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China formaliza proibição de tatuagens em jogadores da seleção de futebol

Estrela local, Zhang Linpeng é um dos que será obrigado a apagar ou esconder tatuagens para seguir na seleção - Giuseppe CACACE / AFP
Estrela local, Zhang Linpeng é um dos que será obrigado a apagar ou esconder tatuagens para seguir na seleção Imagem: Giuseppe CACACE / AFP

30/12/2021 09h38

O Ministério dos Esportes da China proibiu os jogadores de futebol da seleção nacional de terem tatuagens no corpo e solicitou àqueles que já têm que os removam ou cubram. É um esforço público anunciado na terça-feira (28) para conter "modas estrangeiras" consideradas vulgares pelo governo.

A partir de agora, os atletas da seleção vivem "proibição formal de fazer novas tatuagens", segundo comunicado do Ministério dos Esportes. "Aqueles que já têm tatuagens são aconselhados a apagá-las. No caso de circunstâncias particulares, as tatuagens devem ser cobertas durante treinos e competições", acrescenta o texto.

As normas são menos flexíveis nas categorias de base da seleção chinesa, pois até o sub-20, os técnicos estão "terminantemente proibidos" de convocar jogadores tatuados.

A formalização da proibição é um passo a mais no cerceamento de direitos na China, mas não chega a ser novidade: a Federação Chinesa de Futebol já havia ordenado aos jogadores que encobrissem os desenhos nos últimos anos, o que tornou comum a atuação de jogadores com mangas longas mesmo em dias de clima quente.

As tatuagens ainda são malvistos em boa parte da sociedade chinesa, mas começam a se popularizar entre alguns grupos de jovens das grandes cidades. Desde 2018 o governo tem baixado normas para diminuir a exibição dos adornos corporais na televisão e mídias em geral alegando que a prática deturpa valores culturais do país. Há um estigma histórico na cultura local: no passado as tatuagens eram utilizadas para marcar criminosos. Ainda hoje parte da sociedade chinesa liga a tatuagem ao crime organizado, e até desenhos étnicos são comumente considerados como "incivilizado".

O país tem vivido uma onda de determinações rígidas que impõe supostos valores viris e patrióticos em oposição a atividades e hábitos culturais que o governo chinês vê como decadência moral. Da música aos jogos online, reality shows e até aulas particulares têm sido de alguma forma restringidas aos jovens. Agora é a vez dos jogadores da seleção de futebol.