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Cícero decide, Grêmio vence Lanús e fica a um empate do tri da Libertadores

23/11/2017 00h15

(Corrige quinto parágrafo).

Porto Alegre, 22 nov (EFE).- Casa cheia, clima de tensão, jogo complicado e heróis: com direito a uma série de ingredientes dignos de uma decisão continental, o Grêmio venceu o Lanús nesta quarta-feira por 1 a 0, em Porto Alegre, e está a um empate de conquistar o tricampeonato da Taça Libertadores.

Depois de jogar mal, passar sufoco no primeiro tempo e ver Marcelo Grohe operar um milagre para impedir que Braghieri marcasse de cabeça, os 55.118 torcedores que lotaram a Arena do Grêmio puderam soltar o grito entalado na garganta aos 37 minutos da etapa final, quando Jaílson cruzou e Jael escorou para Cícero, que só teve o trabalho de tirar do goleiro e marcar o gol da vitória.

Veteranos e contestados quando contratados pelo técnico Renato Gaúcho, Jael e Cícero saíram do banco de reservas no segundo tempo e foram decisivos para o triunfo do Grêmio na partida de ida. Agora, basta um empate para o Tricolor conquistar a América pela terceira vez no jogo da volta, marcado para a próxima quarta-feira, no Estádio Ciudad de Lanús, na província de Buenos Aires.

Se os argentinos devolverem o placar da Arena, a partida vai para os pênaltis. Diferentemente das fases anteriores, a final da Libertadores não tem o critério de gols fora de casa.

Os dois técnicos tiveram força máxima para o primeiro jogo da decisão, mas terão problemas para a volta. Kannermann tomou o terceiro cartão amarelo e está fora do duelo na Argentina. Já o Lanús não poderá contar com Braghieri, também suspenso.

O jogo começou quente nas arquibancada, mas, dentro de campo, as duas equipes preferiram a cautela e se estudavam nos minutos iniciais. O Grêmio controlava mais a posse de bola, mas sem assustar o goleiro Andrada. O Lanús, por sua vez, não abria mão de sair jogando com calma, colocando a bola no chão, uma das características da equipe ao longo da competição.

O primeiro chute em direção foi só ocorrer aos 17 minutos. Luan carregou da esquerda para o meio e arriscou, mas o chute subiu demais. Cinco minutos depois, aos 22, Ramiro tentou da entrada da área após cobrança de escanteio e também não pegou em cheio na bola, facilitando o trabalho da defesa do Lanús.

Aos poucos, os visitantes começaram a gostar do jogo e se arriscar mais no ataque, sendo mais eficientes que o Grêmio, assustando Grohe aos 33. Depois de boa jogada de Sand pela direita, Martínez recebeu na quina da área e soltou uma bomba, que parou nas mãos do goleiro do Grêmio.

A falta de criatividade do Grêmio foi se transformando em tensão, estampada tanto nas expressões dos jogadores como da torcida, que, apesar da dificuldade do time e do nervosismo típico de uma final, tentava empurrar como podia.

Os gritos, porém, quase se silenciaram por completo aos 39 minutos. Depois de escanteio cobrado pela direita, Braghieri subiu mais alto que a defesa gremista e cabeceou forte no chão. Grohe, com um reflexo espetacular, se esticou e espalmou para o lado, impedindo o que seria o primeiro gol da final.

Encurralado pelo adversário, o Grêmio mudou de postura nos minutos finais antes do intervalo e decidiu pressionar a saída de bola do adversário. A estratégia deu certo, mas faltou pontaria para o Tricolor abrir o placar aos 44 minutos.

Sem tem com quem jogar, Andrada entregou a bola nos pés de Arthur. O meia, no entanto, com o gol livre, chutou fraquinho, sem direção, facilitando o trabalho da defesa do Lanús.

No lance seguinte, depois de bate-rebate perto da entrada área, Ramiro ficou com a sobra, avançou em direção ao gol, mas foi bloqueado pelos argentinos e caiu na área, para revolta dos gremistas. A arbitragem, corretamente, nada marcou.

A tática do "abafa" na saída de jogo Lanús foi mantida no segundo tempo. Mais ousado do que no início da partida, o Grêmio conseguia recuperar a bola mais perto do gol adversário, mas ainda faltava criatividade ao time de Renato Gaúcho.

Sem conseguir furar o bloqueio defensivo do Lanús, Cortez decidiu arriscar de longe e quase surpreendeu Andrada aos 13 minutos. O lateral-esquerdo recebeu na intermediária e bateu firme, na direção do ângulo. O goleiro argentino se esticou todo e tocou para escanteio.

A postura mais ofensiva do Grêmio foi transformando a partida em um jogo de ataque contra defesa. E foi assim que os donos da casa voltaram a assustar. Aos 17 minutos, Geromel, curtindo uma de lateral-direito, colocou na área. Jaílson subiu mais alto que os zagueiros, livre, mas cabeceou ao lado do gol defendido por Andrada.

Percebendo o bom momento do time, Renato decidiu arriscar aos 27 e colocou Cícero em campo no lugar de Jaílson, que já tinha cartão amarelo. O primeiro lance do meia-atacante, porém, não agradou em nada o treinador. Antes de tocar na bola, o veterano foi punido pela arbitragem por falta em Martínez. Jael entrou no lugar de Barrios, apagado na partida.

Diferentemente do companheiro, Jael fez boa jogada no primeiro toque na bola. Em seu primeiro lance, aos 34, o atacante avançou pela intermediária e arriscou. A bola quicou antes de chegar em Andrada, mas o goleiro segurou firme.

As escolhas de Renato se mostraram acertadas. Aos 37 minutos, Edílson levantou a bola na área, Jael desviou e colocou Cícero, que apareceu de surpresa entre os zagueiros, na cara do gol. Andrada tentou abafar, mas o meia foi mais rápido que o goleiro do Lanús e abriu o placar para enlouquecer a Arena do Grêmio.

Na comemoração do gol, a torcida tricolor acendeu vários sinalizadores. A fumaça tomou o campo, fazendo a arbitragem interromper a partida por três minutos.

Ainda deu tempo para um lance polêmico antes do fim. Aos 50 minutos, depois de bola levantada na área, Braghieri derrubou Jael. Os gremistas pediram pênalti, a arbitragem nada marcou e nem consultou o sistema de vídeo para rever o lance.

A decisão gerou reclamação dos dois lados e muita confusão entre brasileiros e argentinos, mas ninguém acabou punido.



Ficha Técnica:

Grêmio: Grohe; Edílson, Geromel, Kannermann e Cortez; Jailson (Cícero), Arthur, Ramiro, Luan e Fernandinho (Everton); Barrios (Jael). Técnico: Renato Gaúcho.

Lanús: Andrada; Gómez, García, Braghieri e Velázquez (Aguirre); Marcone, Martínez e Pasquini; Silva, Sand e Acosta. Técnico: Jorge Almirón.

Árbitro: Julio Bascuñán (Chile), auxiliado pelos compatriotas Carlos Astroza e Christian Schiemann.

Gol: Cícero (Grêmio).

Cartões Amarelos: Kannermann, Jaílson e Cícero (Grêmio); Acosta, García, Velázquez e Braghieri (Lanús).

Estádio: Arena do Grêmio, em Porto Alegre.