que o computador de ontem virou o celular de hoje. É nele que fazemos quase todas as tarefas que antes só conseguíamos fazer sentados à mesa em frente a um trambolho de mais de dez quilos. Há quem diga que o fim do PC se aproxima, mas antes de qualquer previsão deste tipo podemos fazer uma outra: o computador vai diminuir de tamanho.
É evidente o desinteresse geral do público pelo computador desktop --no quarto trimestre de 2016, foram vendidos 1.047 milhão de máquinas, ou seja, 35% a menos que no mesmo período de 2015, segundo a consultoria IDC. Mas ele ainda resiste, especialmente nos locais de trabalho, e, para sobreviver, virou mini.
O mini PC é um gabinete de computador bem pequeno, mas com capacidade digna de um computador tradicional.
Lançado em 2005, o Mac Mini é um bom exemplo: sua versão atual tem 3,6 x 19,7 x 19,7 cm (1.397 cm³) --enquanto o Mac Pro tem 25,1 cm de altura e 16,7 cm de diâmetro (o corpo dele é curvo), o que dá cerca de 7 mil cm³.
Além da Apple, outras fabricantes como Dell, HP e Lenovo já fazem seus mini PCs há alguns anos.
No desempenho, não há muito diferença. No mini, cabem a CPU (unidade central de processamento), a memória RAM e o disco rígido, mais as portas e conexões para monitor, teclado, mouse e outras USB e slots para cartões de memória.
Ele aguenta configurações das mais simples às mais pesadas, com os melhores processadores do mercado e até 16 GB de RAM. Mas vai ocupar bem menos espaço na sua mesa, claro.
O preço também varia. Em grandes lojas, pode ir de R$ 780 (valor de um modelo da marca pouco conhecida 3Green, com processador Intel quad-core 1,84 GHz) a R$ 7.350 (caso do melhor Mac Mini, que traz processador Core i5 de 2,8 GHz e armazenamento de 1 TB).
A limitação deste tipo de produto está na expansibilidade da configuração. Por exemplo, dá para achar facilmente uma configuração com 64 GB de memória e uma placa gráfica no desktop tradicional, mas no PC reduzido não. Também não é tão fácil fazer upgrades por conta do espaço diminuto, que restringe a troca e acréscimo de mais peças ou placas dedicadas --problema similar ao que ocorre com os notebooks.
Além disso, como o tamanho é um diferencial atraente, o preço pode ser mais alto.
Quem usa?
Já existem PCs até menores que o mini, como o Raspberry Pi e outros "PC sticks" que cabem no bolso e são bem baratos, mas ainda são pouco potentes e de venda restrita no Brasil.
Mas o mini vem sendo mais adotado por uma parcela de público que ainda usa bastante computador de mesa: as empresas. Por isso, ele já representa boa parte das vendas gerais de PCs.
"Está sendo implementado em um volume maior no segmento corporativo, e a procura indica que será adotado em quantidades maiores em um futuro breve. O desktop tradicional tende a virar um produto de nicho, voltado para gamers", diz Leandro Lofrano, gerente sênior de produtos corporativos da Lenovo.
Em áreas de trabalho que não exigem mobilidade, o desktop ainda é fundamental. O mini só veio a agregar, por ter até 60% menos consumo de energia e grande desempenho"
Bruno Ortolani, gerente de personal systems, acessórios e PCs da HP
Por outro lado, o professor Eduardo Morgado, do departamento de computação da Unesp Bauru, não acredita em adoção em massa a curto ou longo prazo, já que o computador desktop deve morrer. Para ele, os PCs só sobreviverão em nichos. "Somente aplicações específicas, como laboratórios de escolas e automação comercial e industrial, ainda vão ter lugar para eles. Não vai salvar mercado algum", afirma.
O analista Pedro Hagge, da IDC, ressalta ainda que o mini PC vai substituir o grande no longo prazo, mas, pelo menos no Brasil, isso vai demorar mais a acontecer do que lá fora.
As pessoas no Brasil levam mais em consideração preço do que economia de espaço. Além disso, grande parte dos modelos de PCs são os montados, no qual você compra as peças e pede para um técnico montar uma máquina"
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