China tem réplicas de Paris, Londres e mais cidades; veja as comparações
Nos últimos quase 25 anos, a China investiu pesado em projetos de infraestrutura e moradia, graças ao crescimento de sua população e do movimento de urbanização que inchou suas megalópoles. Para lucrar não só com turismo, mas com o interesse das classes mais altas no estilo de vida estrangeiro, surgiram as cidades-réplicas: cópias de paisagens famosas do Ocidente que estavam ali perto de casa mesmo — e procuravam novos moradores.
Entre os destinos que inspiraram os vilarejos chineses estão Nova York, nos EUA; Florença, na Itália; Londres, no Reino Unido e Paris, na França. Conheça as versões chinesas e suas respectivas originais:
1. Florentia Village, subúrbio de Tianjin
Inspiração: Florença, na Itália
Localizada perto do porto, o "vilarejo florentino" é, na verdade, um enorme outlet temático com as proporções de uma cidade. Ela possui fontes, canais, mosaicos e lojas tradicionais da bota, como a Gucci e a Prada. Todo o projeto também foi assinado por arquitetos italianos — uma chancela extra de autenticidade à experiência.
A original:
2. Hallstatt, província de Guangdong
Inspiração: Hallstatt, na Áustria
Os chineses têm algum fascínio com os vilarejos alpinos europeus — o que pode-se conferir de perto em Hallstatt. Até o nome da cidade austríaca à beira de um lago, reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), foi mantido.
Segundo a agência Reuters, a China gastou US$ 940 milhões (o equivalente hoje a quase R$ 5 bilhões, sem levar em consideração a correção monetária), para copiar Hallstatt.
A original:
3. Tianducheng, subúrbio de Xangai
Inspiração: Paris, na França
A poucas horas de Xangai, é possível encontrar uma versão de Paris: Tianducheng, que possui até sua própria Torre Eiffel, uma "miniatura" de cerca de 108 metros de altura. (A francesa tem 330 metros até a ponta de sua antena). Apesar de ser totalmente funcional, com prédios que imitam a arquitetura tradicional haussmanniana da Cidade Luz como mostrou esta reportagem em Nossa, a área em Hangzhou é praticamente fantasma — com poucos moradores.
A original:
4. Oveseas Chinese Town East (OCT), próxima a Hong Kong
Inspiração: Interlaken, na Suíça
O intuito da OCT não era bem o de servir como cidade, mas como uma zona temática de ecoturismo. Segundo o Business Insider, a área possui uma série de parques temáticos como o "Knight Valley", "Tea Stream Valley" e "Wind Valley". Mas o que acaba impressionando mesmo é seu lago artificial e as construções em estilo alpino que imitam a pacata Interlaken, na Suíça.
A original:
5. Yugiapu Financial District, antigo vilarejo de pescadores de Tianjin
Inspiração: Manhattan, Nova York, nos EUA
O antigo vilarejo de pescadores foi destruído para erguer esta cópia do distrito nova-iorquino de Manhattan como centro financeiro da região. O projeto original, de acordo com informações do Insider e do jornal The New York Times, era ter uma filial da Juilliard School (prestigiada escola de artes da Big Apple) além de réplicas do Rockefeller Center e do Lincoln Center.
O projeto deveria ter sido finalizado em 2019, mas foi paralizado e até hoje não se completou, seguindo vazio em sua maior parte.
A original:
6. Tonghui Town International Bar Street, Pequim
Inspiração: A suíça Interlaken e outros vilarejos bavários e alpinos
Interlaken é mesmo um hit com os chineses — ela não inspirou apenas a OCT, mas também a rua Tonghui Town de Pequim, com bares e restaurantes que lembram a cidade suíça, além de outros destinos na Bavária. Este é outro projeto que não foi para frente e hoje vive deserto.
A original:
7. Thames Town, distrito de Songjiang
Inspiração: Chester, Londres, Lyme, Bristol e mais cidades na Inglaterra
Thames Town é uma das cópias mais famosas que a China já produziu e é evidentemente inspirada em cidades inglesas — Chester, Londres, Lyme e Bristol são as mais óbvias referências. A "cidade do Tâmisa", o rio que corta a capital do Reino Unido, é parte de um projeto residencial maior "One City, Nine Towns" ('Uma Cidade, Nove Municípios', em tradução livre) nos arredores de Xangai.
O propósito? Atrair moradores da metrópole lotada para os subúrbios, onde eles poderiam viver seus sonhos de morar na Europa em reconstruções de nove destinos do Velho Continente. Alguns dos prédios de Thames Town são réplicas exatas de construções britânicas, mas mesmo assim o vilarejo está majoritariamente vazio.
De acordo com a rádio americana NPR, o empreendimento acabou se tornando uma opção atraente de cenário para ensaios de noivado e casamento.
A original:
8. Anting, subúrbio de Xangai
Inspiração: Berlim e outras cidades alemãs
Se Thames Town é a Inglaterra de Xangai, Anting é a Alemanha. Também parte da iniciativa "One City, Nine Towns", ela mimetiza as curvas minimalistas do modernismo e da escola Bauhaus de arquitetura vistos em Berlim, Weimar, Stuttgart e outras grandes cidades alemãs.
De acordo com o jornal Der Spiegel, sua proximidade com o centro da cidade antiga de Anting e com as montadoras de carros da região, inclusive a fábrica da Volkswagen, deveria ter servido como atrativo, mas o projeto finalizado há mais de uma década que deveria abrigar cerca de 50 mil pessoas também é outro destino fantasma.
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9. Gaoqiao ou Holland Town/Village, Pudong
Inspiração: Amsterdã, Amersfoort e outras cidades dos Países Baixos
Outra parada do "One City, Nine Towns", Gaoqiao é o retrato da China "holandesa". Foram erguidos moinhos, réplicas exatas do Museu Marítimo dos Países Baixos e da loja de departamento Bijenkorf de Amsterdã, segundo o livro "Shanghai New Towns: Searching for community and identity in a sprawling metropolis", de Harry den Hartog.
Há enormes tamancos de madeira nas ruas e prédios que lembram as fachadas clássicas de Roterdã e da capital, mas eles não atraíram compradores em sua maioria. De acordo com o site de viagem Euronews Travel, Gaoqiao também virou cidade-fantasma.
A original:
10. Luodian/North Europe Town, subúrbio de Xangai
Inspiração: Cidades na Suécia e na Islândia
A próxima parada do projeto dos subúrbios europeus de Xangai é Luodian, inspirada em destinos escandinavos. De acordo com artigo da Smithsonian Magazine, revista publicada pelo museu e instituto de pesquisa americano, boa parte de sua inspiração é Sigtuna, na Suécia, da qual foi copiado até o Lago Mälaren.
A homenagem só não ficou perfeita porque os chineses decidiram incorporar um prédio inspirado no Parlamento da Islândia e uma réplica da estátua da Pequena Sereia de Copenhague, na Dinamarca. O projeto levou seis anos e US$ 800 milhões (R$ 4,2 bilhões, sem correção monetária) para ser completado.
O alto custo de uma moradia por lá não atraiu moradores de cara, de acordo com a publicação, mas uma reportagem de 2016 da revista Forbes americana apontou que, apesar de diversas cidades-fantasma construídas a partir de 2001 não terem movimento ou não terem sido finalizadas, boa parte de seus empreendimentos chegaram a ser vendidos porque os chineses enxergam a estética ocidental como símbolo de status.
A original:
11. Città di Pujiang, Pujiang New Town, subúrbio de Xangai
Inspiração: Veneza, Milão e outras cidades na Itália
Pujiang é a Itália de Xangai e foi concebida pelo escritório de arquitetura italiano Gregotti Associati, como forma de agregar ainda mais autenticidade ao projeto. A proposta era que a "città" abrigasse cerca de 150 mil pessoas que foram deslocadas pela construção da estrutura da Expo Xangai 2010, mas estima-se que cerca de 50 mil vivam por lá.
Um palácio, uma "piazza" com torre do relógio e vilas com jardins em estilo italiano dão ares de Europa ao local.
12. Fengcheng, subúrbio de Xangai
Inspiração: Salamanca e outras cidades na Espanha
"Fengcheng é uma recriação quase perfeita de uma cidadela na Espanha. A última coisa faltando são pessoas", escreveu o veículo canadense Global Times em 2011.
De fato, esta parada do "One City, Nine Towns" no distrito de Fengxian que se inspirou em prédios de Barcelona, Salamanca e mais cidades espanholas concebida pela arquiteta Marcia Codinachs também é considerada por visitantes como "cidade fantasma" até hoje, mas o governo de Xangai garante que "há ali uma economia dinâmica" em comunicados à imprensa do último ano.
O distrito, é claro, não conta apenas com a réplica, mas parece ser sua existência um dos motivos para um acordo vigente de cooperação intelectual com a região espanhola da Catalunha.
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13. Jackson Hole, subúrbio de Pequim
Inspiração: Jackson Hole, nos EUA
Mas nem só de destinos europeus vive o fascínio da China com o Ocidente: depois de Nova York, a cidade de Jackson Hole no estado americano de Wyoming ganhou sua réplica. A área urbana da original lembra uma cidade do interior, mas é sua proximidade com a Cordilheira Teton e o Parque Nacional de Yellowstone que atrai turistas graças à beleza da paisagem natural e, tambem, aos resorts de esqui que se instalaram na região.
De acordo com a rede americana ABC, a versão chinesa de Jackson Hole fica nos arredores de Pequim, após a Grande Muralha e conta com cowboys, igreja e uma cópia da famosa Rota 66 — estrada que corta os EUA de Illinois a Califórnia e se tornou um símbolo da contracultura do país. Por lá, o empreendimento vendeu bem, graças à proximidade com a capital. Ela também atrai a curiosidade de turistas, especialmente dos americanos.
A original:
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