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Phelps quer voltar a sentir gostinho do ouro olímpico, desta vez no Rio

26/07/2016 14h41

Los Angeles, 26 Jul 2016 (AFP) - Na cela de uma delegacia de Baltimore, onde passou a noite de 29 de setembro de 2014 após ser preso por dirigir embriagado, Michael Phelps decidiu dar a volta por cima, finalmente compreendendo a verdadeira magnitude do que significava ser uma lenda do esporte.

Até então, Phelps era como tantos outros jovens, que, enquanto transitam com pressa pela vida, infringem algumas regras, alheios às consequências futuras de seus atos.

"Naquela noite, alguém ou alguma coisa gritou no meu ouvido que precisava mudar, voltar a focar em minhas prioridades", revelou Phelps ao programa americano USA Today há algumas semanas, numa entrevista em que falou de sua vida.

Phelps passou de atleta imaturo a nadador experiente, que, após uma breve aposentadoria depois dos Jogos de Londres-2012, voltou esperançoso para brilhar no Rio-2016, em meio a importantes acontecimentos que transformaram sua vida pessoal: deixou para trás os "amigos" tóxicos, pediu em casamento a namorada Nicole Johnson, fez as pazes com seu pai, que criticava sua escolhas, e se sentiu realizado com o nascimento de primeiro filho, Boomer.

No Rio, o 'Tritão de Baltimore' competirá nos 100 e 200 m borboleta e os 200 m medley, e provavelmente participará dos revezamentos 4x200 m livre e 4x200 m medley.

- Desafio no Rio -Aos 31 anos, Phelps chega ao Rio-2016 com a mesma esperança de seus primeiros Jogos Olímpicos, em Sydney-2000: ganhar uma medalha, qualquer que seja a cor.

Na época, precisou se conformar com um quinto lugar nos 200 m borboleta, mas quatro anos depois se tornou a grande estrela dos Jogos de Atenas, com seis medalhas de ouro e duas de bronze.

Em Pequim-2008, Phelps foi um verdadeiro furacão, conquistando oito ouros, escrevendo de vez seu nome na história do esporte.

No Rio, a lenda viva da natação terá fortes e jovens oponentes, como o húngaro Laszlo Cseh, o japonês Kosuke Hagino, além de seu compatriota Ryan Lochte.

Phelps, porém, é indiscutivelmente o melhor nadador de todos os tempos sob pressão.

Apesar das dúvidas sobre seu treinamento, a idade e deficiências técnicas pela falta de preparação, foi capaz de se classificar para os Jogos Olímpicos pela quinta vez, primeiro nadador americano a alcançar tal façanha.

Phelps chega ao Rio como segundo mais rápido nadador nos 100 m borboleta neste ano (51.00), apenas 15 décimos de segundo atrás de Cseh (50.86) e à frente do americano Tom Shields (51.20).

Nos 200 m borboleta, uma prova para a qual se classificou em cada uma das últimas cinco Olimpíadas, fez o sexto melhor tempo da temporada, com 1:54.84. Novamente, ficou atrás de Cseh (1:52.91).

Nos 200 m medley, é o número dois do mundo com tempo de 1:55.91, atrás do emergente japonês de 22 anos Kosuke Hagino (1:55.07).

- Renascimento -Em 2004, dois meses depois de voltar dos Jogos Olímpicos de Atenas com seis medalhas de ouro e duas de bronze, Phelps foi preso por dirigir embriagado.

No começo de 2009, meses depois das conquistas em Pequim e de se tornar o maior nadador da história dos Jogos Olímpicos, se viu obrigado a admitir um comportamento vergonhoso, após a publicação de uma foto em que aparece utilizando um aparato para fumar maconha.

Acabou não sendo processado por faltas de provas, mas a Federação Americana de Natação (USA Swimming) o suspendeu por três meses e patrocinadores como a Kellogg's retiraram o apoio publicitário.

Depois veio o segundo tropeço com a bebida, que Phelps precisou pagar com uma suspensão que o privou de competir no Mundial-2015, atrasando sua preparação para os Jogos do Rio.

A males, porém, que vêm para bem e Phelps garante ter aprendido as lições.

Pode até não conquistar medalhas no Rio, mas o fato de estar disputando os Jogos Olímpicos pela quinta vez e ser o atleta mais vencedor da história colocam Phelps em lugar privilegiado entre as lendas que escreveram a história das Olimpíadas.