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ANÁLISE-Participação da Alemanha na Copa do Mundo era uma tragédia anunciada

27/06/2018 16h33

FUT-COPA-ALEMANHA-ANALISE:ANÁLISE-Participação da Alemanha na Copa do Mundo era uma tragédia anunciada

Por Karolos Grohmann

VATUTINKI, Rússia (Reuters) - A Alemanha não deveria estar surpresa com sua derrota mais precoce em Copas do Mundo em 80 anos.

A seleção tetracampeã mundial deveria ter visto os alertas vermelhos e escutado os avisos após falhar em atingir seu auge por quase um ano antes da competição na Rússia.

Mas uma combinação de excesso de confiança, teimosia e imprudência se transformou em uma mistura tóxica em suas partidas no Grupo F, fazendo com que o time se despedisse do Mundial ao final da primeira fase, com somente uma vitória em três jogos.

A seleção que no passado foi uma máquina de marcar gols, jogando um futebol ofensivo indomável, foi reduzida a um time desconexo, sem união e incapaz de operar em conjunto.

Obviamente, a maior parte da responsabilidade é do técnico Joachim Loew, que nunca prestou atenção devida aos sinais que já eram visíveis no último ano.

A seleção vencedora da Copa de 2014 conquistou a Copa das Confederações de 2017 e selou uma classificação perfeita após vencer 10 partidas, de 10 disputadas, em outubro.

Loew estava se gabando de seu elenco extenso, um conjunto de ao menos três dúzias de jogadores de onde poderia escolher, mas após estes sucessos as coisas começaram gradualmente a azedar.

Os alemães empataram com Inglaterra, França e Espanha em amistosos internacionais, antes de empatarem com o Brasil em março. O time então perdeu para a Áustria no penúltimo amistoso e venceu por pouco a Arábia Saudita antes de viajar à Rússia.

Loew fez experiências continuamente com seu time titular e sua formação, insistindo que o sucesso alemão era baseado exatamente em aceitar que coisas podem dar errado em partidas amistosas.

Ele permanecia confiante de que tudo iria bem quando o time desembarcasse na Rússia.

ESCOLHAS CURIOSAS

Mas houve problemas com suas escolhas também.

Inexplicavelmente, ele deixou de fora Leroy Sane, eleito melhor jogador jovem da Liga Inglesa e visto por muitos como o jogador alemão mais talentoso de sua geração, e decidiu depositar suas esperanças no veterano atacante Mario Gomez e em Sami Khedira e Mesut Ozil, ambos fora de forma.

Ozil e o companheiro de equipe Ilkay Gundogan, que possuem raízes turcas, também foram o centro de uma controvérsia antes do torneio por conta de uma foto com o presidente da Turquia, Tayyip Erdogan.

Pedidos para eles não serem convocados após chamarem Erdogan de “meu presidente” nunca foram considerados seriamente, mas a dupla estava claramente fora de forma para jogar um torneio de alto nível.

Ozil, que foi tirado do time titular após a derrota para o México, na primeira partida na competição, voltou para o jogo final contra a Coreia do Sul, mas não teve impacto na surpreendente derrota por 2 x 0.

Lento e propenso a erros, ele não teve a criatividade que fez com que se tornasse um destaque em 2014.

Mas também houve outros problemas. Sem líder natural e com uma incomum inabilidade de marcar gols, apesar de diversas chances, a seleção encerra sua participação no torneio com somente dois gols, após três jogos.

“Houve um pouco de excesso de confiança antes de nossa partida de estreia contra o México”, disse Loew. “Nós pensávamos que iríamos somente apertar o botão e vencer. Não foi este o caso.”

O técnico de 58 anos, que assumiu em 2006 e recentemente estendeu seu contrato até 2022, assumiu a responsabilidade pelo fiasco, mas ainda é preciso ver se ele irá conduzir a reformulação ou abrir espaço para um sucessor.