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Rafinha Bastos se apresenta em clube de Chris Rock e rejeita TV: 'morrendo'

Daniel Palomares

De Splash, em São Paulo

04/04/2022 04h00

Há cinco anos longe da televisão, Rafinha Bastos voltou às origens em busca de novos desafios. Vivendo atualmente em Nova York, o comediante é uma das atrações regulares de stand-up do Comedy Cellar, tradicional clube de comédia, onde se apresenta no mesmo palco de lendas como Dave Chapelle, Aziz Ansari e Chris Rock.

Senti que tinha feito tudo que eu queria fazer [no Brasil]. Queria me desafiar junto dos caras que mais admiro. Hoje, cruzo com eles com certa frequência. É louco.

Rafinha Bastos

Em papo com Splash diretamente de seu apartamento na Big Apple, Rafinha conta mais sobre sua vida nos Estados Unidos e a saudade que sente da família no Brasil, além de analisar o atual cenário da TV no país.

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Rafinha Bastos se apresenta no mesmo clube de comédia que Chris Rock, Aziz Ansari e Dave Chapelle
Imagem: Instagram

Morte da telinha?

Rafinha teve seu primeiro contato com o stand-up quando estudou nos EUA ainda na década de 1990. Em 2000, de volta ao Brasil e já investindo no humor na internet, queria alçar voos maiores indo para a televisão.

O sucesso e reconhecimento vieram em 2008, quando passou a integrar a bancada do "CQC" na Band. Dali em diante, foram quase dez anos apostando em novos projetos para a TV, até o momento em que a remota ideia de retornar à telinha seja impensável.

"A televisão está morrendo. É muito instável. Você abaixa a cabeça e trabalha para o programa. Quero ter controle do que faço. Realmente não me vejo [voltando para a TV]", admite Rafinha.

"Tem um projeto de reformulação [na TV] que é natural. Vai virar só programa esportivo, notícia e novela. É comum ouvir gente dizendo que o filho não vê mais TV", pondera.

Quando fui para a TV, não podia não aproveitar a oportunidade. Fiz muita coisa que não tinha vontade porque eram apostas importantes. Depois de ter batalhado muito para conseguir sucesso e uma tranquilidade financeira, hoje curto muito o fato de simplesmente estar fazendo. Aprendi a dizer não.

Novas oportunidades

Além do stand-up, Rafinha se dedica ao seu canal no YouTube. Em 2013, estreou seu programa de entrevistas, "Oito Minutos", que hoje se transformou no "Mais que 8 minutos". São quase três milhões de inscritos e uma garantia que ele não conhecia antes.

"É muito legal ver o dinheiro saindo da TV para a internet. Eu hoje ganho um dinheiro que eu não ganhava na TV, fazendo dois programas. O público agora está ali", pontua.

No apartamento de Nova York, Rafinha já tem um cenário montado para gravar para o canal mesmo distante do Brasil. Apesar de vir ao país com frequência, especialmente para ver o filho, Tom, se fixar novamente por aqui não está nos planos.

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Rafinha Bastos e o filho, Tom
Imagem: Instagram

"Vou, passo uns 20 dias com meu filho, ele vem para cá também. Ele ainda precisa muito da minha presença, é a parte mais difícil da distância", avalia.

"Consegui muitas coisas legais aqui muito rápido. É uma oportunidade que não posso desperdiçar. Eu tenho essas conversas com a minha mulher, com a mãe do meu filho, com o meu próprio filho. Ficar longe da família é duro, ele sente muita saudade. Mas eu tenho 45 anos, não posso fazer isso com 55", diz Rafinha.

Ninguém sabe quem eu sou, é uma vida nova. Sou latino, estrangeiro, em um país novo. Tenho uma perspectiva da cultura americana que eles não têm porque estão inseridos nela. Recomecei minha carreira aos 44 anos dentro de algo que já sei fazer. Estou vivendo um sonho.