Topo

Identificado buraco negro tão grande que "nem deveria existir" na Via Láctea

A primeira imagem feita de um buraco negro, a partir da colaboração de oito rádio telescópios por toda a Terra - Divulgação/EHT Collaboration
A primeira imagem feita de um buraco negro, a partir da colaboração de oito rádio telescópios por toda a Terra Imagem: Divulgação/EHT Collaboration

Pequim (China)

27/11/2019 19h55

Astrônomos descobriram na Via Láctea um buraco negro tão grande que desafia os modelos existentes de como as estrelas evoluem, disseram pesquisadores nesta quinta-feira.

O LB-1 fica a 15.000 anos-luz da Terra e tem uma massa 70 vezes maior que a do Sol, segundo a revista Nature.

Estima-se que na Via Láctea haja 100 milhões de buracos negros estelares, mas o LB-1 é duas vezes mais maciço do que o que os cientistas pensavam ser possível, disse Liu Jifeng, professor do Observatório Astronômico Nacional da China, que liderou a pesquisa.

"Buracos negros com essa massa nem deveriam existir em nossa galáxia, de acordo com a maioria dos modelos atuais de evolução estelar", acrescentou.

Os cientistas em geral acreditam que existem dois tipos de buracos negros.

Os buracos negros estelares, mais comuns - até 20 vezes mais maciços que o Sol - se formam quando o centro de uma estrela muito grande entra em colapso.

Buracos negros supermaciços são pelo menos um milhão de vezes maiores que o Sol e suas origens são incertas.

Mas os pesquisadores acreditam que estrelas típicas da Via Láctea liberam a maior parte de seu gás através de ventos estelares, impedindo o surgimento de um buraco negro do tamanho do LB-1, disse Liu.

"Agora os teóricos terão que aceitar o desafio de explicar sua formação", afirmou em comunicado.

Os astrônomos ainda estão começando a entender "a abundância de buracos negros e os mecanismos pelos quais eles se formam", disse à AFP David Reitze, físico do Instituto de Tecnologia da Califórnia que não está envolvido na descoberta.

Buracos negros estelares geralmente são formados após as supernovas, explosões de estrelas extremamente grandes no final de suas vidas.

A grande massa do LB-1 cai dentro de um intervalo "conhecido como 'instabilidade de pares' no qual as supernovas não deveriam tê-lo produzido", disse Reitze.

"Isso significa que este é um novo tipo de buraco negro, formado por outro mecanismo físico", acrescentou.

O LB-1 foi descoberto por uma equipe internacional de cientistas por meio do sofisticado telescópio LAMOST da China.

Imagens adicionais de dois dos maiores telescópios ópticos do mundo - o espanhol Gran Telescopio Canarias e o telescópio Keck I nos Estados Unidos - confirmaram o tamanho do LB-1, que o Observatório Nacional Astronômico da China disse "não é nada menos que fantástico".