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Espanhol é o melhor chef do mundo de novo e 4 brasileiros ficam no top 100

Dabiz Muñoz, número 1 do The Best Chef Awards Madrid 2022 - Divulgação
Dabiz Muñoz, número 1 do The Best Chef Awards Madrid 2022 Imagem: Divulgação

Rafael Tonon

Colaboração para Nossa, de Madri (Espanha)

21/09/2022 08h07

Parecia que se tratava de um replay. Por três vezes, o chef espanhol Dabiz Muñoz subiu ao palco da sexta edição do The Best Chef Awards para encher a mão de prêmios. Quem via pelas telas chegou a pensar que era uma repetição da cena — ao estilo do nosso inesquecível 7x1.

O mais importante, claro, foi o troféu de melhor chef do mundo, que ele agora ostenta pela segunda vez ao lado da estatueta conquistada ano passado pelo mesmo reconhecimento — os outros foram o de Cidade Gourmet (por seu restaurante DiverXO) e de reconhecimento de cozinheiro por seus pares.

Com seu indefectível moicano platinado e tendo na tela por trás uma ilustração em que aparece mostrando a língua (sua marca registrada), ele disse não se sentir o melhor cozinheiro do mundo e dedicou o prêmio à sua equipe, "essa sim a melhor do mundo", disse na cerimônia realizada na noite desta terça-feira, em Madri.

Jovem talento da cozinha espanhola, o madrilenho é conhecido por criar pratos ora surrealistas, ora barrocos, mas sempre cheios de sabores e referências que vão da sua Espanha natal à Ásia — sua maior inspiração.

Império gastronômico

Com milhões de visualizações no Instagram e no TikTok e a filosofia "vanguarda ou morte", Muñoz criou um império de restaurantes que contempla um 3 estrelas Michelin (DiverXO) a conceitos mais casuais, como food trucks e deliveries (GoXO).

É muito bom ser reconhecido por um trabalho árduo e incrível que está fazendo nos últimos anos", afirmou.

Tem sido um bom momento pro chef, que além da cotação máxima do Michelin para o DiverXO, alcançou a posição no.4 na lista dos melhores restaurantes do mundo (50 Best).

O duplo reconhecimento do The Best Chef também mostra o tamanho que ele ganhou na gastronomia mundial. Antes dele, os nórdicos René Redzepi (Dinamarca) e Björn Frantzen (Suécia) e o espanhol Joan Roca (também vencedor da premiação duas vezes) já estiveram em primeiro no ranking.

A vez dos chefs

Ao contrário dos outros premios gastronômios, geralmente focados em restaurantes, o prêmio criado em 2017 aposta na figura do chef — e no papel que ele ganhou na indústria cultural com capas de revistas, programas de TV e propagandas.

Por muitos anos, os chefs estiveram escondidos na cozinha, agora se tornaram conhecidos pelo trabalho que fazem e é isto que estamos a potencializar", diz Cristian Gadau, um dos criadores do prémio.

A premiação elege os 100 melhores chefs do mundo a partir de uma lista prévia com 200 concorrentes, votados por chefs e especialistas espalhados por todo o globo. Também são anunciados prêmios especiais, como Melhor Chef de Pizza, Melhor Chef de Confeitaria e aquele com melhor relação com a ciência.

"Ganhamos grande repercussão porque também abrimos as portas do mundo para cozinheiros de todas as partes, de todos os perfis", explica Gadau.

Chefs premiados pelo The Best Chef Awards. Atala, que ficou em 10º, é o primeiro da esq.  - Rafael Tonon/UOL - Rafael Tonon/UOL
Chefs premiados pelo The Best Chef Awards. Atala, que ficou em 10º, é o primeiro da esq.
Imagem: Rafael Tonon/UOL

Na edição mais recente, são quatro os brasileiros na lista: Helena Rizzo, do Maní (100º), Manu Buffara, do Manu (48º), Alberto Landgraf, do Oteque (46º), e Alex Atala, do D.O.M. (10º).

Com redes sociais que chegam a quase um milhão de seguidores (no Instagram são mais de 700 mil), o The Best Chefs soube aproveitar o poder de exposição da internet (e dos chefs) para se catapultar no mercado.

"Não há duvidas de sua importância para o panorama da gastronomia", explica o ex-vencedor Joan Roca, para quem "as premiações ajudam a unir e nos lembrar que a comida é a melhor maneira de conectar pessoas".

Nos últimos anos, o universo da gastronomia tem ganhado novas premiações e listas — um reflexo da profissionalização do setor.

Há pelo menos uma dezena de galardões internacionais que estão definindo o mercado hoje, de listas (como francesa La Lista e a OAD, que diz ser a única que inclui o fator "experiência" na sua avaliação, reunindo mais de 200 mil resenhas online de usuários) a guias (como o tradicional Michelin e o Gault Millau).

"Já há muitos prêmios e listas, mas novos devem surgir à medida que o próprio setor se torna mais profissionalizado", aposta Joanna Slusarczyk, também idealizadora do The Best Chef. Para ela, os prêmios são uma forma de potencializar um setor que sofreu muito nos últimos anos com a pandemia, inflação e os impactos geopolíticos (como a atual guerra na Ucrânia).

Slusarczyk aposta que, para o consumidor, estes eventos podem ajudar muito, à medida trazem maior atenção da mídia especializada e da imprensa em geral e criam índices para ajudar na hora de decidir onde comer.

"[Prêmios e listas] não são competição, são mais celebração", conclui a chef Jessica Rosval, a ganhadora de Chef Revelação no The Best Chef deste ano. Para ela e muitos de seus companheiros, há mesmo muito a celebrar.