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De morador de rua a lutador do UFC: Ngannou conta como mudou de vida

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Imagem: Reprodução

23/07/2016 09h00

Quem vê Francis Ngannou entrando no octógono mais famoso do mundo nem imagina o esforço que ele precisou fazer para chegar até ali. O camaronês poucas vezes toca no assunto e prefere não lembrar dos momentos de sofrimento que passou ao deixar seu país natal para fugir rumo à França em busca de um futuro melhor. Da fome e das faltas de oportunidades sofridas, Francis só tira a força e a vontade de crescer cada vez mais no esporte que o salvou da pobreza.

Em entrevista ao site americano ‘MMA Junkie’, o peso-pesado do UFC se abriu e decidiu contar um pouco da sua vida. Francis relatou alguns dos momentos de dificuldades vividos e a completa falta de perspectiva de crescimento no seu país de origem.

“Eu deixei Camarões para tentar uma vida nova, para sobreviver. Quando eu estava lá, eu não enxergava uma saída. Eu poderia sobreviver, mas seria só isso. Eu fazia muito esforço para viver lá”, revelou.

Quando decidiu deixar sua família e seu país, Ngannou levou somente seu amor pelas lutas de Mike Tyson. Ele acreditava que através do boxe poderia encontrar um caminho para fugir da pobreza. Ao chegar na França, o lutador percebeu que encontrar uma maneira de treinar a arte marcial não seria tão fácil e demorou três anos para que ele conseguisse uma oportunidade. Francis pediu uma vaga na academia MMA Factory, em Paris, até que acabou sendo aceito.

Em entrevista para o mesmo site, Fernand Lopez, dono da time, conta que foi um amigo quem o avisou de que um homem tinha aparecido pedindo para treinar no local. Assim que viu Francis, ele não teve dúvidas que seria uma ótima oportunidade tê-lo na equipe.

“Meu colega me avisou que um homem muito grande tinha ido pedir para treinar na academia. Quando cheguei no dia seguinte, Francis estava lá. Eu conversei com ele e dei duas malas cheias de roupas e equipamentos como kimonos e luvas de boxe e disse: ‘Por favor, treine o MMA'”, conta o dono da academia que acolheu Ngannou.

No mesmo dia o camaronês teve a oportunidade de treinar e mostrar toda a sua falta de conhecimento técnico sobre o esporte. Mesmo desajeitado e sem nenhuma experiência, a performance de Francis impressionou Lopez, que além de perceber que ele precisava de um treinador, reparou que o atleta precisava de uma ajuda um pouco maior.

“Ele não sabia nada sobre MMA, mas o jeito com que ele se movimentava e o jeito que ele pensava… Ele era muito inteligente e aprendia as coisas muito rápido. Sabia que se ele continuasse treinando, ele seria um campeão. Quando ele me pediu para deixar as bolsas com as coisas que ele havia ganho dentro da academia, porque lá fora não era seguro para ele, eu percebi que ele era um morador de rua. Na hora eu ofereci para ele dormir na academia. Depois disso, ele trabalhou muito duro em tudo para conquistar um espaço decente para morar”, contou Lopez.