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OPINIÃO

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Por que o eSport de celular ainda não é fenômeno global?

Liga Brasileira de Free Fire tem a maior audiência entre os eSports no Brasil - Bruno Alvares e Jéssica Liar/Garena
Liga Brasileira de Free Fire tem a maior audiência entre os eSports no Brasil Imagem: Bruno Alvares e Jéssica Liar/Garena

Colunista do UOL

23/07/2021 04h00

No cenário competitivo, um dos maiores desafios para games mobile é conseguir se popularizar em múltiplas regiões do mundo. O Free Fire, por exemplo, é gigantesco no Brasil e no Sudeste Asiático, mas ainda precisa crescer nos EUA e na Europa, por exemplo. Por que isso é tão comum nos jogos para celular? E como reverter esse panorama?

A primeira grande explicação é socioeconômica. No Brasil, ter um computador ou um console, no Brasil, é um luxo muito maior do que ter um smartphone. A alta do dólar piorou ainda mais esse quadro. E abriu a brecha para os games mobile, que desempenharam um papel fundamental na democratização dos esportes eletrônicos. A praticidade do celular, com sua agilidade e suas múltiplas funções, também influencia muito.

É necessário também separar a experiência casual da profissional; e o jogador do espectador. Construir uma comunidade fidelizada de jogadores não necessariamente quer dizer que eles serão convertidos em fãs no cenário competitivo. O público brasileiro do Free Fire fez essa transição muito bem, mas em outros países, essa é uma questão mais complexa. O mesmo vale para "adaptações" de games grandes para o celular, como Call of Duty e PUBG - eles não trouxeram, necessariamente, os mesmos torcedores da versão tradicional do jogo.

Agora, estamos testemunhando um experimento que pode ser muito revelador: a tentativa da Riot de construir um cenário competitivo efervescente para Wild Rift. Se der certo, pode indicar quais são as "chaves do sucesso" para um jogo em dispositivos móveis finalmente se tornar global.

A empresa publicou um artigo essa semana que incluiu uma declaração muito reveladora sobre suas pretensões com essa adaptação de League of Legends aos celulares. Leo "Noharris" Faria, líder de eSports do MOBA, o colocou como um divisor de águas.

"Existe uma grande diferença em como os eSports para dispositivos móveis são vistos pelo mundo. Na maioria dos países asiáticos, são populares e estão entre as propriedades mais bem-sucedidas do ramo. Porém, pretendemos ir além disso e fazer com que Wild Rift seja o primeiro eSport para dispositivos móveis verdadeiramente global", afirmou o executivo. "Faremos isso investindo muito em regiões ocidentais, como nas Américas, na Europa e no Oriente Médio. Também levaremos nossos torneios globais para lugares do mundo que não são tão óbvios".

Ao cortar o "cordão umbilical" com League of Legends e buscar uma experiência inédita de jogar (e também de assistir às partidas no celular), Wild Rift pode impulsionar concorrentes a também se movimentarem nessa direção. A Garena já fez muito bem ao inaugurar a Booyah! como uma plataforma pensada nos fãs de Free Fire, mas é evidente que ainda há espaço para todas as publishers correrem atrás.

Uma visão a longo prazo por parte da produtora do game é positiva para todo o ecossistema: jogadores, espectadores, organizações... O mercado gira com muito mais segurança - em vez de focar na subsistência, ele pode buscar a evolução. O cenário mobile já é grande por si só, mas, globalmente, ainda tem muito o que crescer no competitivo.

Muitos vão dizer: "Ué, mas se tem mundial do jogo, ele não é global?". É claro que todos os games citados aqui possuem jogadores espalhados por diferentes continentes, mas isso não significa que eles são igualmente relevantes nesses respectivos locais. Existe uma seleção brasileira de beisebol, mas isso não significa que o esporte tenha a mesma grandeza aqui que nos EUA, por exemplo. Entender as particularidades regionais e uni-las em torno de um mesmo propósito é uma tarefa enorme - mas, no caso dos eSports, alcançável.

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