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COI adia decisão sobre exclusão da Rússia dos Jogos do Rio-2016

19/07/2016 16h46

Lausana, Suíça, 19 Jul 2016 (AFP) - Um russo certamente não estará nos Jogos do Rio: o ministro dos Esportes, Vitaly Mutko. Em relação aos atletas da Rússia, ameaçados de uma exclusão coletiva após as acusações de "sistema de doping de Estado" apresentadas pelo relatório McLaren, o COI optou por transferir a responsabilidade para as federações internacionais.

Após reunir em caráter de urgência sua comissão executiva nesta terça-feira, o Comitê Olímpico Internacional (COI) optou por adiar a decisão sobre o veto à Rússia, afirmando apenas que a entidade estudaria "todas as opções legais" entre uma exclusão coletiva "e o direito à justiça individual dos esportistas russos".

Para colocar em prática a eventual exclusão, o COI repassou a responsabilidade às diversas federações esportivas internacionais, como já havia feito com a Iaaf, federação de atletismo que suspendeu a federação de atletismo russo em 17 de junho.

Em comunicado, o COI explicou que irá "levar em consideração" a opinião do Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), que deve divulgar até quinta-feira seu parecer em relação à apelação de 68 atletas russos, que contestam a suspensão coletiva imposta pela Iaaf.

Para os outros esportes, caberá então às federações internacionais "conduzir uma investigação mais profunda".

"A admissão de cada atleta russo deverá ser decidida por sua federação internacional, baseada na análise individual dos exames antidoping aos quais foi submetido a nível internacional", explicou o COI.

Na prática, no caso da Iaaf, isso significou a repescagem de apenas uma atleta russa para os Jogos do Rio-2016, a saltadora em distância Darya Klishina, que treina e vive na Flórida.

- Mutko fora -"Espero que o Comitê Internacional Olímpico e a Associação de federações internacionais olímpicas tomarão uma decisão sensata", reagiu Vitaly Mutko nesta terça-feira, citado ela agência Interfax.

Os atletas russos ainda nutrem uma pequena esperança de poder participar dos Jogos do Rio-2016. No caso de Mutko, essa esperança não existe mais. As únicas pessoas vetadas oficialmente de comparecer aos Jogos são os membros do ministério russo dos Esportes, que "não receberão nenhuma credencial".

Com isso, Mutko, o poderoso ministro que também exerce o cargo de presidente da federação russa de futebol e chefia o Comitê Organizador da Copa do Mundo-2018, e seu assistente Iuri Nagornykh, citado no relatório McLaren, são cartas fora do baralho.

Para as eventuais punições que virão contra os membros do ministério dos Esportes russo, o COI anunciou nesta terça-feira a criação de uma comissão disciplinar.

Esta posição do COI parece até certo ponto moderada, após as declarações na véspera de seu presidente, Thomas Bach, que denunciou "um atentado chocante e sem precedentes contra a integridade do esporte e dos Jogos Olímpicos", afirmando que a entidade não hesitaria em "aplicar as punições mais severas possíveis".

Nada disso se confirmou nesta terça-feira e a Rússia não é -por enquanto- o primeiro país a ser excluído dos Jogos Olímpicos desde o Afeganistão dos talibãs, em 2000 em Sydney, ou da África do Sul do apartheid, que voltou a disputar o evento em 1992, após sete edições de ausência.

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