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O jogo por trás do jogo. Com Jamil Chade e Julio Gomes


Futebol sem Fronteiras #19: Com trio MNM, Neymar precisa se readaptar no PSG

Do UOL, em São Paulo

16/09/2021 15h10

Goleadas, zebras e decepções. Assim começou a fase de grupos da Liga dos Campeões, que teve a tão aguardada estreia do trio MNM no Paris Saint-Germain. Porém, no primeiro jogo em que Messi, Neymar e Mbappé foram escalados juntos pela primeira vez, quem roubou a cena foi o Club Brugge. Jogando em casa, o clube belga arrancou um empate por 1 a 1 nesta quarta-feira (15).

No podcast Futebol sem Fronteiras #19 (ouça na íntegra no episódio acima), o colunista Julio Gomes e o correspondente internacional Jamil Chade conversaram com o jornalista Tiago Leme. Eles analisaram o tropeço do PSG e a necessidade de Neymar se readaptar, caso ainda queira atingir suas metas de títulos e de ser eleito o melhor jogador do mundo.

Para Tiago, Neymar sabe que precisa deixar seus planos de protagonismo de lado. "Acho que o Neymar entendeu que precisa jogar mais coletivamente. Ele tem pouco tempo de carreira ainda no auge para conseguir os objetivos. Se não for campeão do mundo no Qatar em 2022, se não conquistar a Champions, será uma decepção a trajetória dele no PSG. Essas são as únicas chances que ele tem para conquistar o título de melhor jogador do mundo. Acho que ele colocou na cabeça que não será o protagonista sozinho de um título europeu do PSG. Se conseguir, vai dividir os méritos com Messi, Mbappé ou qualquer outro grande jogador ao lado dele", comentou.

Jamil vê o atacante brasileiro em uma espécie de corrida contra o tempo. "É um período de adaptação. Ele sabe que para o PSG ir de novo à final precisa de um time forte. Isso ficou muito claro nas temporadas passadas: sozinho, ele não é capaz de fazer essa mágica. Ao mesmo tempo, ele precisa se adaptar à presença do Messi. Por mais que tenha um status diferenciado dentro do PSG, a verdade é que Neymar está ao lado de um ídolo mundial que tem uma posição diferente da dele. As opções do Neymar se fecham cada vez mais, de ser campeão do mundo, ser o melhor do mundo. Se ele não se adaptar, vai entrar para a história como, talvez, a grande oportunidade perdida. Ou ele muda e aceita essa nova realidade ou, mais uma vez, vai 'desperdiçar' mais uma temporada inteira. Não dura para sempre", opinou o correspondente.

A atuação do trio MNM não agradou a Tiago. "O Neymar não achou o lugar dele, ficando mais preso do lado esquerdo do campo> Antes, ele jogava mais centralizado, com mais liberdade. Ele não apareceu no jogo; No segundo tempo, o Messi, depois que o Mbappé havia saído machucado, tentou um pouco mais. No primeiro, ele acertou o travessão, mas tocou mais na bola no segundo, mas não teve uma boa atuação. O Mbappé, apesar de ter feito a jogada do gol, foi o que menos se conectou dos três. Pareceu que jogou mais para ele, sozinho", avaliou.

Julio trouxe alguns números para mostrar como o atacante francês destoou de Neymar e Messi, que também não foram bem. "O Neymar era o jogador do PSG que mais recebia passes. Ontem, ele foi o quarto, recebendo menos do que Ander Herrera, Messi e Marquinhos. Mbappé e Messi trocaram, entre eles, três passes no jogo inteiro. Do Neymar para o Messi, foram 29. Os passes entre os três representaram apenas 7% do total do PSG em toda a partida. São números que mostram como eles não se encontraram e o Mbappé completamente isolado dos outros dois", explicou.

Tiago falou sobre o contraste entre as reações dos dois lados para o resultado da partida. "Os torcedores do Club Brugge estão acostumados a disputar a Champions. É um clube que domina o futebol belga nos últimos anos. É a sétima participação seguida deles na Champions e nas seis vezes anteriores não passou da fase de grupos. Foi um resultado muito comemorado. Conversando com alguns torcedores após o jogo, eles disseram que o PSG tem Messi, Neymar e Mbappé, mas o Club Brugge tem um jogo coletivo. Do lado francês, uma decepção. O L'Équipe classificou a atuação do PSG como 'fantasmagórica' e que o time não apareceu em campo", comentou, citando o principal diário esportivo da França.

Jamil viu semelhanças entre a partida disputada na Bélgica e a vitória por 2 a 1 do Young Boys sobre o Manchester United no dia anterior. "Havia Cristiano Ronaldo de volta à Champions pelo Manchester United. Também havia Messi, Neymar e Mbappé, um trio ultra poderoso, também estreando contra um time muito modesto. E os dois tiveram dificuldades. Cristiano Ronaldo saiu derrotado. No caso do Messi, um resultado nada esperado. Isso coloca uma questão: você imagina uma Superliga só com os grandes? O que faria sentido quando vemos esses 'pequenos' dão trabalho? Tirar esses times de um campeonato continental é privar uma parte da Europa da experiência do futebol", concluiu.

Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e confira também mais detalhes sobre quem é Charles de Ketelaere, jovem jogador do Club Brugge que se destacou na partida contra o PSG e que quase virou tenista.

Não perca! Acompanhe os episódios do podcast Futebol sem Fronteiras todas as quintas-feiras às 15h no Canal UOL.

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