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Futebol Sem Fronteiras

O jogo por trás do jogo. Com Jamil Chade e Julio Gomes


OPINIÃO

Futebol sem Fronteiras #24: Barcelona e Real Madrid fazem 'clássico do futuro'

Do UOL, em São Paulo

21/10/2021 16h00

Neste domingo (24), o Camp Nou recebe uma edição diferente do clássico entre Barcelona e Real Madrid. Em situação financeira delicada, o clube catalão tenta se reerguer após a saída de Lionel Messi. Já os Merengues estão em estágio mais avançado de recuperação depois da despedida de Cristiano Ronaldo. Em comum, as duas equipes apostam em seus jovens talentos para mostrar que ainda podem exercer o protagonismo de uma época nem tão distante assim. A partida, válida pela 10ª rodada de La Liga, será realizada às 11h15 (horário de Brasília), com acompanhamento minuto a minuto do Placar UOL.

No podcast Futebol sem Fronteiras #24 (ouça na íntegra no episódio acima), o colunista Julio Gomes e o correspondente internacional Jamil Chade conversaram com Marcelo Bechler, correspondente da TNT Sports em Barcelona. Eles falaram das mudanças que El Clásico sofreu recentemente e como esta nova identidade dos clubes será posta à prova no domingo.

"É um dia especial para Barcelona, Madri, Espanha e o mundo inteiro. Você vai à Indonésia, à Índia, aos Estados Unidos, ao Brasil, o Barcelona x Real Madrid tem valor para muita gente e por isso é o maior jogo do mundo. É um clássico que já começa a se vender como do futuro, de estrelas como Vinícius Júnior, de 21 anos, e Ansu Fati, que completa 19 na semana que vem. Já não é mais o clássico que foi", apontou Bechler, destacando dois dos atletas mais promissores de cada lado.

O jornalista relembrou como Cristiano Ronaldo e Messi tiveram importância crucial para fortalecer as imagens dos dois clubes em nível global. "Tivemos um período muito midiático, que foi a última década, com dois dos maiores times da história do futebol. O Real Madrid conseguiu fazer frente ao maior time da história do Barcelona, que é uma das equipes que será lembrada para a história, como o Santos de Pelé, o Ajax do Cruyff. É o Barcelona do Guardiola e do Messi. Houve uma disputa dentro de campo muito tensa e entre os jogadores da Espanha, que quase arruinou a seleção. Xavi e Casillas tiveram papel fundamental para que a coisa não desandasse", ressaltou.

Apesar do apelo midiático continuar elevado, as diferenças para o clássico deste domingo vão além da 'vida após Cristiano Ronaldo e Messi'. "É absolutamente natural que não seja mais assim e haja uma entressafra, e que esses clubes saibam vivê-la também. Daqui a pouco, eles podem virar um Arsenal da vida: um clube grande com dificuldades para se manter competitivo. O Real Madrid parece estar passando por ela depois da saída do Cristiano Ronaldo, e o Barcelona está vivendo seus dias de ressaca depois da saída do Messi", disse Bechler

Jamil destacou que o Barça sente mais dificuldades para prosseguir sua vida sem Messi. "Essa entressafra coincide. O Real Madrid está a vários passos além do Barcelona, que está tentando reencontrar sua identidade. Foi curiosa a frase do presidente [Joan Laporta] dizendo que o Barcelona é maior do que Messi. Óbvio que é, mas o Messi tem um caminho. O Barcelona precisa construir esse caminho. Essa construção não fica muito clara para mim", afirmou o correspondente.

Bechler falou das dificuldades financeiras vividas pelo Barça, e que o período exige um maior aproveitamento dos jovens revelados pelas categorias de base. Nem sempre, porém, há garantia de sucesso, como com a geração de Messi. "Não dá para planejar porque não tem dinheiro. O projeto é renovar com Pedri, Ansu Fati, Gavi, e torcer para esse bando de adolescente de 18 anos colocarem o peso do mundo nas costas e serem bons o suficiente para as coisas darem certo. Não foram tantos períodos assim em que La Masia [centro de formação de atletas do clube catalão] deu jogadores ao Barcelona. Não foi todo dia que saíram craques ou construíram um time só com jogadores da casa", enfatizou.

Julio comparou os momentos das duas equipes e mostrou que o Real Madrid se preparou melhor para a perda de seu grande astro. "Vejo o Real Madrid, nos últimos anos, tendo uma gestão muito mais inteligente do que a do Barcelona. Teve o período dos 'galácticos', viu o domínio do Barcelona, contratou Cristiano Ronaldo, ganhou quatro Champions. O Real Madrid não teve dúvida em vender Cristiano Ronaldo. A idade foi chegando. Ele continua sendo espetacular, mas não poderia continuar pagando aquele salário para um jogador daquela idade. Você abre mão de dois, três anos dele, para reconstruir. O Real Madrid está reformando o estádio, não contrata ninguém, renegociou salários de alguns jogadores e está ajustando as finanças. Conseguimos visualizar o Real Madrid voltar rapidamente a ser o Real Madrid", avaliou.

Jamil chamou a atenção de como o Barcelona foi do auge a um período de vacas magras em um curto intervalo. "É uma história impressionante, Há dez anos, o clube atingiu um patamar inédito e o time vai certamente estar entre os grandes da história. Apesar da presença do Messi, de todas as vitórias que tiveram e da explosão comercial que aconteceu, a gestão foi absolutamente desastrosa. Não faltaram títulos para esse time e no período de explosão financeira do futebol. Ainda assim, quebrou. O Barcelona vai levar um tempo para se restabelecido. Essa reestruturação do Barcelona é uma das lições de que nada é inevitável", completou.

Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e confira também o debate sobre o lado político do clássico e como os catalães veem a partida no Camp Nou como uma oportunidade única para reivindicar sua independência da Espanha.

Não perca! Acompanhe os episódios do podcast Futebol sem Fronteiras todas as quintas-feiras às 15h no Canal UOL.

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