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Nazismo, 'bêbado', saída e justificativa: a semana conturbada de Monark

Monark - Reprodução
Monark Imagem: Reprodução

De Splash, em São Paulo

14/02/2022 04h00

A suposta apologia ao nazismo feita por Bruno Aiub, conhecido como Monark no "Flow Podcast", movimentou as redes sociais na semana passada. O agora ex-apresentador até tentou justificar a fala dizendo estar "alcoolizado", mas a explicação não foi aceita.

Em dois dias, Monark foi criticado, saiu do programa e removido da sociedade do Flow.

Veja como tudo se desencadeou:

Declaração sobre o nazismo

Na segunda-feira, (7), durante entrevista com os deputados federais Kim Kataguiri (DEM) e Tabata Amaral (PSB), Monark defendeu a criação de um partido nazista no Brasil que fosse reconhecido por lei.

"A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião [...] Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei", disse o influenciador.

O podcaster foi rebatido por Tabata, que afirmou que o nazismo coloca a população judaica em risco. "Liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca em risco coloca a vida do outro. O nazismo é contra a população judaica e isso coloca uma população inteira em risco", comentou a parlamentar.

"As pessoas não têm o direito de ser idiotas?", questionou o apresentador.

No Brasil, é considerado crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação do nazismo, conforme o artigo 1º da Lei 7.716/89. Caso seja caracterizado o ato de divulgar ou comercializar materiais com ideologia nazista, a pena pode variar entre um a três anos de prisão e multa.

Críticas e "explicação"

O trecho com apologia ao nazismo logo foi parar nos assuntos mais comentados do Twitter, com enorme repercussão negativa. Na terça-feira, Monark publicou um vídeo pedindo desculpas — disse estar bêbado no momento do podcast.

"Eu errei, a verdade é essa. Eu tava muito bêbado e fui defender uma ideia que acontece em outros lugares do mundo, nos Estados Unidos, por exemplo, mas eu fui defender essa ideia de um jeito muito burro, eu estava bêbado, eu falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica. Peço perdão pela minha insensibilidade", disse.

O podcaster ainda pediu compreensão.

"Mas eu peço também um pouco de compreensão, são quatro horas de conversa, a gente já tava bêbado. Fui insensível sim, errei na forma com que eu me expressei, dá a entender que estou defendendo coisas abomináveis, é uma m...errei pra c...eu peço compreensão aí de vocês mesmo e peço desculpas a toda comunidade judaica".

Perda de patrocinadores e convidados pedindo remoção de entrevistas

Como publicado pelo colunista de Splash Fefito, patrocinadores começaram a abandonar o programa após pressão popular.

Entre as marcas que retiraram patrocínios estão o cartão de benefícios Flash e a FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), que havia firmado contrato para o Flow transmitir o Campeonato Carioca. O mesmo ocorreu com SportsBet, Fatal Model e Phillip Mead Store.

Mais de 30 pessoas que já haviam ido ao programa solicitaram que suas entrevistas fossem removidas do canal. Foi o caso de Dan Stulbach, Tico Santa Cruz, Gabriela Prioli, Benjamin Back, Lucas Silveira, MV Bill, João Gordo e Diogo Defante.

Desligamento e perda de sociedade

Ao fim da tarde de terça-feira, a Estúdios Flow, responsável pelo Flow Podcast, anunciou o desligamento de Monark.

Ao longo da nossa história, tratamos de temas sensíveis buscando promover conversas abertas sobre assuntos relevantes para a nossa sociedade, sem preconceitos ou ideias preconcebidas, pelo que acreditamos e defendemos. Reforçamos nosso comprometimento com a Democracia e Direitos Humanos, portanto, o episódio 545 foi retirado do ar. Comunicamos também a decisão que a partir de agora, o youtuber Bruno Aiub, o Monark, está desligado do Estúdios Flow. disse a produtora em nota

Monark aparecia como administrador da Flow Produção de Conteúdo Audiovisual LTDA, empresa responsável pelo podcast. O grupo tem como sócio a IB Holding de Participações LTDA.

Igor Coelho, um dos sócios e apresentador do Flow, confirmou em live, ao lado de Monark, que comprou a parte dele na sociedade.

"A gente tinha meio a meio. O que vai acontecer é que eu vou comprar a metade dele, até para ele ter uma... porque não acho que seja justo ele abrir mão de tudo isso", detalhou Igor.

A assessoria do Flow informou a Splash que os únicos sócios agora são Igor Rodrigues Coelho e Gianluca Santana Eugenio.

"Linchamento desumano"

Na quinta-feira (10), Monark voltou a falar sobre a polêmica e disse estar sofrendo um "linchamento desumano". Ele ainda tentou explicar novamente o que quis dizer.

"Eu posso ter errado na forma como eu me expressei, mas o que estão fazendo comigo é um linchamento desumano. Reitero que nunca apoiei a ideologia nazista e que a considero repugnante. A ideia defendida é que eu prefiro que o inimigo se revele do que fique nas sombras", escreveu o youtuber.

Apesar da repercussão ter sido maior desta vez, não é de hoje que Monark causa polêmica por uma conduta reprovável.

Ano passado, ele perguntou no Twitter se "ter uma opinião racista é crime" e ainda comparou homofobia com a escolha do indivíduo tomar um refrigerante.