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Brasil melhora, vence Sérvia e garante duelo com México nas oitavas

27/06/2018 17h55

Moscou, 27 Jun 2018 (AFP) - Poderia ter sido goleada, mas o Brasil se contentou com um ótimo 2 a 0 sobre a Sérvia, nesta quarta-feira em Moscou, garantindo ao mesmo tempo o primeiro lugar do Grupo E da Copa do Mundo da Rússia e um duelo com o México nas oitavas de final.

Após duas primeiras rodadas que renderam críticas à equipe, um empate com a Suíça (1-1) e uma vitória sem convencer diante da Costa Rica (2-0), o Brasil melhorou, conseguiu impor seu futebol mais técnico e, como gosta de dizer o técnico Tite, "soube sofrer" quando pressionado.

Nesse cenário, a Seleção poderia ter deixado o estádio do Spartak, na capital russa, com uma goleada no bolso, mas pecou nas finalizações no fim da partida, quando a Sérvia se abriu em busca de melhor sorte, se contentando com os gols de Paulinho (36 minutos) e Thiago Silva (68).

De mais positivo nos 90 minutos, o fato de que os comandados de Tite provaram com seu talento que têm condições de lidar com jogos de 'vida ou morte', de alta tensão, após uma semana de críticas devido aos momentos de imaturidade e irritação nos jogos anteriores.

E, como não podia deixar de ser, essa reviravolta em campo deve-se em grande parte ao melhor jogador do time e termômetro da equipe.

Com um Neymar mais participativo, coletivo, alegre e, principalmente, recuperado das dores no tornozelo, ao contrário de tudo que o craque havia mostrado até então na Copa da Rússia, as outras peças também responderam positivamente, com destaque para Thiago Silva e Casemiro, incansáveis na recuperação da bola.

Mas nem tudo são flores. A classificação veio, mas a um custo que ainda precisará ser quantificado: Marcelo, titular absoluto da lateral-esquerda e um dos líderes do elenco, precisou ser substituído logo após o pontapé inicial devido a espasmos nas costas e poderá ser desfalque para o primeiro jogo de mata-mata contra o México.

- Marcelo sai, Neymar entra -Tudo acabou bem, mas o Brasil chegou a Moscou pressionado pelos altos e baixos das atuações contra Suíça e Costa Rica. Uma resposta era necessária para que a Seleção confirmasse a classificação e ganhasse moral para encarar as oitavas de final. E o clima no estádio do Spartak deu aquele empurrãozinho.

A parte final do hino cantado à capela pela maioria brasileira dos quase 45.000 espectadores no estádio foi de arrepiar e pareceu contagiar a Seleção. Assim que a bola rolou, a marcação alta e a intensidade dos comandados de Tite pintavam um cenário positivo para o Brasil.

Mas logo aos 7 minutos de jogo, um baque. Depois de uma tentativa de arrancada, Marcelo sentiu a lesão. Desolado, tentou ficar em campo, mas acabou sucumbindo à dor e foi substituído por Filipe Luis.

A saída de um dos líderes e referências técnicas do elenco mexeu com a Seleção, que demorou cerca de dez minutos para se acostumar com sua ausência em campo.

Como a queda de rendimento do Brasil, a partida ficou morna. Isso até Neymar aparecer. Em dois lances de categoria, o camisa 10 esquentou o jogo.

No primeiro, obrigou o goleiro Stojakovic a fazer grande defesa em chute colocado (25 min). Em seguida, colocou Gabriel Jesus na cara do gol, mas o atacante demorou para finalizar e foi travado pela zaga sérvia (29).

Inspirado por Neymar, Coutinho resolveu imitar o craque e mostrou mais uma vez que não foi eleito o melhor jogador do Brasil nas duas primeiras partidas no Mundial russo à toa.

Depois de receber a bola no meio de campo, o jogador do Barcelona levantou a cabeça e acertou um lançamento primoroso para Paulinho, seu companheiro de clube. O volante só teve o trabalho de dar um toque na bola por cima do goleiro sérvio e partir para o abraço aos 36 minutos.

- Gol de cabeça e olé -Precisando da vitória para manter o sonho da classificação vivo, a Sérvia voltou a campo depois do intervalo com a mesma equipe, mas outra postura.

Mais ofensivos, embora apostassem todas as fichas em bolas alçadas na área brasileira, os sérvios partiram para o ataque. Assim, começaram a deixar espaços para o Brasil explorar os contra-golpes.

Nesse cenário, Neymar fez a festa. Muito acionado, mostrou a leveza e habilidade que não entraram em campo nas duas primeiras partidas e teve diversas chances de marcar ou tocar para ampliar a vantagem do Brasil no placar.

Na melhor delas, recebeu passe perfeito de Coutinho e arrancou em direção ao gol sérvio, mas o chute rasteiro ficou em Stojakovic (56).

A correria pareceu cansar o Brasil, que deu uma relaxada. E o bom time sérvio percebeu o momento dar o bote.

A arma: cruzamentos na área. O alvo: o parrudo Mitrovic. Mas o atacante sérvio não acertou a pontaria e desperdiçou duas cabeçadas à queima-roupa, a primeira tirada em cima da linha por Thiago Silva (60), a segunda defendida por Alisson (62).

Em busca de paz, tanto na partida como na Copa, o Brasil precisava responder aos ataques sérvios à altura. Quis o destino que fosse justamente na bola aérea, melhor arma do adversário.

Aos 23, Neymar cobrou escanteio na primeira trave e Thiago Silva apareceu para desviar de cabeça para as redes, coroando a atuação de gala do zagueiro do Paris Saint-Germain.

Com a vitória e vaga no bolso, restou à Seleção tocar a bola com categoria até o apito final, sob os gritos de "Olé!" do torcedor brasileiro no estádio, mas também no Brasil e no mundo.