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Tribunal de Moscou ordena prisão de delator de esquema de doping russo

Comitê Olímpico Sochi 2014/AFP
Imagem: Comitê Olímpico Sochi 2014/AFP

28/09/2017 13h46

Um tribunal de Moscou comunicou nesta quinta-feira que emitiu um mandado de prisão para Grigory Rodchenkov, o ex-diretor do laboratório antidoping da Rússia que alegou a existência de um esquema para acobertar os exames positivos de atletas do país na Olimpíada de Inverno de 2014 em Sochi.

Yunona Tsareva, porta-voz da Corte Basmanny, em Moscou, disse à Reuters que o tribunal pediu a prisão mesmo na ausência de Rodchenkov, que hoje mora nos Estados Unidos. Ela disse que o mandado foi emitido em 21 de setembro, sem dar maiores detalhes.

Em um relatório de 2015, a Agência Mundial Antidoping (Wada) identificou Rodchenkov como "ajudante e facilitador das atividades de doping" e disse que ele admitiu ter destruído 1.417 amostras no laboratório antidoping de Moscou antes de uma auditoria da Wada.

No ano passado, depois de viajar para os EUA, Rodchenkov alegou que a Rússia orquestrou um esquema sofisticado envolvendo o serviço de segurança FSB nos Jogos de Sochi de 2014 para proteger os praticantes de doping substituindo amostras de urina contaminadas por outras limpas.

A Rússia negou as alegações.

Pouco depois, o Comitê Investigativo da Rússia abriu um processo criminal contra Rodchenkov por abuso do cargo.

As autoridades russas demonizaram Rodchenkov, acusando-o dos escândalos de dopagem que levaram à suspensão da federação atlética do país, do Comitê Paralímpico e da agência antidoping russa, Rusada.

No mês passado a Wada pediu que as autoridades russas antidoping reconheçam publicamente os resultados do chamado Relatório McLaren, que descobriu indícios de doping generalizado e manipulação de exames de doping por parte de atletas e autoridades da Rússia.

Mas a aceitação pública do relatório --que revelou que mais de mil competidores russos de mais de 30 esportes se beneficiaram de uma conspiração institucional para encobrir exames positivos-- contradiria a negação de Moscou quanto ao suposto papel do Estado no uso disseminado de drogas para melhorar o desempenho.