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Chico Barney

OPINIÃO

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A era de ouro dos realities no Brasil acabou e agora é ladeira abaixo

Galisteu, Tadeu e Mariana: a classe de 2023 dos realities - Montagem/Reprodução/Na Telinha
Galisteu, Tadeu e Mariana: a classe de 2023 dos realities Imagem: Montagem/Reprodução/Na Telinha

Colunista do UOL

13/06/2023 14h47

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Ontem me peguei pensando a respeito do relacionamento entre duas pessoas que você provavelmente não conhece, Murilo e Vic. Ele é oriundo do programa Soltos em Floripa, do Prime Video. Ela, do Brincando com o Fogo, da Netflix. Ambos se encontraram em A Grande Conquista, da Record.

O fato de ela namorar não foi um impeditivo para que a paixão aflorasse. Por mim, tudo bem. Apesar de tudo acontecer para o escrutínio popular, cheguei às seguintes conclusões: não tenho nada a ver com isso, e provavelmente a era de ouro dos realities no Brasil chegou ao seu ocaso. Não por causa desse casal pouco carismático, mas talvez eles sirvam como demonstração.

Durante os difíceis anos de 2020 e 2021, o gênero reality show atingiu seu pico no Brasil. Edições históricas de seus formatos mais consagrados, o BBB e A Fazenda, além da abertura para outros estilos nas plataformas de streaming.

Participantes carismáticos, figuras excêntricas, novidades nas dinâmicas e uma incomparável adesão do público por intermédio das redes sociais. Mas é difícil imaginar que as coisas voltem a ter a mesma proporção de outrora.

O BBB 20 já era um sucesso incontornável no meio de março, quando a pandemia motivou medidas de afastamento social que fizeram os números de televisores ligados dispararem. Mas ganhou outra proporção durante aquele derradeiro mês.

A situação absolutamente anormal na qual estávamos todos inseridos fez com que o nível de atenção e dedicação aos realities atingisse níveis inéditos. E não éramos apenas os telespectadores sob esse efeito: os participantes e as equipes de produção também operavam sob um estado psicológico de exceção.

Precisaremos de analistas melhores que eu para entender os efeitos da pandemia na psique humana. Mas a impressão que eu tenho é que desde 2022 intensificou-se um processo de transformar os realities num pastiche do que tivemos acesso na TV em 2020 e 2021.

Tanto os participantes quanto os produtores responsáveis tentam emular uma catarse que simplesmente não virá mais. Vemos isso na repetição de perfis e mesmo na falta de imaginação para novos quadros. E os fãs aqui fora também tentam recapturar um ar fresco da novidade que já se esvaiu há tempo.

O melhor seria buscar uma adequação para a nova realidade, enquanto ainda estamos sob a ressaca de todo o trauma e buscando outros meios de entretenimento. Enquanto isso não ocorre, a impressão é que a era de ouro dos realities na TV brasileira chegou ao fim.

E se não houver uma reinvenção alinhada ao contexto atual, seguiremos ladeira abaixo nos quesitos entretenimento, audiência e relevância, como ilustra bem o casal Murilo e Vic.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.