Amado e odiado, Adam Sandler se mostra o rei do 'prazer culposo' na Netflix

Hoje, 31, estreia na Netflix a comédia "Mistério em Paris", continuação de um dos maiores sucessos da história da plataforma, "Mistério no Mediterrâneo". Estrelado por Adam Sandler e Jennifer Aniston, o filme é nada menos que o 11º de um lucrativo acordo do streaming com a Happy Madison, a produtora de Sandler.

Sim, a informação do parágrafo anterior pode ser uma benção para metade do público —enquanto os outros 50% devem ter revirado os olhos. A verdade é que poucos atores dividem os espectadores tanto quanto Adam Sandler. Tudo por conta de seu humor peculiar.

Seja como for, essa característica polarizante faz parte da mítica de quem ele é. Fora que, tirando um certo preconceito, não podemos dizer que toda a filmografia do astro é ruim: ele fez alguns ótimos longas-metragens, que merecem sim ser assistidos.

Em novo formato, a edição desta semana de Na Sua Tela faz esse trabalho de separar o joio do trigo - indicando produções que valem, sim, a sua atenção. É só descer até o final da coluna para conferir.

Agora, se nem assim você der uma chance para Adam Sandler, não se preocupe: há muitos outros filmes chegando no streaming e nos cinemas nesta semana. A seguir, você encontra uma curadoria desses títulos - incluindo "Tetris", que conta a maluca trajetória do famoso game; o controvertido terror de "O Urso do Pó Branco" e muito mais.

O que tem de novo nos streaming?

Mistério em Paris

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Onde? Netflix
O que tem de bom? Para muitos, Adam Sandler já é o motivo para assistir ao filme. Para outros, para fugir dele. Seja como for, para o bem ou para o mal, o astro está apagado neste novo longa da Netflix - é Jennifer Aniston quem rouba o show. O roteiro é uma continuação direta de "Mistério no Mediterrâneo", agora com o casal Nick e Audrey Spitz (Sandler e Aniston) criando a sua própria agência para solucionar crimes. Quando o negócio não está indo muito bem, o Marajá sobrevivente da aventura anterior (Adeel Akhtar) é sequestrado misteriosamente. Há apenas um fiapo de história, que fica de pé basicamente pelas piadas e, principalmente, pelas cenas de luta - todas muito boas. Pois é: em uma comédia de mistério, é a ação que salva o dia.

Tetris

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Onde? Apple TV+
O que tem de bom? Você provavelmente já jogou - ou ao menos ouviu falar - de Tetris, game que se tornou uma febre a partir do final dos anos 1980 e começo da década seguinte. O que talvez você não saiba é que o jogo foi criado em plena União Soviética durante a Guerra Fria, iniciando uma grande disputa para quem venceria a burocracia estatal soviética para conseguir os direitos de distribuição no mundo capitalista. "Tetris", o filme, é uma adaptação bem ficcional dessa trajetória, agregando uma camada de conflito (e de alguns preconceitos norte-americanos) para criar um suspense político que se desenrola pouco antes do fim do comunismo na Rússia. Com edição dinâmica, bem videogame, o diretor Jon S. Baird consegue criar uma tensão que explode no clímax da história. A isso, some-se uma ótima atuação de Taron Egerton (de "Rocketman") como Henk Rogers, o homem que apostou todas as suas fichas no negócio. Um bom entretenimento, afinal. Apenas fica a dica de assistir não ver como um retrato extremamente fiel daqueles fatos.

O que tem de novo nos cinemas?

O Urso do Pó Branco

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O que tem de bom? Um urso, sem querer, ingere uma grande quantidade de cocaína jogada de um avião por um atrapalhado traficante. Por mais surreal que seja, isso realmente aconteceu: foi em 1985, no Tennessee. Se na vida real o pobre animal não sobreviveu à overdose, na ficção o relato inspirou "O Urso do Pó Branco", dirigido por Elizabeth Banks (de "As Panteras", o de 2019). O filme é uma improvável mistura de comédia, terror e suspense, mostrando um grupo de pessoas que tenta sobreviver à fúria assassina de um urso-negro muito doido. Curtinho (com cerca de 1h30 de duração), rende umas risadas despretensiosas para quem gosta de humor ácido - e sangrento, incluindo membros decepados.

Sombras de Um Crime

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O que tem de bom? Sabe aquele filme noir no qual ocorre um crime e a femme fatale contrata um detetive para solucionar o mistério? Pois essa é a base de "Sombras de Um Crime", dirigido por Neil Jordan (de "Traídos pelo Desejo"). A diferença mesmo é que a produção busca apresentar o investigador Philip Marlowe, interpretado por Liam Neeson, como um protagonista capaz de carregar nas costas uma franquia com diversas continuações. No âmbito mercadológico, faz sentido. No prático, também: Neeson, que já disse que quer se aposentar dos longas de ação, encontra em Marlowe um personagem interessante, com camadas, e que exige muito menos do ator em termos físicos. Tudo isso embalado com uma boa direção e design de produção. Pena que faltou o principal: o roteiro. A história investe pesado nos clichês dos noirs sem conseguir tirar algo novo, nem envolver o espectador com o mistério apresentado. Uma pena.

Os Cinco Diabos

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O que tem de bom? Selecionado na Quinzena dos Realizadores do último Festival de Cannes, "Os Cinco Diabos" é um filme com duas histórias que correm em paralelo. De um lado temos um casal, Joanne (Adèle Exarchopoulos) e Jimmy (Moustapha Mbengu), que se vê obrigado a conviver com a irmã do marido, Vicky (Swala Emati), recentemente egressa da prisão. O problema é que os três possuem um passado complicado, em um relacionamento abalado por um crime. Ao mesmo tempo, a pequena filha de Joanne e Jimmy, Vicky (Sally Dramé), começa de alguma forma a viajar ao passado - e vai testemunhando os fatos que marcaram a relação dos pais e da tia, criando um paradoxo. Com elementos de sobrenatural (e até de ficção científica), essa produção francesa nos faz refletir sobre os erros, arrependimentos e tristezas da vida. Além dos cinemas, o longa-metragem chega ao streaming, via MUBI, em 12 de maio.

Amor e ódio por Adam Sandler

Ok, "Mistério em Paris" pode não ser o melhor ponto de partida para se avaliar a qualidade da filmografia de Adam Sandler. O filme simplesmente não é bom. Porém, algo é certo: será um sucesso.

O ator, nascido no bairro do Brooklyn, em Nova York, consegue movimentar as pessoas como poucos. Mesmo as suas piores atuações, em seus piores trabalhos, cativam uma grande parte do público. Afinal, cinema não é apenas arte refinada: é também um veículo popular de entretenimento - e Adam entende isso muito bem.

Esse fato leva a algo curioso: apesar da popularidade, os filmes de Sandler nunca foram campeões de bilheteria: mesmo quando são negócios lucrativos, não levam multidões aos cinemas. É quase que como se as pessoas tivessem vergonha de serem vistas na fila da sessão, ou talvez o público dele realmente não esteja na tela grande.

Acontece que essas mesmas produções são sucesso em outras janelas de distribuição, principalmente na televisão. Vai ver que o humor do ator e produtor funciona melhor nesse formato. Pode ser também o fenômeno que os americanos chamam de "guilty pleasure", o prazer culposo - quando gostamos de algo que não é tido em alta conta, o que pode resultar em uma vergonha ou embaraço ao admitir essa predileção em público.

Seja como for, a grande audiência garantiu para Adam Sandler um lucrativo acordo com a Netflix. Contando com "Mistério em Paris", já são 11 longas-metragens desde 2015, além de um especial de humor. Tudo pelo prazer culposo.

Ainda assim, é preciso dar o braço a torcer: nem toda a filmografia do astro é um desastre em termos criativos ou até artísticos. Eventualmente há roteiros que se encaixam como uma luva no perfil do ator, ou ainda que tiram o seu melhor.

Quer um exemplo? "Joias Brutas", por mais que seja difícil de assistir e tenha uma câmera extremamente nervosa, entrega um Sandler primoroso em cena, em uma atuação fora da zona de conforto. Sem mencionar que é notável como a tensão cresce com o desenrolar da história.

Já "Arremessando Alto" é ótimo porque sabe usar o humor de Sandler de forma pontual para construir um relato sobre esporte e segundas chances. O mesmo podemos dizer sobre "Reine Sobre Mim", um dos mais emotivos títulos da filmografia do ator - no qual ele interpreta um homem que perdeu a esposa e as filhas nos ataques de 11 de setembro. Para rir e chorar, tudo ao mesmo tempo.

Em "Embriagado de Amor", Sandler vive um homem solitário e tímido que finalmente se apaixona - o que é o ponto de partida para uma série de confusões divertidas.

Agora, mesmo quando o norte-americano apresenta a mesma expressão e as piadas de sempre, um bom roteiro ajuda a construir produções memoráveis. É o caso de "Click", que faz qualquer um repensar sobre a vida. Também funciona bem nas comédias românticas "Esposa de Mentirinha" e "Como Se Fosse a Primeira Vez", que são aqueles "filmes confortáveis" para dar risada e aquecer o coração.

A seguir, você encontra a curadoria com esses e outros longas-metragens para você conferir no streaming - incluindo onde estão disponíveis.

Bons filmes de Adam Sandler para você assistir online

Clique nos nomes das plataformas de sua preferência para acessar.

Arremessando Alto
Onde: Netflix

Joias Brutas
Onde: Netflix

Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe
Onde: Netflix

Embriagado de Amor
Onde: HBO Max

Reine Sobre Mim
Onde: HBO Max

Click
Onde: UOL Play, Netflix, Star+, Paramount+, HBO Max

Mistério no Mediterrâneo
Onde: Netflix

Esposa de Mentirinha
Onde: Netflix, HBO Max, Star+

Como se Fosse a Primeira Vez
Onde: Paramount+

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