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Campanha relâmpago: por que Silvio Santos não disputou eleições de 1989?

Campanha eleitoral de Silvio Santos, em 1989 - Reprodução
Campanha eleitoral de Silvio Santos, em 1989 Imagem: Reprodução

De Splash, em São Paulo

30/03/2023 04h00

A entrada de Silvio Santos, 91, na disputa pela presidência do Brasil em 1989 é um dos principais temas da segunda temporada da série "O Rei da TV" (Star+), ficção que conta a trajetória do apresentador.

A candidatura, oficializada em 31 de outubro, foi impugnada pelo TSE em 9 de novembro. A campanha eleitoral relâmpago do dono do SBT durou apenas dez dias.

Silvio tentou se candidatar pelo PFL (Partido da Frente Liberal) no lugar de Aureliano Chaves, mas só conseguiu se lançar candidato pelo desconhecido e hoje extinto PMB (Partido Municipalista Brasileiro).

Armando Corrêa, candidato do partido, renunciou duas semanas antes da disputa para ser substituído pelo apresentador. A situação rendeu uma curiosidade: para votar em Silvio, o eleitor precisaria marcar o nome de Corrêa nas cédulas usadas na época.

Veja o vídeo em que Silvio Santos explica como o eleitor precisaria fazer para votar nele. "A maior dificuldade minha é que o meu nome não aparece na cédula", se queixa no horário eleitoral da televisão.

A candidatura de Silvio Santos atingiu a preferência de cerca de 30% do eleitorado em pesquisas, diz o site oficial do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Fernando Collor de Mello (PRN), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Paulo Maluf (PDS) e Leonel Brizola (PDT) eram os principais concorrentes.

O que diz o TSE?

O TSE informa que foram realizados 18 pedidos de impugnação após o anúncio da candidatura de Silvio Santos na época. "Questionaram a legalidade da nova filiação partidária de Silvio Santos, a renúncia dos candidatos substituídos e a regularidade do registro do PMB".

Por sete votos a zero, o tribunal entendeu que "Silvio Santos era inelegível por ser, de fato, dirigente de uma rede televisiva de alcance nacional, conquanto não constasse formalmente como seu diretor, e por ser a empresa concessionária de serviço público".

A Procuradoria-Geral Eleitoral embasou seu parecer na inviabilidade da candidatura de Silvio Santos, com base no artigo 1º, II, d , da Lei Complementar nº 5/70, que estabelecia serem inelegíveis os candidatos a presidente que tivessem exercido, nos seis meses anteriores ao pleito, cargo ou função de direção, administração ou representação em empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público ou sujeitas a seu controle.

O TSE também identificou irregularidades no registro provisório do PMB, o que também impedia qualquer candidatura pela legenda.

O primeiro turno ocorreu no dia 15 de novembro. Fernando Collor de Mello foi eleito em 17 de dezembro após a disputa com o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O que mostra a série?

"O Rei da TV" vai além das reclamações de partidos políticos. A série ficcional mostrou o então presidente do Brasil, José Sarney, e Roberto Marinho, proprietário da Globo, interessados em atrapalhar os planos do dono do baú.

Na produção, Silvio Santos se preparava para participar de um debate antes de ser comunicado sobre a impugnação. A produção não explicou por qual motivo o TSE barrou a candidatura, mas mostrou um apresentador "despreocupado" com as regras do universo político.

Antes confiante de que se tornaria presidente, o empresário mostrará um lado "vingativo" ao tentar assumir a liderança de audiência na época — o posto pertencia à Globo. Para isso, pensará em formas de "modernizar" a programação do SBT.

O SBT e a família de Silvio Santos não vão se manifestar oficialmente sobre a série, informou a assessoria de imprensa da emissora em contato com a reportagem.

O Rei da TV - 2ª temporada

Estreia: 29 de março de 2023
Plataforma: Star+
Direção: Júlia Jordão e Marcus Baldini
Elenco: José Rubens Chachá e Mariano Mattos (Silvio Santos), Leona Cavalli (Íris Abravanel) Emílio de Mello (Stanislaw), Paulo Nigro (Gugu), Elisa Romero (Daniela Abravanel) e Barbara Maia (Patricia Abravanel).