Filha de Cabrini sobre o pai na guerra: 'Ele nunca prometeu voltar vivo'

O jornalismo corre nas veias de Gabriela Cabrini, 31, apresentadora do SBT e conhecida como Gaby Cabrini. Hoje no entretenimento, a notícia sempre esteve presente em sua casa, desde criança: ela é filha de Roberto Cabrini, 63, repórter especial da Record que está em Israel para cobrir a guerra.

Esta não é a primeira vez que o jornalista foi para uma área em conflito. Ele já esteve no Afeganistão, Ucrânia e em outros lugares.

As idas do pai a guerras era algo comum para Gaby quando criança e, em conversa exclusiva com Splash, conta que demorou para entender o perigo que Roberto corria. "Quando você é pequena, você não tem ideia do que está acontecendo, porque você tem seus pais como as pessoas em que você confia."

Ao ficar com mais idade, ela começou a perceber que o trabalho do jornalista não era o dos mais tranquilos, e ele nunca tentou esconder os riscos. "Ele sempre jogou limpo comigo, nunca fez uma promessa que não podia cumprir."

Ele nunca prometeu voltar vivo, por exemplo. Meu pai não entrava nessa questão, mas sim falava que estava indo trabalhar, cumprir sua missão e que me amava muito. Gaby Cabrini

A maneira como Roberto lidava em casa com seu trabalho fez Gaby entender a seriedade com que o assunto era tratado. "É interessante, porque até hoje ele diz: 'Nunca prometa o que você não pode cumprir, mas cumpra tudo o que prometer'. Agora adulta vejo o cuidado que ele teve com suas promessas e palavras. Enquanto fui crescendo, fui entendendo melhor o que é de fato uma guerra e os riscos que meu pai corria e hoje ainda corre."

A preocupação pela vida do genitor apareceu na vida da apresentadora com um importante aprendizado para ela: "Ele me fez entender muito cedo a importância de ser alguém imparcial e comprometido, reportando a verdade em meio a esses conflitos com tantos interesses ocultos. Em uma guerra, inocentes sempre sofrem e pagam preço de sangue. É muito triste, devastador."

Mesmo adulta e trabalhando com jornalismo, Gaby Cabrini conta não ter se acostumado com a visita do pai em áreas de guerra. "A sensação de 'eu já vi esse filme antes' está sempre atrelada às vezes que vem a notícia de que o papai está indo."

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Me pergunto: 'Por que eu ainda sinto frio na barriga, medo e insegurança?'. É simples: porque ele é o meu pai! É impossível acostumar com o risco de perder quem a gente ama!

Quando o repórter está trabalhando em lugares como Israel, Gaby tenta dosar o quanto de informações sobre a guerra ela consome. "Inevitavelmente o coração fica apertado enquanto ele está lá, jamais acharei normal ou irei me acostumar com uma guerra."

Roberto Cabrini visitou lugares devastados pela guerra em Israel
Roberto Cabrini visitou lugares devastados pela guerra em Israel Imagem: Divulgação/ TV Record

A filha até tenta convencer Roberto a deixar a profissão de lado e não embarcar para lugares em conflitos. No entanto, os pedidos nunca adiantaram. "Para a Ucrânia, eu briguei muito. Fiz até um grupo de WhatsApp com a família para ele não ir, mas no final entendemos a importância e a grandeza do seu trabalho."

Como não teve jeito, os familiares encontram maneiras de amenizar a aflição. "Diferentemente de anos atrás, quando não tínhamos tanta facilidade, hoje podemos nos falar todo dia. Antes, em coberturas passadas dele, era mais aflitivo: era uma ligação sem hora marcada da emissora dizendo como ele estava. Agora, a tecnologia trouxe esse conforto e acalento de poder dormir tendo notícias do meu pai."

Não me apego muito no tempo que ele demora para responder, é uma rotina puxada, tem fuso horário e sei que ele responderá quando der. Mas confesso que se ele ficar mais de um dia sem responder eu ficaria apavorada! Graças a Deus, nunca aconteceu e espero que não aconteça.

Gaby Cabrini é apresentadora do SBT
Gaby Cabrini é apresentadora do SBT Imagem: Reprodução/Instagram
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O medo se confunde com o sentimento de orgulho e, mesmo com o coração apertado, Gaby Cabrini fala sobre o Roberto como uma grande inspiração. "Hoje, mesmo fazendo entretenimento, tenho muito forte comigo aquilo que sempre vi no meu pai: ética, dedicação, humildade, entusiasmo e respeito pelas pessoas! Linhas jornalísticas diferentes, mas as bases são as mesmas."

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