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Criadora de Pixel Ripped 1995 fala do game: "tornou-se a minha identidade"

Ana Ribeiro é criadora da série de games em VR Pixel Ripped - Divulgação
Ana Ribeiro é criadora da série de games em VR Pixel Ripped Imagem: Divulgação

Makson Lima

Colaboração para o START

08/05/2020 04h00

Imagine reviver aqueles longínquos momentos de infância, quando sua maior preocupação passava longe de pagar boletos. Tudo o que importava era convencer sua mãe a deixar você jogar só mais um pouquinho, ou então insistir para poder ir até a locadora do bairro.

O jogo em realidade virtual Pixel Ripped 1995 promove tudo isso ao resgatar vários momentos icônicos dos videogames nos anos 1990. Essa era mesmo a intenção da idealizadora do projeto, Ana Ribeiro, que contou ao START como o game passou a fazer parte da identidade dela e suas experiências com jogos.

Pixel Ripped 1995 - Divulgação/ARVORE - Divulgação/ARVORE
Game apresenta outro jogo dentro de realidade virtual
Imagem: Divulgação/ARVORE

Pixel Ripped 1995 é um jogo exclusivo para realidade virtual e foi lançado para Oculus e Steam VR, com previsão de chegar ao PlayStation VR em maio. Esse é o segundo game da série, sequência de Pixel Ripped 1989, lançado em 2018. Segundo Ana, a pretensão é que a série tenha cinco capítulos.

Ambos os jogos usam da realidade virtual para brincar com a metalinguagem dos videogames, já que você está está jogando outro game dentro do ambiente. O desafio está tando no videogame a sua frente quanto de situações fora dele.

Ana diz que tudo começou como um sonho, literalmente: "A ideia do jogo surgiu de um sonho que tive onde estava jogando videogame na TV e o mundo ao meu redor estava pixelando e evoluindo em gráficos junto com o mundo onde estava".

Ela é tão envolvida com a criação que se tornou a Dot, a protagonista dos jogos, usando cosplay da personagem em feiras de jogos de participava e até em programas de televisão que já participou para falar de Pixel Ripped.

"Me envolvi tanto nesse jogo que até cosplay da personagem faço e essa tornou-se a minha identidade", conta.

Atualmente ela dirige o talentoso time de profissionais no estúdio paulista ARVORE, que também é a empresa que publica os games da série.

Ambos os jogos usam da realidade virtual para brincar com a metalinguagem dos videogames, já que você está está jogando outro game dentro do ambiente

Time desenvolvimento game Pixel Ripped 1995 - Reprodução - Reprodução
Time de desenvolvimento de Pixel Ripped 1995
Imagem: Reprodução

Agora que o Pixel Ripped 1995 foi lançado, e enquanto não entra de cabeça na sequência, Ana conversou com a gente sobre realidade virtual, criar jogos em meio a quarentena e o que mais esperar de suas criações daqui pra frente. Acompanhe.

START: Jurava que Pixel Ripped 1995 seria adiado por conta da pandemia. Ainda bem que não! Como vocês têm feito para trabalhar durante esse período tão difícil?

Ana Ribeiro: Mantemos contato por mensagens e chamadas de vídeo, gerenciamento de tarefas pelo Monday, e envio de trabalho no jogo pelo GitHub. Como já utilizávamos essas ferramentas antes da pandemia, foi bem mais tranquilo ficarmos de home office. A maior dificuldade tem sido os equipamentos de realidade virtual, pois na empresa podíamos compartilhar e agora temos que escolher quais pessoas do time ficam com quais headsets. Num jogo que vai lançar para múltiplas plataformas, dá para imaginar quão difícil seria ter 8 headsets de cada plataforma para cada integrante do time, sem contar com o espaço da casa de cada um para conter tanto equipamento.

START: Colocando Pixel Ripped 1989 lado-a-lado com 1995, quais foram as maiores evoluções e dificuldades dessa vez?

Ana Ribeiro: A maior evolução comparando com o 89 foi a narrativa e a variedade. No 95, agora temos uma escritora no time e a narrativa é o que tem mais destaque. A variedade de ambientes e gameplay em comparação ao outro. Cada level do 95 tem um ambiente: você está numa sala de estar, numa locadora, ou num píer jogando fliperama. O jogo em si modifica a jogabilidade, então você joga um jogo estilo Zelda em top down e em outro level de plataforma, que referencia Sonic, Castle of Ilusion ou Metroid. Variedade e narrativa são os pontos fortes comparados ao 89.

Pixel Ripped 1995 fliperama - Divulgação - Divulgação
Fases do jogo acontece em diferentes ambientes, como uma casa de fliperamas
Imagem: Divulgação

START: Como é contemplar tantos gêneros e homenagear tantos jogos, ao mesmo tempo em que se cria algo único, próprio?

Ana Ribeiro: Pixel Ripped referencia vários jogos clássicos e o desafio é manter a IP. Referencia todos esses clássicos da indústria, mas, ao mesmo tempo, você tem uma personagem forte, Dot, e seu inimigo, o Cyblin Lord, além desse universo, o Farofa Land, o mundo onde vivem e plot de salvar o mundo, pois a Pixel Stone foi roubada. Então, mesmo a Dot referenciando todos esses heróis que cresci jogando, como Mario, Sonic ou Mega Man, ela tem sua personalidade, ela é uma heroína que tem uma narrativa, uma história. O que é único nesse jogo? Não só referenciar os clássicos, mas também inovar. Pixel Ripped é sobre trazer as pessoas nessa viagem do tempo, se sentir criança novamente, lembrar de memórias que gamers tem. Não podemos esquecer que o Pixel Ripped é isso, um jogo original com narrativa e personalidade.

A realidade virtual vem crescendo muito e ainda não chegou no pico
Ana Ribeiro, criadora de jogos em VR

START: No jogo anterior era a professora, agora é a mãe que tenta impedir de jogar videogame em Pixel Ripped. Qual seria o contexto do jogador num Pixel Ripped 2020?

Ana Ribeiro: Algo cômico que está acontecendo agora: diria que 2020 mudou totalmente a regra, virou tudo de ponta cabeça. Hoje, se a mãe vê o filho jogando videogame dentro de casa, diz graças a deus. Agora, com a pandemia, mudou totalmente. Se tivesse um Pixel Ripped 2020 seria o oposto: a mãe brigaria por você jogar fora, você quer sair de casa e a mãe quer que você fique em casa. Totalmente o oposto de 1995, que a mãe briga por você jogar videogame.

Pixel Ripped 995 - Divulgação - Divulgação
"Jogando a essa hora da noite?"
Imagem: Divulgação

START: De quando começou até hoje, como você enxerga a evolução da realidade virtual em videogames? Está mais acessível? Já houve o período do auge?

Ana Ribeiro: A realidade virtual vem crescendo muito e ainda não chegou no pico. Ainda estamos engatinhando. Quando começou a internet, ainda estávamos na fase de coberta. Sites ainda tentavam entender o que era. Ainda não tinha Google ou uma forma prática de utilizar. Ainda estamos naquele momento de conhecimento, de entender o que é. A indústria ainda cresce, aprende. Está mais acessível por conta do lançamento do Oculus Quest, com preço bem mais acessível. Ainda não foi lançado no Brasil, mas é um headset que, nos EUA e em outros lugares do mundo, tem aberto muito o público de realidade virtual, aumentado muito a indústria, principalmente por ser mais acessível no preço e por ser o primeiro console de realidade virtual, ou seja, você não precisa de um computador para jogar. Você tem um headset que não precisa de câmeras, elas já estão embutidas nele. É bem mais amigável. Mas eu não diria que chegamos no pico. Ainda estamos crescendo ainda, e vai crescer muito mais. Ainda mais agora com a pandemia e quarentena, que as pessoas realmente precisam de uma fuga da realidade.

Pixel Ripped é sobre trazer as pessoas nessa viagem do tempo, se sentir criança novamente, lembrar de memórias que gamers tem
Ana Ribeiro, criadora de jogos em VR

START: Quanto ao próximo Pixel Ripped, Seria 1999? Ou tem ideias para algum outro jogo?

Ana Ribeiro: Temos planejado 5 episódios do Pixel. Ainda temos três outros anos planejados: 1978, 1983 e 1999. Oficialmente, não compartilhamos qual será o próximo ano, então fica aí a surpresa!

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