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O duro despertar do futebol sul-americano após o Mundial de Clubes

20/12/2016 13h42

Yokohama, Japão, 20 dez 2016 (AFP) - O Mundial de Clubes, finalizado no domingo com o título do Real Madrid, foi decepcionante para os representantes do futebol latino-americano e as perspectivas de futuro são difícil para um continente que não só perde terreno para a Europa, mas também se vê ameaçado por Ásia e África.

O Atlético Nacional, da Colômbia (3º), e o América mexicano (4º) não alcançaram os objetivos de brigar pelo título, tendo que se contentar com a disputa pelo terceiro lugar.

O campeão sul-americano sonhava com o título para dedicá-lo à Chapecoense, a equipe brasileira que viu seu elenco ser praticamente todo dizimado no acidento aéreo ocorrido há três semanas, quando voava rumo a Medellin para disputar a final da Copa Sul-Americana.

O Atlético, porém, não só não venceu o título, como sequer disputou a final, sendo derrotado nas semifinais pelo Kashima Antlers (3-0).

Seria possível considerar a inesperada derrota como um tropeço pontual, não fosse um dado: das últimas seis finais de Mundial de Clubes, o campeão da América do Sul ficou fora da final em três ocasiões e soma apenas um título em uma década (Corinthians em 2012).

"Pelas estatísticas é possível dizer isso", respondeu o técnico colombiano Reinaldo Rueda, ao ser perguntado se a América do Sul estava perdendo ainda mais terreno em relação aos outros continentes.

- Europa se alimenta do talento latino -"Rueda lamentou "o sangramento de jogadores para a Europa". "Nosso talento está alimentando o futebol europeu graças a seu poder econômico e essa será a tendência até que não se criem verdadeiras empresas e que exista capacidade organizacional para potencializar melhor esse talento latino, que existe", analisou.

Rueda sentirá isso na pele, já que perdeu diversos jogadores que se consagraram ao conquistar a Copa Libertadores e terá que reconstruir uma equipe sem quatro ou cinco habituais titulares.

O Atlético Nacional conseguiu pelo menos garantir o terceiro lugar no Mundial de Clubes (venceu o América nos pênaltis), evitando se tornar a primeira equipe sul-americana a ficar de fora do pódio. Mas África (em 2010 e 2013) e agora Ásia (2016) ameaçam a tradicional supremacia Europa-América do Sul.

Já o América queria ser o primeiro representante do futebol mexicano a disputar a final do Mundial de Clubes ou, pelo menos, igualar o terceiro lugar conquistado pelo Necaxa (2000) e pelo Monterrey (2012). Não alcançou nenhum dos objetivos.

As 'Águias' fizeram o mínimo que se espera do representante mexicano, dono de uma das ligas mais bem organizadas e bem pagas do mundo: chegar às semifinais.

- Competições unificadas no continente -O técnico do América, o argentino Ricardo La Volpe, se consolou com o feito do "América ter mostrado que o futebol mexicano é competitivo", mas pediu mudanças para que possa evoluir.

La Volpe pediu à Conmebol e à Concacaf para que cheguem a um acordo e permitam que as equipes mexicanas sigam tendo o direito de disputar as competições organizadas pela América do Sul e para que, um dia, as duas entidades se unifiquem e se tornem um órgão.

"Nos falta experiência internacional", declarou La Volpe no domingo. "Competir internacionalmente é bom e precisamos enfrentar as melhores equipes da América do Sul, porque o nível do México é muito superior aos adversários da Concacaf".

O futebol mexicano, que tradicionalmente disputa a Copa Libertadores como convidado, ficará de fora da competição sul-americana em 2017 devido à mudança de calendário, que entrará em conflito com os campeonatos locais e da Concacaf.

Rueda lembrou que "nos últimos anos nos beneficiamos com este intercâmbio de culturas futebolísticas e foi bom tanto para o México como para a América do Sul".