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Argentina, uma vice-campeã fora de foco

30/11/2017 11h39

Buenos Aires, 30 Nov 2017 (AFP) - A seleção argentina de Lionel Messi, vice-campeã da Copa do Mundo do Brasil-2014, classificou-se para o Mundial da Rússia no último respiro, e sem entusiasmar dentro de campo. Ainda assim, o país vai ser cabeça de chave no sorteio para a competição.

Em uma eliminatória para ser esquecida, a seleção dos "hermanos" esteve por um fio de não conseguir a vaga e deixar o Mundial sem Messi.

A Argentina sofreu mais do que o esperado e só carimbou o passaporte na última rodada, quando venceu o Equador por 3 a 1 na altitude de Quito. O time começou perdendo, mas virou graças a atuação espetacular de "La Pulga", autor dos três gols.

A seleção de Messi chegou a maior competição do futebol aos trancos e barrancos, deixando dois treinadores pelo caminho. Gerardo Martino e Edgardo Bauza foram demitidos, até Jorge Sampaoli assumir a responsabilidade em junho.

Nenhum dos três técnico que comandaram o time nos últimos dois anos encontrou a fórmula mágica para usar Messi da melhor forma. O maior artilheiro da história da seleção, com 61 gols, não corresponde na seleção da mesma forma que faz no Barcelona.

Há 20 dias, a Argentina mostrou que ainda está longe de acertar o rumo. O time venceu a Rússia em amistoso por apenas 1 a 0, mas depois foi derrotado por 4 a 2 para a Nigéria.

O incômodo é tanto que Diego Maradona se candidatou para reassumir a seleção. A lenda argentina comandou a equipe na Copa da África do Sul-2010, quando caiu nas quartas de final após perder por 4 a 0 para a Alemanha.

"Eu estou furioso porque entregam nosso prestígio. Mas os rapazes não têm culpa. EU QUERO VOLTAR", escreveu Maradona em sua conta no Instagram depois da derrota para os africanos.

- Gol é amor -O grande problema da Argentina é descobrir como a equipe vai rodear seu capitão, responsável pelo passe decisivo ou que em dois ou três toques penetra na área adversária, como no Barça. Nada disso é visto com o time nacional.

A Argentina ficou 309 minutos sem balançar as redes na eliminatória. Quem encerrou a seca foi um zagueiro venezuelano, que marcou contra no frustrante empate em 1 a 1 contra a frágil Venezuela. E as duas rodadas que restavam para o fim da competição pressionaram a situação do país, na zona de repescagem.

O que impressiona é que não faltam atacantes, mas gols. Sergio Agüero, Mauro Icardi, Angel Di María, Gonzalo Higuaín, Paulo Dybala e Cristian Pavón são várias das opções para o ataque argentino, mas a eficiência de todos cai quando vestem a camisa da seleção.

Sampaoli fez de tudo para encontrar uma solução. Agora chegou a dizer que não descarta voltar a convocar Higuaín, fora dos últimos jogos eliminatórios contra Uruguai (0-0), Venezuela (1-1), Peru (0-0) e Equador (3-1).

Em conversa na segunda-feira (27) na escola Deportea de jornalismo esportivo, Sampaoli explicou que era complicado convocar Higuaín pela recusa dos torcedores: "tinha muita pressão sobre ele. Agora estamos no prazo mediano e acho que pode ser um jogador importante".

"O estilo do time é atacar com seis jogadores e defender com quatro", foi a fórmula que Sampaoli propôs para definir sua ideia de jogo. Segundo o técnico, a Argentina "não tem laterais de elite para encarar o Mundial contra as potências".

- Argentina não é favorita -Quarta colocada no ranking da Fifa em outubro, a Argentina é uma das seleções cabeça de chave para o sorteio de sexta-feira, junto da Rússia, Alemanha, Brasil, Portugal, França, Bélgica e Polônia.

"O pior que nos pode acontecer no sorteio é Espanha para a fase de grupos. É preciso evitá-los, pelo que significa a seleção espanhola, um rival muito difícil", advertiu Messi em entrevista recente.

Segundo o craque, os candidatos ao título em solo russo são Espanha, Brasil, Alemanha e França. Para ele, os times "estão com melhor imagem, melhor jogo e melhor individualmente do que a Argentina".

Sampaoli concorda com seu principal jogador ao admitir que "Brasil, França e Espanha estão um passo à frente da Argentina pelo tempo de trabalho".

"A Alemanha eu não digo, não porque me esqueça mas porque não gosto como joga", surpreendeu o treinador.

Na última edição do Mundial, a Argentina de Sabella foi freada na final e viu de perto festa da Alemanha, que venceu a decisão por 1 a 0 no Maracanã.