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Mundo cão: Jovem Pan apela ao exibir cena de estupro sem tarja ou desfoque

Giovanni Quintella, anestesista preso por estupro, no Rio - Divulgação / Redes Sociais
Giovanni Quintella, anestesista preso por estupro, no Rio Imagem: Divulgação / Redes Sociais

Colunista do UOL

12/07/2022 12h28

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Por mais duras que sejam as notícias, o jornalismo tem como missão reportá-las. Nada justifica, no entanto, que o teor do que é exibido não passe pelo mínimo crivo de uma direção que aponte como determinados conteúdos, se explicitados, afetarão ao espectador. É exatamente o que parece ter faltado na Jovem Pan, que, na última segunda-feira (11), exibiu, sem tarjas ou filtros uma cena de estupro em sua programação, durante o "Jornal Jovem Pan", por volta das 20h30.

Ao exibir reportagem sobre o caso do médico anestesista que abusou de uma mulher durante uma cesariana, a emissora optou por exibir as imagens na íntegra, sem qualquer tipo de sensibilidade. Outros canais chegaram a mostrar trechos da cena, mas com desfoque. Neste caso específico, é absolutamente injustificável que o jornalismo se aproveite de um crime tão bárbaro para explorar audiência - que, vamos combinar, não anda lá essas coisas.

Nos bastidores, o argumento é que houve ordem direta de uma produtora executiva, recém-saída da equipe do "Cidade Alerta". Ocorre que essa escolha pelo mundo cão, pela audiência a qualquer custo, só prejudica uma equipe que deveria fazer jornalismo com o mínimo de sensibilidade.

A bem da verdade, a repetição desta cena à exaustão por telejornais, ainda que sob filtros ou tarjas, pode ser um grande gatilho para quem assiste. Dá para noticiar sem ser tão explícito. É preciso haver o mínimo de respeito pela vítima e pelos espectadores.