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Lauana Prado fala de perrengue no Jalapão e apoio da namorada em novo álbum

Lauana Prado grava o seu novo disco, "Natural", no Estado onde cresceu, o Tocantins - Ricardo Brunini/Divulgação
Lauana Prado grava o seu novo disco, 'Natural', no Estado onde cresceu, o Tocantins Imagem: Ricardo Brunini/Divulgação

Renata Nogueira

De Splash, em São Paulo

01/10/2021 04h00Atualizada em 01/10/2021 19h00

Lauana Prado pegou a sofrência que nunca esteve em suas músicas e colocou no processo grandioso de produção de seu novo disco, "Natural", que foi todo gravado no Jalapão em um trabalho que ganha o primeiro de três volumes hoje, além da parte audiovisual.

A cantora, que cresceu no Tocantins, quis voltar à sua essência após o período sem shows e isolamento social. Sem público, e apenas com banda e equipe, ela se embrenhou no Parque Estadual do Jalapão e registrou um show em um dos cenários mais bonitos do Brasil.

Para captar as imagens do nascer do Sol, a equipe trabalhava todos os dias a partir da 1 hora da manhã. O show começava a ser gravado entre 4h30, 5h e só terminava às 11h. Tudo isso em um local com pouquíssima estrutura e regras rígidas de preservação ambiental.

"A gente viveu uma expedição"

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Lauana Prado montou um show no Parque Estadual do Jalapão, no Tocantins
Imagem: Ricardo Brunini/Divulgação

"Jalapão tem pouca estrutura, não tem um QG. A gente viveu uma expedição. Foi um trabalho bem árduo, desgastante fisicamente, mas ao mesmo tempo muito revigorante", relembra a cantora sobre a jornada de "Natural" .

"Era cada perrengue que a gente passava, mas a cada nascer do Sol, a cada gravação concluída era uma também uma sensação de tarefa cumprida. Todas as dificuldades que a gente enfrentou caem por terra no fim desse processo todo", conta Lauana Prado em entrevista à Splash.

O processo começou meses antes da expedição, em uma casa na Ilha da Gigóia, no Rio de Janeiro. Foi lá que Lauana Prado se isolou com outras mentes criativas para dar à luz suas novas músicas. A imersão resultou em 17 faixas, sete delas já liberadas nos serviços de streaming.

Foram três dias dentro de uma casa, confinados, trabalhando só nesse álbum. Levei dez compositores junto comigo para fazer a melhor sonoridade e construção da mensagem já pensando nessa conexão com o Tocantins. Lauana Prado

E a sofrência?

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Show foi gravado na madrugada para registrar o nascer do Sol no Jalapão
Imagem: Ricardo Brunini/Divulgação

Nascida no berço do sertanejo, em Goiás, Lauana Prado cresceu no Tocantins e ainda passou pelo Maranhão criando e espalhando sua arte. Todas essas referências refletem na sua música.

A primeira canção de trabalho do disco, " Zap", tem forte influência do forró e pisadinha, embora a cantora diga que está longe de querer só surfar no ritmo do momento. Para as próximas partes do disco, inclusive, ela promete uma pegada de pagode e reggae.

"Já carrego bastante essa pluralidade sonora. Mostro isso em todos os discos na minha carreira. Tenho muita influência de rock, forró, bachata, folk e o sertanejo convencional. Faz parte de mim como artista e como pessoa"

Já a sofrência, praticamente sinônimo do sertanejo moderno, passa longe das músicas de Lauana. Nada contra. Só não é a vibe dela.

"Eu defendo o amor. Esse sentimento de sofrência —por mais que as pessoas se identifiquem com ele— não é uma realidade minha. Eu gosto de falar de volta por cima, amores que dão certo."

Feliz, apaixonada e criativa

Desde julho do ano passado, Lauana Prado está namorando a influenciadora mineira Veronica Schulz. O apoio da namorada também foi essencial na construção de "Natural".

Achei uma mina, que mina de ouro, quando desce me fascina. Achei meu tesouro dentro daquela menina. Nenhum desses caras conseguiu chegar onde ela chegou. Trecho de "Mina de Ouro"

Na parte criativa, Lauana se sentiu inspirada com o romance. A música "Mina de Ouro", que mistura funk e sertanejo e tem participação de Dennis DJ, é um presente para Veronica e foi composta junto dela.

"Falando de mim como pessoa e artista me sinto mais criativa quando tudo está dando certo para mim. Não me conecto com sofrimento e tristeza. Sou muito mais produtiva quando estou em um relacionamento estável", confessa Lauana.

"A 'Mina de Ouro' faz parte da minha história com ela. Quando eu escrevi, ela estava do meu lado. Eu queria falar, dar voz a esse tipo de situação. Muitas mulheres hoje vivem isso. A 'Mina de Ouro' é a Verônica com certeza", resume.

Já na parte prática, a namorada da cantora também trabalhou —e muito! Como stylist, Veronica Schulz assina o sofisticado visual de Lauana, em um estilo rústico chique.

Uma bissexual no sertanejo

Trabalhando em um meio majoritariamente heterossexual, o sertanejo, Lauana Prado sente a responsabilidade de trazer a visibilidade também para as suas músicas e seu discurso. Discreta com sua vida pessoal, ela diz que já tinha namorado três mulheres antes de Veronica, assim como homens.

"Eu me rotulo como bissexual. Defendo essa visibilidade para além dos relacionamentos. Hoje eu estou muito feliz com a Verônica, mas já tive relacionamentos com homens. Não tenho uma restrição dentro da minha sexualidade, me sinto muito bem encaixada nesse lugar", explica a cantora.

Ela lembra também do preconceito que os bissexuais enfrentam de heterossexuais, que os taxam de "indecisos", e até mesmo dentro do meio LGBTQIA+. "Vai para além dessas caixinhas que as pessoas colocam. Temos que dar visibilidade, esses preconceitos precisam ser quebrados tanto no ambiente heterossexual quanto no meio LGBTQIA+."