Turnês canceladas: produtoras e artistas se deixaram levar por alucinógeno

O repórter Rodrigo Ortega conversou com os apresentadores Leão Lobo e Dieguinho Schueng sobre a crise que vem se instaurando no mercado das apresentações musicais no Brasil. O cancelamento das turnês de Ivete Sangalo, 51, e Ludmilla, 29, é um dos sintomas mais gritantes desse quadro.

Ortega explicou que o investimento da produtora paulistana 30E em turnês monumentais - e por vezes megalomaníacas - contribuiu em muito para o panorama crítico atual. "A 30E começou a pagar muito caro pelas turnês de grandes artistas nacionais. Algumas foram até bem-sucedidas, como a dos Titãs - porque contou com uma formação [da banda] que não se via há décadas. Essa empresa ajudou a inflacionar o mercado, pagando muito caro e fazendo promessas de shows muito grandes - mas não necessariamente entregando a estrutura necessária [para que acontecessem]", relatou o repórter, no Splash Show.

Artistas como Ivete e Ludmilla voltaram atrás em seus planos de turnê por entenderem que o público não pagaria tão caro pelos ingressos, o que inevitavelmente levaria ao fracasso financeiro dos projetos. "Produtores experientes alegam que as artistas também caíram nessa euforia, quando poderiam ter se tocado de que não seria possível fazer coisas tão grandiosas. É como se os dois lados, tanto a produtora como as artistas, tivessem tomado o mesmo chá alucinógeno e achado que encheriam 30 estádios. Agora o mercado está caindo na real."

Hoje, entende-se que apenas eventos musicais com um caráter mais especial serão capazes de convencer os fãs a pagar muito por eles. "A expectativa hoje é de que só projetos realmente especiais vão render tanto. Por exemplo, a reunião de Sandy e Junior, antes da pandemia, foi algo especial. Outra turnê que rendeu muito bem foi a do NXZero, cujos integrantes estavam há um bom tempo separados e voltaram [a tocar juntos]. Esses casos têm uma coisa diferente, que justifique as pessoas pagarem R$ 700 por um ingresso e lotar o estádio."

Band produz MasterChef tão bem que descuida do resto

Dieguinho Schueng enalteceu as qualidades que a Band tem imprimido ao MasterChef ao longo de uma década de existência do formato. "O MasterChef é um dos programas mais lindos de se assistir na TV brasileira. É muito bem produzido tecnicamente, muito bem editado e muito bem formatado. A Band conseguiu entregar um nível de qualidade muito grande a esse produto, que já está há 10 anos no ar."

Leão Lobo concorda - mas lamenta, entretanto, que os demais programas da Band não sigam o mesmo padrão de qualidade. "Talvez a Band se esmere tanto em fazer o MasterChef que o resto da programação fique meio abandonado. [risos] Parece que toda a dedicação deles é para o MasterChef, [enquanto] todo o resto fica meio de qualquer jeito."

  • O programa Splash Show é exibido ao vivo de segunda a sexta-feira, às 13h, no canal de Splash no YouTube e na home do UOL, com as principais notícias do dia e comentários. Assista à íntegra:
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