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Repórter da Globo reencontra mulher que chorou de fome: 'Fome não espera'

A repórter Lívia Torres abraça a catadora Janete Evaristo um dia após ambas se emocionarem ao vivo na TV - Reprodução/ Instagram @livtorres
A repórter Lívia Torres abraça a catadora Janete Evaristo um dia após ambas se emocionarem ao vivo na TV Imagem: Reprodução/ Instagram @livtorres

De Splash, em São Paulo

23/06/2022 17h58Atualizada em 23/06/2022 17h58

A repórter Lívia Torres, da TV Globo, se reencontrou com Janete Evaristo, mulher que ela entrevistou ao vivo no telejornal "RJ1" na última terça-feira (21) e que chorou ao falar sobre as dificuldades para alimentar a família, já que está desempregada e sem fonte de renda estável. Lívia aproveitou para pedir ajuda à ONG que apoia Janete e outras mulheres da comunidade no Rio de Janeiro.

"Muita gente perguntou, quis saber da Dona Janete. [Na terça] Ficamos emocionadas, tanto ela quanto eu, a gente não esperava aquilo que aconteceu. Agora a gente está aqui, juntas. Dona Janete está fazendo cursos de especialização, aprendendo a pintar pano de prato", falou Lívia em vídeo publicado no Instagram na tarde de ontem.

A catadora de latinhas de alumínio estava na ONG (Organização Não Governamental) Anjos da Tia Stellinha. A repórter da Globo quis saber como ela estava se sentindo e Janete afirmou que estava muito bem. Lívia também quis saber o que ela mais quer após toda repercussão da participação dela no RJ1.

"[Quero] Ajudar meus netos, ajudar muito os meus netos, muito mesmo. [...] Hoje eu tô muito feliz. Agradeço a Deus, a [ONG] Anjos da Tia Stellinha e a vocês que me ajudaram", respondeu.

'Corrente de solidariedade'

Em outra publicação, Lívia Torres compartilhou com os seguidores um resumo da história de Janete Evaristo, que tem 57 anos e é moradora do Morro dos Macacos, na Vila Isabel, zona norte da capital Rio de Janeiro. Durante boa parte da vida, ela foi agredida pelo marido.

"[Ela] não teve a chance de aprender a ler ou escrever, foi agredida durante 36 anos pelo marido, que morreu no começo do ano. Também perdeu a filha que a ajudava há 2 anos. Janete cuida de 5 netos, mas tá desempregada e cata latinhas na luta para não passar fome", contou a repórter da Globo.

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Dona Janete estava na fila para receber marmita em inauguração de cozinha do "Prato Feito Carioca", da Prefeitura do Rio, quando chorou e emocionou repórter
Imagem: Reprodução/ TV Globo/ Globoplay

Lívia também disse que Janete não tem água em casa, vivendo em uma situação de pobreza extrema "que infelizmente é realidade em tantos lares esquecidos nesse país".

No RJ1 de ontem Janete também contou mais sobre sua realidade e se emocionou novamente. Mãe de quatro filhos, a que morreu há dois anos de lúpus é a mãe dos quatro netos que ela cria. "É triste, mas é essa a realidade da gente. Não tenho mesmo [...] e tenho receio de pedir aos outros. Dos outros falar não", afirmou.

"A parte 'boa' de contar essa história é ver a reação de tantos brasileiros. Uma corrente de solidariedade imensa pode fazer a vida dela mudar - e, quem sabe, de outras. Obrigada aos que acompanharam, se emocionaram e estão empenhados em ajudar. Ela tá feliz demais", afirmou a jornalista.

"Que outras 'Janetes' também deixem de ser invisíveis aos olhos do poder público e de todos nós, que tivemos melhores oportunidades na vida. A fome é como o tempo. Não espera. O prato vazio não pode ser retrato-símbolo de um país tão rico. Janete: mãe, avó, mulher. Que as lágrimas futuras sejam apenas de felicidade emocionada", desejou Lívia.

A repórter da Globo também deixou disponível o perfil da ONG que cuida de Janete e também ajuda outras mais de mil mulheres em situação de vulnerabilidade social. Eles estão no @anjosdatiastellinha.