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K-pop, que nada: grupos coreanos fazem sucesso tocando pagode e samba

O grupo coreano Tell a Tale, que toca clássicos do pagode
O grupo coreano Tell a Tale, que toca clássicos do pagode
Reprodução/Instagram

Colaboração para Splash, de Paraty

08/09/2020 09h38

Desde que o BTS reuniu mais de 40 mil fãs em São Paulo, ficou evidente que há uma legião de jovens brasileiros apaixonados pela música sul-coreana. Segundo o Spotify, o Brasil está entre os cinco países que mais ouvem k-pop no mundo. Mas o que pouca gente imaginava é que existe uma pequena (mas rica!) cena musical formada por sul-coreanos devotos do mais brasileiro dos ritmos, o samba.

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E a batucada dos nossos tantãs é representada em todas as suas vertentes, inclusive o pagode. Recentemente, as redes sociais deste lado do mundo repercutiram os vídeos do grupo sul-coreano Tell a Tale, com versões de Raça Negra e Diogo Nogueira.

Os brasileiros amaram tanto o domínio de nossos instrumentos, como o cavaquinho, quanto o esforço para cantar em português.

O gênero musical foi batizado de k-pagode

Já são 53 mil inscritos em seu canal e pouco mais de 1,7 milhão de visualizações —e nós somos os grandes responsáveis.

O trio formado por Jundo (34 anos, cavaquinho), Wontae (32 anos, voz) e Sebeen (20 anos, pandeiro) há dois anos comemora a audiência dos brasileiros. No entanto, a banda diz que não tem muita moral entre os compatriotas.

Não fazemos muitos shows. Poucas pessoas na Coreia do Sul conhecem e gostam de música do Brasil. Somos um conjunto iniciante, e esperamos nos apresentar mais na Coreia em breve. Muitos brasileiros escrevem que querem tocar conosco ou ver nosso show por aí, mas pela distância fica difícil

Grupo Tell a Tale, em entrevista ao Splash, por e-mail.

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Isso sem falar na pandemia, né?

Aqui no Brasil eles já arrebanharam fãs, que amam as versões de "Lancinho", da Turma do Pagode, e de "Deixa Acontecer", do Grupo Revelação.

Quando eu canto em português, minha pronúncia é ruim, eu sei. Então eu ouço cada música mais de cem vezes para me expressar melhor. Esse é o segredo.

Uma galera discorda, viu, Wontae:

Coreano passou Carnaval no Rio

O primeiro passo para o intercâmbio entre Brasil e Coreia do Sul já foi dado. Fã de Ferrugem, o pandeirista Sebeen esteve no Brasil durante o Carnaval deste ano. Ele tocou repique na bateria da escola de samba Paraíso do Tuiuti no Grupo Especial do Rio de Janeiro e é um dos mais empolgados em trazer seu grupo para uma turnê em terras brasileiras.

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Olhe a alegria deste homem!

Sebeen na Sapucaí - Divulgação - Divulgação
Sebeen, do grupo coreano de pagode Tell a Tale, no desfile da Paraíso do Tuiuti no Carnaval carioca
Imagem: Divulgação

Os integrantes do Tell a Tale contam que existem poucos grupos dedicados aos ritmos brasileiros na Coreia do Sul, também focados no samba ou na bossa nova. A cantora Bruna é uma delas. Embora com uma audiência significativamente mais modesta (1,5 mil inscritos e 85 mil visualizações), ela se dedica a clássicos do ritmo de João Gilberto, como "Pra Que Discutir Com Madame?"

Talvez o exemplo mais bem sucedido da paixão pela música brasileira em terras coreanas seja o bloco (sim, um bloco) RaPercussion, que conta com dezenas de integrantes e realiza anualmente um evento inspirado no Carnaval brasileiro nas ruas de Seoul.

A pegada deles é tocar samba, axé e pagode

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O RaPercussion existe há 12 anos e foi fundado pelo "mestre de bateria" Zion Luz, que descobriu a música brasileira, se apaixonou e resolveu cruzar o mundo para aprender tudo o que podia sobre música brasileira por aqui. Anos depois, ele retornou ao país junto com o grupo para participar de um programa de TV.

Ele, que cita Monobloco, Olodum e Timbalada como referências, relembra a visita:

A melhor parte foi poder assistir nossos músicos favoritos ao vivo. E também foi muito bom para comprar novos instrumentos

O músico explica que o grupo funcionou como uma espécie de influenciador dos ritmos brasileiros por lá. Muitos kpagodeiros foram formados tocando percussão no bloco.

O líder do bloco também revela o próximo trabalho do grupo sul-coreano, que pode ser o ingrediente que faltava para o k-pagode dominar de vez as paradas de sucesso no mundo:

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No momento, estamos trabalhando em um projeto que consiste em covers das canções mais famosas de k-pop em ritmo de samba

Dessa vez, será que pega?