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Jornal alemão revela informações comprometedoras sobre Copa no Catar

27/06/2017 11h08

Berlim, 27 jun (EFE).- O jornal alemão "Bild" revelou nesta terça-feira ter tido acesso ao chamado "Relatório García", que a Fifa rejeitou publicar integralmente, com informações comprometedoras relacionadas com a concessão da Copa do Mundo de 2022 ao Catar, com transferências de dinheiro e viagens em aviões particulares suspeitas.

Segundo o periódico, no documento, de 430 páginas, é relatado que três integrantes da entidade com direito a voto voaram em um avião da federação catariana de futebol a uma festa no Rio de Janeiro com todas as despesas pagas antes da votação na qual o país do Oriente Médio foi eleita para sediar o Mundial.

Pouco após a votação, um antigo membro do executivo da Fifa parabeniza funcionários da candidatura do Catar por e-mail pela vitória no pleito e lhes agradece uma transferência "de várias centenas de milhares de euros", sem deixar claro o destino do montante.

No relatório, também consta que US$ 2 milhões de origem desconhecida chegaram à da filha de dez anos de um funcionário da federação internacional e que a mais estreita colaboradora do então presidente da entidade, Joseph Blatter, fez campanha aberta no país asiático para que fosse concedido um contrato à construtora de seu marido.

Segundo o "Bild", a Aspire Academy, o maior centro esportivo do mundo e que supostamente participou da captação de dirigentes com direito a voto, teve papel fundamental para que o Catar fosse escolhido como sede do Mundial.

O relatório que aponta essas e outras irregularidades foi redigido pelo ex-Procurador do Distrito Sul de Nova York Michael J. García, que presidiu a câmara de instrução da Comissão de Ética da Fifa e examinou a escolha dos países que organizariam as Copas de 2018 e 2022.

O órgão de decisão da Comissão de Ética da Fifa concluiu que não houve irregularidades nos processos das candidaturas a 2018 e 2022 e deixou em mãos do órgão de instrução a possibilidade de iniciar procedimentos individuais, ao mesmo tempo que fazia alusão ao princípio de confidencialidade para não publicar o relatório na íntegra, mas apenas 42 páginas dele.

García renunciou à presidência da câmara de instrução da Comissão de Ética dezembro de 2014 depois que teve negado seu recurso contra o fechamento da investigação.

O "Bild" destaca os processos abertos após a investigação do americano, desde a prisão de sete dirigentes da Fifa em Zurique, em 2015, por cargos de corrupção, à recente detenção do ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell, que tem um papel relevante no relatório García, de acordo com o jornal.

Na investigação também aparecem o alemão Franz Beckenbauer e seu homem de confiança Fedor Radmann, cujas atividades ocupam 20 páginas do documento, destaca o diário, que promete publicar mais trechos do relatório nos próximos dias.