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Rosalía: a paixão pelo Brasil e outros segredos da estrela anti-pop

A cantora Rosalía
A cantora Rosalía
CBS Photo Archive/CBS via Getty Images

De Splash, em São Paulo

15/09/2020 04h00

¡La Rosalía! É desse jeitinho que uma jovem espanhola de apenas 26 anos deixa sua marca em suas canções e domina o mundo, nadando contra a corrente do reggaeton e apresentando o flamenco às novas gerações. Enquanto prepara o material para o seu próximo disco, Rosalía conversou com Splash sobre seus sonhos, inspirações e o amor pela música brasileira.

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Sobre o tradicional (e dramático) gênero espanhol da qual se tornou uma porta-voz no mainstream, Rosalía tenta minimizar seu poder de difusão:

O flamenco se apresenta sozinho. Ele é poderoso. Sempre estou animada em compartilhar o flamenco com todos. Devo tudo a ele, e qualquer um pode se apaixonar.

E funcionou... Com seu segundo álbum, "El Mal Querer", de 2018, Rosalía arrebanhou uma legião de fãs e se tornou a primeira artista com catálogo inteiramente em espanhol indicada ao prêmio de Revelação no Grammy americano.

Mas engana-se quem pensa que ela está comprometida com as raízes da música espanhola. O próximo trabalho pode seguir por um novo caminho.

Neste ano, Rosalía lançou um novo single, "TKN", em parceria com Travis Scott. Ela também foi produzida por Pharrell Williams em suas novas músicas e se declara fã de nomes como Frank Ocean, Kendrick Lamar e o controverso Kanye West.

Tudo bem moderninho.

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Não sei o que pensam sobre o Kanye, mas eu adoro ele. Adoraria poder gravar com ele, mesmo que não fosse algo hip-hop!

Rosalía Grammy - Rachel Luna/FilmMagic - Rachel Luna/FilmMagic
Imagem: Rachel Luna/FilmMagic

Música brasileira

Apesar de nunca ter vindo ao Brasil para um show (e, agora, não poder vir tão cedo), Rosalía revela ter estudado mais sobre nossa música durante a faculdade —ela estudou produção musical e flamenco, e "El Mal Querer" foi seu TCC!

Estudei as progressões de acorde e harmonias da bossa nova, que são muito complexas. Caetano Veloso é um dos meus artistas favoritos no mundo. Eu o admiro tanto! Amo Tom Jobim, Gilberto Gil...

No Instagram, ela ainda segue estrelas como Anitta, Ludmilla e Pabllo Vittar, mas não revela se planeja parcerias com elas.

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Trabalho pessoal

Depois de estourar ao redor do mundo, Rosalía precisou se acostumar com a vida de celebridade e os mil e um compromissos. Com a pandemia, ela diminuiu o ritmo, mas ainda se adapta ao seu novo normal.

Meus dias são mais loucos. É difícil achar momentos para ir ao estúdio. Um músico gasta muito tempo trabalhando, mas precisamos achar espaço também para entrevistas e tudo mais. É complicado. Antes, eu andava na rua e nada acontecia. Agora é tudo diferente.

O status de superstar, porém, não se reflete no seu trabalho, que ainda busca referências da infância e da família para tomar forma.

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Quando faço música, penso em como deixá-la ainda mais pessoal. Tento repensar os elementos que estavam presentes na minha vida, na minha cultura. Minha avó costumava me levar na igreja, por exemplo

Amo gravar com diferentes pessoas e aprender com elas. Eu sou uma musicista e considero esse trabalho como qualquer outro. Não acho que ser uma artista é algo mais especial. Eu acordo cedo, estudo, passo horas no estúdio. Continuo aprendendo e estudando para ser melhor. Isso te mantém humilde

Isolamento produtivo

Rosalía está passando o período de isolamento social nos Estados Unidos, distante da família, na Espanha. Dividida entre Los Angeles e Miami, ela conseguiu ter a calma necessária depois de um ano agitado em 2019 para produzir seu próximo álbum.

Eu me senti sortuda por estar segura em casa, pois há tanta gente que não está. Usei esse tempo para refletir sobre tudo o que aconteceu na minha vida e como eu quero continuar. Pude preparar novas músicas sem a pressão do tempo

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O anti-pop

Mesmo inserida no cenário pop mundial, Rosalía rejeita a ideia de lançar um amontoado de singles só para vender mais.

Sou contra a ideia de uma coletânea de singles. Gosto de álbuns que tenham uma mesma paleta de cores, um tema principal. Penso dessa forma

Rosalía funciona quase como a antítese do pop em um momento no qual hits fáceis dominam plataformas como o TikTok e somem quase tão rápido quanto surgiram. Ela se lembra de um elogio curioso que recebeu do guitarrista espanhol, lenda do flamenco, Pepe Habichuela.

Ele me falou uma vez: Você parece uma velha'. Você é jovem, mas você canta como uma velha. Eu amei isso! Achei incrível! Uma das coisas que eu mais gosto no flamenco, além da paixão e da verdade, é que a idade é considerada algo incrível. As melhores cantoras são mais velhas. É o oposto do pop, onde é tudo sobre a juventude.

E as unhas?

Mesmo confinada, a cantora não perde a pose e chama atenção por suas longas unhas decoradas, sucesso no Instagram. Ela até já convidou o britânico Harry Styles para um momento de nail-art. Para ela, funciona como uma espécie de terapia.

Consigo fazer tudo com essas unhas! Minha maquiagem, amarrar cadarços? Você só tem que tomar cuidado para não se machucar. Adoro fazer as unhas com as minhas amigas e conversar com elas durante o processo. É um ritual.

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