Quer se casar na praia? Planejar é essencial para que o 'sim' seja perfeito

O sonho dos médicos Maria Paula Oliveira Campos e Marlus Meireles Coelho de Oliveira era ter um casamento na praia. O da fisioterapeuta Nadia Ramos de Oliveira e do artista 3D Luiz Felipe Matta Sorgiacomo, também. Ambos os casais concretizaram os planos a seu modo e garantem que um bom planejamento é o caminho para tudo dar certo no "sim" à beira-mar, opinião endossada por especialistas na área.

"Seis meses antes do casamento fomos surpreendidos com a notícia de que a casa que alugamos em Petrópolis, onde moramos, seria fechada. Com isso, retomamos nosso sonho de nos casar na praia. Acompanhava um casal nas redes sociais que tem uma casa na Bahia, em Serra Grande, entre Ilhéus e Itacaré, para temporada e eventos. Em uma semana, já estava tudo certo, inclusive com os amigos e familiares, que toparam mudar os planos e se deslocar para longe e nos prestigiar", conta Maria Paula, 27 anos.

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Imagem: Arquivo pessoal

Ela, que estava organizando tudo por conta própria até então, achou melhor contratar uma cerimonialista, que a ajudou com fornecedores locais, decoração e organização do dia D, sempre levando em conta o orçamento disponível. O casamento aconteceu em setembro de 2022 e teve muita participação dos noivos, que buscaram referências na web para montar a cerimônia e a festa do jeito que gostariam.

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Imagem: Arquivo pessoal

"Já era muito claro que queríamos algo íntimo, delicado, simples, mas ao mesmo tempo sofisticado. Algumas questões que não abríamos mão eram: estarmos descalços, pé na areia; comida diferenciada, pois meu marido cozinha muito e sou vegetariana; e música que buscasse a nossa essência, pois acreditamos que casamento precisa ser algo pessoal", relata Maria Paula.

A organização é a alma do casamento

Listar tudo o que queriam, com inspirações, ajudou bastante a terem o que buscavam. "A organização é a alma de um casamento. Saber o quanto se pode gastar e sonhar dentro de cada possibilidade facilita o processo", defende a noiva, que não mudaria nada - a não ser ter mais fotógrafos captando momentos especiais.

Para ela, outros fatores importantes são escolher bem a data e ter sempre um plano B, considerando as muitas variáveis que envolvem um casamento ao ar livre, como chuva, vento, iluminação etc. O evento deles não precisou de cobertura, nem no altar, nem na festa, pois não havia chances de chover.

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Decoração na praia deve ser simples e leve
Decoração na praia deve ser simples e leve Imagem: iStock

Foram meses estudando o clima da região. Uma semana antes, nos certificamos olhando o tempo em sites sobre ondas e marés para surfistas. Mesmo assim, tínhamos a opção de colocar um toldo, se fosse necessário. Isso é algo que precisa ser planejado e previsto no orçamento, já que, dependendo do espaço do evento, pode ser algo com valor bem alto. Por isso, a escolha da data para um casamento na praia é fundamental.
Maria Paula Campos

Para reduzir custos e deixar tudo mais personalizado, os noivos, familiares e amigos assumiram algumas tarefas manuais, como a produção da identidade visual do evento, as lembrancinhas, o painel de macramê usado no altar e itens da decoração - carimbo de cera, envelopes, ecobag nas cores e logo do casamento, licor de café e sabonetes com óleos essenciais artesanais e até plaquinhas para o ambiente do casamento.

Área reservada para o casamento de Maria Paula e Marlus
Área reservada para o casamento de Maria Paula e Marlus Imagem: Arquivo pessoal

É difícil organizar por conta própria

Nadia, 41 anos, e Luiz Felipe, 43, de São Paulo, igualmente elegeram a Bahia como cenário para a união, motivados por amigos, proprietários de uma pousada na Praia dos Algodões, na região de Maraú. A princípio, a noiva planejou organizar tudo sozinha. Contratou o bufê, mas logo viu que seria difícil encontrar todos os fornecedores estando distante e com preços dentro do orçamento. Foi quando recorreu a um organizador de eventos da região, que indicava o que ela precisava.

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"Alinhamos o que queríamos, ele me passava os contatos e eu fechava diretamente com os fornecedores", conta. Os noivos optaram por um miniwedding para 40 pessoas.

Nadia Ramos de Oliveira e Luiz Felipe Matta
Nadia Ramos de Oliveira e Luiz Felipe Matta Imagem: Arquivo pessoal

Ter alguém no local ajudou bastante, até para me orientar em algumas questões. Eu queria ter tendas, por medo de chover e ele me disse que não precisava, pois não chovia ali naquela época.
Nadia Ramos de Oliveira

O casamento foi realizado em novembro de 2018. Foram nove meses de organização. Antes disso, Nadia já recorria a conteúdos publicados em sites e revistas sobre casamento, o que lhe deu noção do que precisava investir - bufê, bebidas, música, doces. "Quando decidimos que seria na praia, definimos que teria que ser algo mais clean e simples mesmo, com cara de praia. Além disso, somos muito tranquilos, bem ao contrário de eventos formais, luxuosos", comenta.

Na parte da comida, optaram por finger food, com pratos refrescantes. Com as bebidas, focaram em cerveja e caipirinha, que combinavam com o clima. A decoração foi bem tropical. "Foi uma festa incrível. A comida era excelente, tinha bebidas e doces o suficiente, o DJ fez o gosto de todos, a decoração estava linda, a cerimônia foi feita pelo meu pai, meu irmão tocou e uma amiga cantou. Só esqueci de jogar o buquê - era meu sonho fazer isso. Mas a festa estava tão boa que nem me dei conta", relata.

Ter alguém para ajudá-la localmente fez diferença, pois o contratado visitou o espaço para analisar a estrutura, indicou serviços locais, montou o roteiro, acompanhou a entrega de materiais e a montagem da decoração. Também mostrou o que valia (ou não) a pena, como a necessidade de um gerador, pois a região tinha quedas de energia frequentes.

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Nadia Ramos de Oliveira e Luiz Felipe Matta
Nadia Ramos de Oliveira e Luiz Felipe Matta Imagem: Arquivo pessoal

Nadia também diz que não faria nada diferente, talvez ter aceitado ajuda antes para não precisar correr tanto atrás de fornecedores menores. Deu certo porque todos que prestaram serviços eram moradores da região, empreendedores pequenos, o que a deixou mais animada.

O que é importante se atentar

Maria Amelia Polydoro, gerente de Experiências de Grupos e Eventos, do resort all inclusive Costa do Sauípe, no litoral norte da Bahia; e Renata Hoff, especialista em organização, execução e coordenação de casamentos, de Porto Alegre (RS), pontuam as principais questões que devem ser avaliadas por quem sonha com casamento na praia.

Questões climáticas: são o principal desafio, principalmente na parte litorânea do país mais suscetível a chuvas durante parte do ano. A dica é estudar as condições meteorológicas de cada região e apostar nos meses com menor probabilidade de precipitação, mas sempre pensando em um plano alternativo, caso a previsão mude. Na região Nordeste, são maiores as chances de tempo bom quase todos os meses.

Decoração: aproveitar o entorno natural é a melhor alternativa. Em cerimônia pé na areia, bastam um arco de flores fixado ao chão e algumas flores em cestos ou jarros na passarela da noiva. Se a festa for em local coberto, a ornamentação pode seguir temas florais e tropicais.

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Imagem: iStock

A decoração de um casamento na praia é, em essência, mais simples e minimalista. Isso é parte do conceito e da mágica deste tipo de cerimônia.
Maria Amelia Polydoro, gerente do Costa do Sauípe

Agora, se o vento aparecer ou for uma característica do lugar, é preciso avaliar bem as estruturas. "É importante analisar a limitação que a decoração oferece nessas condições, pensando na segurança (dos convidados)", pontua Renata Hoff.

Horário da cerimônia: casamento na praia precisa ser emoldurado pelo pôr do sol. Por isso, é importante realizar a cerimônia mais cedo, por volta das 16 ou 17 horas. "Os preparativos também devem começar antes do que uma cerimônia tradicional", lembra Maria Amelia.

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Cardápio: pode variar de acordo com a preferência dos noivos, mas o finger food se mostra uma alternativa prática. "Casamentos na praia pedem menus frescos, sendo importante proteger os pratos, sem os deixá-los totalmente expostos em função de insetos, calor, umidade e até da areia", opina Renata Hoff.

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Plano B: depende muito do destino em que o casamento acontecerá e da infraestrutura do lugar escolhido para cerimônia e festa. Ajuda bastante se o lugar contar com salões de eventos ou restaurantes, que podem servir como segunda opção em caso de chuva ou outras circunstâncias. É mais comum que a festa ocorra em lugar coberto, o que minimiza riscos diante de intempéries e proteção para equipamentos de som e vídeo e convidados.

É importante lembrar que cerimônia pé na areia depende de autorização da prefeitura local para acontecer, já que o terreno é público. Por isso, muita gente acaba optando por resorts, hotéis, pousadas ou mesmo residências com área privada disponível.

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Imagem: iStock

Curiosos de plantão: com o casamento acontecendo na areia, não dá para impedir que os frequentadores da praia olhem o que está acontecendo.]

Se for apenas uma cerimônia, cai bem oferecer conveniências a quem possa estar perto, explicando o que está acontecendo e dizer que conta com a colaboração de todos. Pode ser água, um doce ou outro item que demonstre a gentileza dos anfitriões e a importância do acontecimento para eles.
Renata Hoff, especialista

Em espaços privados, geralmente há uma equipe que evita a aglomeração de curiosos. "Na Costa do Sauípe, como em muitos resorts de praia, o casamento não ocorre exatamente na praia, mas em uma área mais privativa, em frente ao mar. Temos um serviço periférico de segurança que impede acessos indevidos. Como são dois quilômetros de faixa de areia em uma área mais remota, de praia selvagem, também não há intervenção mais expressiva de outras pessoas. As que estão por ali, geralmente olham, admiram e respeitam o espaço montado para a cerimônia", comenta Maria Amelia.

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