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Ricardo Feltrin

REPORTAGEM

Não é só Faustão: Ano eleitoral vai causar mais demissões nas TVs

O apresentador Fausto Silva causou demissões na Band - Reprodução / Band
O apresentador Fausto Silva causou demissões na Band Imagem: Reprodução / Band

Colunista do UOL

10/07/2022 00h09

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Na semana passada o site F5 publicou com exclusividade que o programa "Faustão na Band" demitiu 40 funcionários.

Ou seja, um terço das 120 pessoas que trabalham na produção do programa, que não deve ser mais diário em 2023.

O problema é que Faustão não será o único a ter cortes na carne dessa proporção, muito menos a Band. Todas as emissoras de TV estão se preparando para um ano dificílimo em termos de receitas publicitárias.

Motivo: horário eleitoral e ano eleitoral.

Não é só Faustão

O horário obrigatório elimina 50 minutos diários da programação dos canais, inclusive 25 deles em horário nobre, o mais valioso.

Isso significa quase uma hora diária a menos na programação, o que causará, ainda que temporariamente, "gordura" nos quadros.

Além disso, o horário eleitoral tem outro efeito perverso: também tira até quatro "breaks" comerciais das emissoras (dois de manhã, dois à noite).

Sim, porque a despeito do bilionário fundo partidário, ninguém paga às emissoras pelo espaço eleitoral.

As TVs só terão algum benefício no próximo ano, na hora de pagar o imposto de renda e outros tributos federais, quando obterão alguns descontos. Mas, repito, só no ano que vem.

Já o ano eleitoral afugenta anunciantes de forma generalizada, todos temerosos com o futuro do país.

E com razão. A campanha eleitoral promete ser a mais suja e violenta de todos os tempos. Todas as empresas estão pisando no freio, temendo o pior.

-30% em publicidade nas TVs

Fonte publicitária ouvida pela coluna estima que no segundo semestre é possível que ao menos 30% da publicidade "desapareça" das TVs. Mas, pode ser que seja ainda mais.

A Band foi apenas a primeira a se adequar: diminuiu o tamanho de seu maior e mais caro programa. Era até previsível esse ajuste.

Mas, Globo, Record e SBT também se preparam para encolher seus quadros de funcionários em 2022.

Com menos anúncios (inclusive os do governo federal), a RedeTV, por exemplo, já está buscando alternativas de receitas, como o aluguel de estúdios para grandes produtoras, como Netflix.

Notem por fim que não há nenhum grande lançamento de programação da TV aberta previsto para 2022.

Ou seja: empresas, agências de propaganda, TVs e brasileiros esperam para saber como estará o Brasil em janeiro de 2023. Oremos.

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