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Nova data de erupção reescreve história da tragédia que destruiu Pompeia

Vista aérea do sítio arqueológico de Pompeia, no sul da Itália - Ildo Frazao/Getty Images/iStockphoto
Vista aérea do sítio arqueológico de Pompeia, no sul da Itália Imagem: Ildo Frazao/Getty Images/iStockphoto

da ANSA, em Roma

23/06/2022 15h27

A erupção no vulcão Vesúvio que devastou a antiga cidade romana de Pompeia, em 79 d.C., ocorreu entre 24 e 25 de outubro, e não entre 24 e 25 de agosto, como se imaginava até agora.

É o que aponta um estudo publicado na revista Earth-Science Reviews por pesquisadores do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Itália (INGV), em colaboração com o Instituto de Geologia Ambiental e Geoengenharia do Conselho Nacional de Pesquisas (Igag-CNR), da Universidade de Pisa, da Universidade de Heriot-Watt, na Escócia, e do Laboratório de Magmas e Vulcões de Clermont-Ferrand, na França.

Até agora, a comunidade científica acreditava que a erupção havia ocorrido entre os dias 24 e 25 de agosto de 79 d.C., baseando-se em uma carta de Plínio, o Jovem, para o historiador romano Tácito, mas quase 2 mil anos depois, análises de laboratório e releituras de fontes históricas permitiram reconstituir as fases da catástrofe.

Pompeia foi devastada pelo vulcão Vesúvio (no fundo da foto) no ano de 79 d.C. - MaRabelo/Getty Images/iStockphoto - MaRabelo/Getty Images/iStockphoto
Pompeia foi devastada pelo vulcão Vesúvio (no fundo da foto) no ano de 79 d.C.
Imagem: MaRabelo/Getty Images/iStockphoto

"O espírito principal do trabalho foi coletar dados provenientes de fontes diversas", disse à ANSA o vulcanólogo Mauro Antonio Di Vito, do INGV, coordenador da pesquisa. "A erupção aconteceu em oito fases, e reconstruímos as características de cada uma", acrescentou.

A primeira, por exemplo, foi muito violenta e elevou uma coluna de fumaça até oito quilômetros de altura, espalhando material piroclástico (fluxo resultante da ação vulcânica) pelas áreas vizinhas. As cinzas caíram até na Grécia, de acordo com o estudo.

Data

"Desde o século 12, a data de 24 de agosto foi objeto de debates ferozes entre arqueólogos e geólogos porque era incongruente com numerosas evidências", observou Biagio Giaccio, pesquisador do Igag-CNR e coautor do artigo.

Ele cita como exemplo a descoberta de frutas típicas do outono entre as cinzas de Pompeia e de túnicas pesadas que não eram compatíveis com o clima esperado em agosto, em pleno verão no Hemisfério Norte — o outono vai de setembro a dezembro.

A estrutura de Pompeia pode ser vista com clareza pelos turistas que visitam o sítio arqueológico - Lauz83/Getty Images/iStockphoto - Lauz83/Getty Images/iStockphoto
A estrutura de Pompeia pode ser vista com clareza pelos turistas que visitam o sítio arqueológico
Imagem: Lauz83/Getty Images/iStockphoto

Outro indício importante surgiu em 2018, quando escavações em uma casa de Pompeia encontraram uma inscrição dizendo "16º dia antes das calendas [primeiro dia de cada mês no antigo calendário romano] de novembro, se entregava à comida de modo desmedido".

Esse "16º dia antes das calendas de novembro" correspondia a 17 de outubro no calendário atual, o que indica que a erupção ocorreu depois dessa data.

O Teatro Grande é um dos lugares mais bonitos do sítio arqueológico de Pompeia - Edward Haylan/Getty Images - Edward Haylan/Getty Images
O Teatro Grande é um dos lugares mais bonitos do sítio arqueológico de Pompeia
Imagem: Edward Haylan/Getty Images

Pompeia fica nos arredores de Nápoles e foi totalmente destruída pela erupção do Vesúvio, que deixou corpos petrificados até os dias de hoje. O local é atualmente a terceira atração turística mais visitada da Itália, atrás apenas do Coliseu de Roma e das Gallerie degli Uffizi, em Florença.