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Do Pornhub ao OnlyFans: como plataformas de conteúdo adulto viraram negócio

"Pornhub: Sexo Milionário", documentário da Netflix, narra bastidores da indústria pornô e o crescimento da plataforma Pornhub - Divulgação/Netflix
'Pornhub: Sexo Milionário', documentário da Netflix, narra bastidores da indústria pornô e o crescimento da plataforma Pornhub Imagem: Divulgação/Netflix

De Splash, em São Paulo

16/03/2023 04h00

Falar sobre a venda de conteúdo erótico ou sexual na internet, hoje, é sinônimo de falar de OnlyFans. A plataforma de conteúdo por assinatura se popularizou com usuários que criam entretenimento adulto, de forma profissional ou amadora, e gira bilhões de dólares por ano.

Mas em uma internet povoada de plataformas de conteúdo com pornô gratuito, como o OnlyFans se tornou este lugar praticamente essencial para produtores (e consumidores) deste entretenimento?

Criado em 2016, o serviço com sede em Londres é citado no documentário "Pornhub: Sexo Milionário", lançado esta semana pela Netflix e dirigido por Suzanne Hillinger. O filme com pouco mais de 1h30min conta sobre o surgimento do Pornhub e sua influência na forma como se consome e produz pornografia na era virtual.

Ao possibilitar que criadores de conteúdo erótico alcançassem um público amplo de forma autônoma, a empresa canadense MindGeek, da qual o Pornhub é subsidiária, também se envolveu em alegações graves que giram em torno de disseminação de conteúdos violentos e não consensuais, que podem atravessar casos de estupro, tráfico sexual e crimes contra menores.

O documentário narra a guerra travada por determinados grupos para evitar que plataformas lucrem com conteúdos criminosos, oferecidos como entretenimento enquanto deveriam ser caso de polícia.

Neste sentido, a liberdade oferecida pelo Pornhub ao deixar que usuários façam upload de conteúdo de forma livre é apontada como um catalisador dessa monetização de vídeos publicados sem consentimento. O que se pede é maior moderação e controle sobre quais perfis podem disponibilizar vídeos no site.

O que o OnlyFans tem a ver com a história?

Um dos pontos é que algo que começou como uma caça a filmes ilegais terminou prejudicando profissionais que vendem conteúdo erótico propriamente dito. O argumento é que as exigências feitas para a moderação e controle de conteúdo do Pornhub, embora tenham boas intenções, se transformam em um cerceamento de artistas pornô que já foi visto em muitas formas ao longo das últimas décadas.

Por isso, o OnlyFans se tornou uma alternativa quando a monetização do Pornhub foi derrubada. Produtores de conteúdo que ganhavam dinheiro no site vendendo assinaturas de seus próprios canais, verificados, não conseguiam mais tirar seus lucros dali, e acabaram migrando para o OnlyFans como uma solução.

O boom da rede social também tem relação com outros fatores, catapultados pela pandemia de covid-19 e o aumento exponencial dos relacionamentos parassociais, que existem na forma de culto a famosos, celebridades ou influenciadores digitais.

O OnlyFans, estrategicamente, é uma espécie de canal de apoio para essas relações parassociais: de certa forma, é como alguns indivíduos podem se sentir notados pelas pessoas que admiram ou idolatram. Pagando um valor pré-determinado, é claro.

Crescimento pós-pandemia trouxe responsabilização

Em agosto de 2021, o então CEO do OnlyFans anunciou que a plataforma iria banir conteúdo sexual explícito, o que gerou uma onda de reações contrárias que fez não apenas a decisão ser revertida como o fundador Tim Stokey deixar o cargo, atualmente ocupado por Ami Gan — uma mulher de origem indiana.

Atualmente, o OnlyFans ganha dinheiro apenas com as assinaturas, e fica com 20% do valor arrecadado pelos usuários. Em entrevista à revista Time, Gan contou que a porcentagem pode até parecer alta, mas é necessária para que a companhia possa garantir a segurança e a moderação do conteúdo.

"Muitas pessoas não entendem que somos uma plataforma segura. É neste ponto que eu me esforço para ser uma líder, e também no sentido de construir uma plataforma inclusiva", contou Ami. "Tenho orgulho dos nossos criadores de conteúdo adulto assim como dos demais."

Para ela, há muitos elementos do que é o OnlyFans que a percepção pública entende de forma errada, sobretudo no que diz respeito a modelo de negócios e quem pode se tornar criador de conteúdo.

"Segurança é a base de todo o nosso negócio, o que é uma surpresa para muitas pessoas (...) Muitos não sabem disso, mas 50% das pessoas que se inscrevem são rejeitadas, porque pedimos muitas informações."

OnlyFans é um site popular na indústria do entretenimento adulto. Nele, as pessoas podem assinar fotos e vídeos de outros, seja famoso ou anonimo. Não há censura para imagens nuas. Ele foi lançado em 2016 no Reino Unido. No Brasil, a página conta com celebridades como Anitta, Raíssa Barbosa, Silva e Rita Cadillac.