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Crise? Apesar de pressão dos EUA, Huawei não tira o pé do acelerador

Kevin Frayer/Getty Images
Imagem: Kevin Frayer/Getty Images

21/05/2020 09h59

Apesar da pressão dos Estados Unidos, a gigante chinesa de telecomunicações Huawei está avançando em seus projetos ambiciosos, como expandir seu campus para treinar seus funcionários cada vez mais numerosos.

Os Estados Unidos tentam há 18 meses bloquear o fornecimento de semicondutores à empresa, por considerá-la um risco à segurança nacional.

Mas, embora os funcionários da Huawei falem em "crise" em seu imenso campus localizado na cidade de Shenzhen, capital do sul da China, as ambições da empresa continuam a crescer.

A nova pressão dos Estados Unidos "naturalmente causou alguma preocupação", reconhece o vice-diretor da Universidade Huawei, Ryan Liu. "Mas eu trabalho para a Huawei há muitos anos e estamos confiantes de que a empresa nos guiará no caminho certo", afirma.

O Departamento de Comércio dos EUA disse na última sexta-feira que estava redobrando os esforços para impedir que a Huawei tenha acesso a semicondutores. Os componentes são chaves para os produtos da empresa, segundo a companhia. O corte de suprimento colocaria em risco sua "sobrevivência", diz.

"Se mantiverem o espírito dessa decisão, isso terá um grande impacto sobre a Huawei", avalia Kelsey Broderick, analista da empresa de consultoria Eurasia Group, que considera baixa a capacidade do grupo de obter seus próprios semicondutores.

Enquanto isso, em Shenzhen, sede de várias grandes empresas de tecnologia chinesas, os projetos da Huawei estão avançando.

Apesar da pressão, a empresa passou de 180 mil para 194 mil funcionários e em 2019 aumentou 19% em seus negócios globais.

É o caso da expansão da "cidade europeia", um complexo onde vivem 25 mil funcionários, localizado próximo a um lago e que possui uma rede ferroviária própria com paradas com nomes como "Paris", "Bolonha" ou "Heidelberg", todos eles com arquitetura que lembra essas cidades. No momento, existem onze áreas temáticas desse tipo e outra está sendo construída.

Já a Universidade Huawei se mudará em agosto para um lugar mais novo e maior, também no estilo "europeu".

Washington teme que o governo chinês use a rede de telecomunicações da Huawei em todo o mundo para espionar ou sabotar.

A empresa deve se tornar líder mundial em tecnologia de Internet móvel 5G, e Washington tenta convencer outros países a renunciar de seu material por questões de segurança.

O atual presidente da Huawei, Guo Ping, disse nesta semana que os Estados Unidos estão realmente agindo com medo de perder a hegemonia tecnológica para as empresas chinesas.

Os Estados Unidos já conseguiram impedir que a Huawei tivesse acesso ao sistema operacional Android do Google para seus telefones celulares, uma decisão que levou a empresa a criar seu próprio sistema, chamado HarmonyOS.

Nesse sentido, bloquear o acesso a semicondutores poderia melhorar o papel da HiSilicon, uma subsidiária da Huawei nesse setor.

"Esse desafio criará um sentimento mais profundo de crise, mas nossa resposta é fazer bem o nosso trabalho e confiar que o trabalho árduo será recompensado", disse Liu.

A universidade Huawei teve que fechar suas 40 salas de aula físicas em janeiro por causa do coronavírus, mas as aulas online continuaram para seus funcionários na China, África, Europa e em outros lugares, e eles voltaram presencialmente em maio, disse Liu.

As aulas abordam questões como gerenciamento ou alta tecnologia, e cursos de duas semanas para novas contratações também são organizados sobre cultura corporativa e como lidar com a pressão.