Rafinha Bastos rejeita culpa por eleição de Bolsonaro: 'Nunca votaria'
Rafinha Bastos não troca a chance de dizer o que pensa pela tranquilidade de não se envolver em polêmicas. Com uma carreira marcada por declarações controversas e processos na Justiça, o comediante sabe tudo que enfrentou em prol da sua verdade.
Eu só perco. O Brasil não aceita quem fala. Não consigo segurar a língua. Este não sou eu. As pessoas não têm coragem de falar abertamente por medo do cancelamento e eu entendo. Você perde demais: dinheiro, influência, seguidores.
Rafinha Bastos
Em papo com Splash, Rafinha fala sobre o temido fantasma do cancelamento que assombra as celebridades e ainda avalia o atual cenário político nacional em um ano conturbado de eleições.
Culpa por Bolsonaro?
Durante seu período a frente da bancada do "CQC" na Band, Rafinha teve Jair Bolsonaro (PL), na época ainda deputado, como um dos personagens mais frequentes do programa. Mas o humorista não acha que tenha culpa pela eleição como presidente.
Nunca obriguei ninguém a votar no Bolsonaro. O programa não fez campanha política. Se o povo é ignorante, a culpa não é minha. As escolhas quem faz é o próprio povo.
"O que as pessoas não podem apontar é que ele ficou louco do dia para noite. O público se identifica com esse discurso e a culpa é minha que conversei com ele? Talvez a culpa pela exposição sim, mas a culpa pelo voto não. Nunca votei e nunca votaria [no Bolsonaro]", continua Rafinha.
Depois de quatro anos conturbados pela pandemia e a crise econômica gerada a partir dela, Rafinha entende que Lula seja apontado como o favorito a ser eleito presidente pela terceira vez, mas admite que não é este seu cenário ideal.
"É um momento que a gente está buscando figuras mais empáticas. Naturalmente, a gente cai na figura do Lula. Por todas as críticas e escândalos de corrupção, é uma figura que o povo sempre identificou como um cara que pensa no povo. Acho importante essa busca por uma figura de esquerda", analisa.
"Se eu tivesse que escolher, não escolheria o Lula depois de tudo que vivemos. Mas o processo político é esse. A gente rejeita aquilo que a gente acabou de viver. O Brasil rejeitou o Lula e agora rejeita o Bolsonaro", conclui.
Cancelamento
Rafinha sabe o que é ser cancelado antes mesmo que o termo virasse moda nas redes sociais. Suas polêmicas lhe renderam processos, perdas e um estigma que até hoje ele precisa lutar para afastar.
Diante dos recentes casos envolvendo Monark, ex-apresentador do podcast "Flow", que perdeu seu lugar na atração e o patrocínio que recebia após defender que é a favor da liberdade irrestrita, a ponto de aceitar a criação de um partido nazista no Brasil; e Fábio Porchat, bombardeado nas redes sociais por uma cena envolvendo pedofilia de um filme de 2017 de Danilo Gentili, Rafinha é direto.
"São patéticos, tanto o caso do Monark quanto do Danilo e do Porchat. É uma pressão econômica. Ninguém parou para ver direito as coisas. Tudo é descontextualizado", lamenta.
O humorista tem consciência de que seu jeito "sincerão" lhe custou mais oportunidades e possibilidades. Mas não mudaria nada em sua trajetória.
"A quantidade de gente ruim que eu conheci na TV e são amados pelo público e pela família brasileira... As pessoas querem o Celso Portiolli. É um tiozão do bem. O que ele pensa da vida? O que ele pensa da política? Ele não se mete nisso. Ele é inteligente ou eu que sou mais inteligente por me colocar nesses lugares?", questiona.
Se eu tivesse jogado o joguinho de 'Desculpa, Wanessa, eu também sou pai de família, sei como isso pode ter te ofendido' seria muito fácil. Estaria cheio de patrocínio nas costas, igual o Marco Luque, comentarista de evento da Globo
"Você é obrigado a mentir. Ir à público e pedir desculpa por algo que você nem acha que fez errado. Mas é o jogo que você tem que jogar. E que eu não fiz parte, mas que me prejudicou muito", completa Rafinha.
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