Jornalista faz acusação de abusos na família ao vivo: 'Não aguentava mais'

O jornalista argentino Juan Pedro Aleart fez uma acusação de abuso sexual e contou sobre sua experiência com um pai abusivo no telejornal De 12 a 14, do canal 3 de Rosário, eltresTV, na quinta-feira (18).

O que aconteceu

No relato, dedicou quase 27 minutos para contar sobre a sua infância. O caso repercutiu e o apresentador foi procurado por outros canais para dar entrevista.

Na situação, declarou que esperava ajudar outras pessoas com a sua história: "Vocês me conhecem, trabalho na mídia há 18 anos. Contei muitas histórias e é a primeira vez que vou contar a minha própria história de vida. Tenho um desejo profundo de, através do que aconteceu comigo, ajudar muitas pessoas que estão passando por momentos difíceis e que estão passando ou passaram por uma situação semelhante à minha".

Ele contou sobre o afastamento do pai e a busca pela verdade: "Há cerca de uma década, tomei a decisão de me distanciar do meu pai e, gradualmente, do resto da minha família paterna. Havia coisas que não me agradavam, que me faziam mal, que me machucavam. Nunca desisti de buscar a verdade, do que estava acontecendo na minha casa, na minha família e dentro de mim. Tentei jogar luz na escuridão e fazer a verdade vir à tona . E foi isso que aconteceu".

Juan Pedro Aleart fez uma denúncia contra o pai: "No ano passado, denunciei meu pai por violência doméstica. Meu pai tem sido violento em todas as suas formas: física, psicológica e emocional. Ele aterrorizou todos os membros da minha família, inclusive eu. Meu pai, além de violento, abusou sexualmente da minha irmã desde os 3 anos de idade, sendo HIV positivo".

Isso causou gravíssimos problemas de saúde à minha irmã. Felizmente, ele não a infectou, mas sou testemunha de seus ataques de pânico, de ansiedade, insônia, queda de cabelo e perda de peso corporal. Sei que em diversas ocasiões ela pensou em tirar a própria vida, em decorrência de tudo que meu pai fez com ela.

O jornalista citou que convenceu a irmã a apresentar uma queixa-crime: "Cuidei dos honorários de seu advogado para que ele pudesse apresentar a queixa. Ele fez a denúncia, apresentou laudo psicológico e fui testemunha. Porque meu pai abusou sexualmente da minha irmã na minha frente quando eu era criança. Eles fizeram eu e meu irmão acreditarmos que minha irmã era exagerada, que era louca. Minha mãe foi vítima de tudo isso e cúmplice".

O apresentador revelou que o pai se suicidou após ser notificado da queixa criminal: "Não querendo enfrentar tudo o que fez, a atrocidade, decidiu tirar a sua vida. Decidiu suicidar-se. Descobrir isso foi uma notícia muito chocante, profundamente triste. Mas meu pai tomou essa decisão desde o momento em que decidiu abusar da própria filha, desde que ela tinha 3 anos, com HIV. Nas últimas mensagens nas redes sociais, ele fez o que sempre fez: tratou minha irmã como louca".

Ele ainda mandou um recado para a irmã no telejornal: "Quero te dizer, Sofi, que o filme de terror acabou. Que o monstro decidiu ir embora para sempre e nunca mais te machucar.

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No programa, confessou que também foi vítima de abuso: "Enquanto tudo isso acontecia na minha casa, com um pai violento e abusivo, uma mãe que era vítima e cúmplice, uma casa onde se naturalizavam o abuso e a violência, um tio em quem confiava, que cumpriu em muitas situações o papel de pai comigo, aproveitou-se do contexto de extrema vulnerabilidade em que me encontrava e abusou sexualmente de mim e do meu irmão a partir dos 6 anos (...). Denunciei tudo, mas numa casa como essa meus pais não fizeram nada".

Aleart denunciou o tio em 2022. "Para mim, fazer a denúncia foi muito difícil. Me animei a fazer, mesmo sendo uma figura pública, mas consegui. Há meses que estou, conscientemente, numa fase profunda de depressão. Vir aqui tem sido muito difícil, trabalhar com o noticiário com tudo isso dentro de mim", desabafou.

O jornalista explicou o motivo para expor seu caso na TV: "É por isso que eu quis começar o programa contando a vocês, não aguentava mais. Eu vinha aqui para trabalhar no carro chorando. Estava em uma crise de angústia profunda. Perdi o sentido da vida. Nessas condições, poderia ter perdido tudo: meu emprego, o amor da minha vida. Isso afetou seriamente minha vida íntima. Mas, hoje, estou mais forte do que nunca".

Por fim, Juan Pedro Aleart encorajou outros homens a denunciarem abusos sofridos: "É degradante, constrangedor. Sei que muitos não contaram às suas esposas, aos seus filhos, aos seus amigos, aos seus psicólogos. Quero lhe dizer que a única maneira de curar é usando palavras, falar sobre isso, denunciar. O silêncio é o melhor amigo dos abusadores. Vamos aprender com as mulheres que são corajosas e que denunciam".

Procure ajuda

Caso você tenha pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade.

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O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

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