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'Swing de verdade é assim: goza gostoso e ainda rola aquela amizade bacana'

Quando o norte-americano Ernest Hemingway visitou Paris, escreveu que a capital francesa era um lugar onde as festas aconteciam constantemente e que seus impactos o marcariam para sempre.

A mais de nove mil quilômetros dali, uma festa mensal em outra Paris também impactou o casal Cunha, 41, e Micheliny, 38, que pela primeira vez experimentou o swing e saiu de lá com o casamento de sete anos cheio de tesão.

"Transamos ao lado de um casal. Deixamos ela gozar primeiro, saímos do quarto e, quando voltamos, gozamos também", descreve a técnica de informática, de 38 anos.

A dupla escolheu a Noite para Iniciantes do Paris Café Swing Clube, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, para apimentar a relação. Há 20 anos funcionando no último andar de uma boate de cinco lances de escada, a festa voltada para os debutantes no sexo liberal acontece uma vez por mês no local.

Esta é uma reportagem da série publicada pelo Aba Anônima contando o que rola nas casas de swing pelo Brasil.

"Piscina é uma putaria só"

O promoter Elias Pontes, 55, começou no mundo liberal há duas décadas, a convite de uma namorada. Conta ele que na época não conhecia casas de swing até falar para a parceira que queria fazer um ménage. A condição dela era que os dois transassem com homens e mulheres, sem tabus. E rolou num espaço que nem existe mais, na zona sul.

"Naquela época aconteciam mais festinhas organizadas por grupos de aplicativos como MSN", ele lembra.

No Carnaval de 2004, Elias teve a ideia de "juntar a fome com a vontade de comer" e passou a oferecer seus serviços de promoter em boates. E desde então produz os encontros de casais no local, com dia específico só para iniciantes:

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"Faço uma vez por mês para iniciantes e não permito nunca a entrada de solteiro. Aqui é apenas casal e solteira."

O espaço oferece duas grandes suítes no salão interno, que tem ainda um american bar e pole dance. Na área externa, um dark room. Mas as dependências são abertas somente após a 0h, quando rolam dois shows de strip - masculino e feminino. Até lá, as trocas são mais contidas, com mulheres subindo uma a saia da outra, beijos triplos e homens tocando os seios de suas companheiras.

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Imagem: Lucas Landau/UOL

Tem ainda um glory hole um andar abaixo e um deck com piscina. Fazia calor na noite em que a reportagem esteve no local, mas os casais preferiram sair de lá com a roupa seca. Elaine, 25, ameaçou pular algumas vezes na água. Parecia a mais empolgada da noite.

"Gosto de ir à piscina quando a noite está quente. Conforme as pessoas vão entrando nela, vira uma putaria só."

"Se acha que swing vai salvar o casamento, vai foder de vez"

Elaine e o namorado, Erick, 35, frequentam o swing há cinco anos, após ela manifestar o fetiche de ver o companheiro transando com outra pessoa. Desde então, dizem, toda semana escolhem um local diferente para satisfazer seus desejos. Na Paris, preferem a festa dos iniciantes. "Gostamos da individualidade dos casais", ela descreve.

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Naquela noite, Elaine beijou duas amigas que estavam na casa pela primeira vez, enquanto o companheiro apenas assistia de longe toda a pegação. Ela prefere interagir com mulheres iniciantes: "É mais fácil do que homem, porque eles são muito afoitos, já elas conversam mais. Algumas falam que não ficam com mulher, mas aí você elogia e o resto é maravilhoso."

O público é bem variado, entre os 18 e 70 anos. Como tem muito casal iniciando no meio, Elias explica uma a uma as regras da casa, que são basicamente respeitar a vontade alheia e não sair pegando em ninguém sem permissão. E combinar antes o que vai querer.

"Não podem esquecer que amanhã vocês ainda são um casal. Se acha que swing vai salvar o seu casamento, vai acabar de foder de vez. Agora, se é questão realmente de apimentar, beleza", avisa ele.

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Imagem: Lucas Landau/UOL

Cunha e Micheliny traçaram bem o que queriam antes de sair de casa. Ela conta que tinha preconceito contra o meio —enquanto o marido sempre manteve a mente aberta—, mas saiu gostando mais que o companheiro. "Resolvemos sair um pouco da rotina, cientes de que não precisamos fazer nada. E voltamos mais unidos. A libido aumentou mais ainda e queremos voltar", ela conta.

Frequentador do swing há oito anos, onde se conheceu, o casal M&G, de 39 e 35 anos, decreta: se um só vai pela vontade do outro, ninguém vai sair satisfeito.

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"O diálogo na hora do íntimo torna tudo muito fácil. Depois, é chegar no lugar, observar o que está acontecendo ao seu redor e interagir", a mulher ensina.

Na segunda visita à Paris Café, a dupla ficou até pelo menos as 2h apenas conversando e observando a movimentação. Quando um casal começou a transar no meio da boate, a dupla encontrou uma novata na companhia de amigos. Já eram quase 4h quando os cinco começaram a transar.

"Gozamos bastante e ainda trocamos contato. No swing de verdade é assim: você conhece gente diferente, se diverte, transa gostoso e no final ainda rola aquela amizade bacana que pode levar pra vida."

Paris Café Boate Clube

Aos sábados, de 22h às 4h
Esporadicamente às sextas, mesmo horário
Site: clubedaseducao.net
Instagram: pariscafe.swingclube

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