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OPINIÃO

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Free Fire 4 Anos: por que carros de luxo viraram mania entre jogadores?

Colunista do UOL

06/08/2021 04h00

Quem acompanha os grandes influenciadores e pro players de Free Fire sabe: marcas como Porsche, Mustang, Range Rover, BMW e Lamborghini viraram parte da cultura dominante na comunidade. Assim como sempre ocorreu com jogadores de futebol, ter um carrão importado parece ter se tornado um símbolo universal de "cheguei no topo".

Na última terça-feira, em entrevista ao Combo Podcast, o jogador Ranger, bicampeão do CBLOL pela KaBuM! e recentemente desligado do Flamengo, até brincou com o fato. Lembrou que os estúdios da Riot (publisher de League of Legends) e da Garena (publisher de Free Fire) ficam lado a lado na zona oeste de São Paulo - e, enquanto os jogadores de LOL chegavam em vans, a galera do "Frifas" estacionava suas máquinas milionárias.

Existe, claro, uma cultura de ostentação. Mas o fenômeno vai além disso. Free Fire, em particular, é um celeiro de diversas histórias de superação. Por ser uma das modalidades de eSports mais democráticas, ele pode garantir a ascensão socioeconômica de muitos profissionais.

Para novos talentos, que se inspiram nos ídolos atuais, os carros são o símbolo mais concreto de que é possível, sim, dar a volta por cima em situações adversas - o Free Fire pode ser uma chave para isso.

Campeão mundial pelo Corinthians e atual jogador e dono do Fluxo, Nobru destoa do grupo - mas ainda assim é um exemplo dessas trajetórias similares. Ele nunca se importou em ostentar um carro de luxo, mas, pouco tempo após ganhar o planeta, no fim de 2019, presenteou a mãe com um veículo. É um outro simbolismo dessa ascensão.

Nobru - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Nobru com carro dado à mãe
Imagem: Reprodução/Instagram

Seria simplista ver os carros de luxo, no caso do Free Fire, como mero fruto de uma profissão que paga bem. A "cultura do luxo" é uma mensagem de incentivo. Um grito aos que sonham, dizendo "você também pode chegar lá".

O battle royale da Garena já escancarou diversos preconceitos na comunidade gamer. Mostrou como muitos "fãs" têm repulsa pelo simples fato de o jogo ser mais acessível e trazer para si um público muito mais diverso. Os carros de luxo dos pro players são também uma resposta à segregação e a tudo de mais tóxico que esse ecossistema pode carregar consigo. O Free Fire, como se pode ver, é muito mais do que um jogo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL