Basquete: presidente da Liga diz que NBB não queria ter rachado com a CBB

O NBB hoje existe sem a chancela da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), após a entidade decidir romper contrato com o campeonato. Rodrigo Montoro, presidente da Liga Nacional de Basquete, que organiza o NBB, falou sobre o tema em entrevista ao UOL.

O que aconteceu

Montoro afirma que a LNB não queria rescindir vínculo com a CBB. O dirigente declarou que a Liga estava satisfeita com o contrato vigente até 2022 que, entre outras coisas, reconhecia o NBB como o Campeonato Brasileiro de basquete.

O NBB não depende da chancela da CBB para continuar existindo. Montoro ressalta que os clubes se mantêm unidos para a continuidade da liga fundada em 2008. As principais mudanças após a ruptura entre CBB e LNB têm a ver com arbitragem e participação brasileira em torneios continentais.

A LNB se diz aberta ao diálogo para chegar a um acordo com a CBB. Há aspectos, no entanto, que o presidente da Liga diz não abrir mão: a manutenção da independência de gestão e o controle sobre as decisões técnicas e comerciais relativas ao NBB.

Confira as respostas de Rodrigo Montoro

Por que houve racha entre CBB e LNB: "A Liga desde que foi fundada teve um contrato celebrado com a CBB que, entre outros direitos e obrigações, previa o reconhecimento pela Confederação do NBB como Campeonato Brasileiro de basquete. No final de 2022, a CBB entendeu por bem rescindir esse contrato. Então, de alguma forma, é uma surpresa, mas decorreu de um desalinhamento de interesses."

O que mudou para o NBB: "Nada que impacte na possibilidade de se fazer o campeonato e seguir da forma que estamos seguindo. Por exemplo, existia uma cooperação em relação à arbitragem. A Liga se comprometeu no contrato a usar os árbitros vinculados à Confederação. Quando deixou de ter o contrato, eu deixei de ter essa obrigação. Da mesma forma, a Confederação tinha a obrigação de indicar as equipes, por meritocracia de resultado na temporada anterior, para competições internacionais geridas pela FIBA. A CBB deixou de ter essa obrigação também."

Participação em torneios continentais ficou ameaçada? "Eu entendo que ficou. Não adianta ter meias palavras. Teve negociação, teve conversa. Os times do NBB estavam à disposição para representar o Brasil nas duas competições (Liga Sul-Americana e Champions League). No momento em que encerrou a inscrição para a Liga Sul-Americana, a CBB não indicou os brasileiros, então não houve clubes que participaram. Na Champions League, acho que com uma interferência maior da FIBA, houve um entendimento e indicaram os três clubes do NBB."
-> Nota da edição: A Liga Sul-Americana, o segundo principal torneio continental, não teve clubes brasileiros em 2023. Já a Champions League Americas 2023/24 conta com três equipes do país: Franca, São Paulo e Flamengo, campeão, vice e 3º colocado do NBB 2022/23, respectivamente.

Perspectiva para 2024: "Acredito que o cenário para o próximo ano é semelhante. Nós teremos essa dúvida, porque não há uma obrigação da Confederação, mas claramente há um interesse de que esses clubes que estão participando do NBB participem também dessas competições internacionais."

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Presença de poucos clubes em proposta do 'novo Campeonato Brasileiro': "A decisão foi tomada não por conta da CBB, sim por conta do interesse comum das equipes. Quando houve essa situação, foi discutido no conselho. As equipes entendem que vão estar unidas, juntas para fazer o NBB do próximo ano? Sim, essa foi a resposta. Então isso não foi vinculado a um campeonato da CBB ou não. A CBB movimentou-se para organizar algum campeonato, houve algumas conversas, mas da liga nunca surgiu nada contra ou a favor ao campeonato da CBB."
-> Nota da edição: A CBB promoveu um evento no Rio de Janeiro, em agosto de 2023, apresentando um novo projeto de campeonato nacional. Quatro clubes da LNB -- Flamengo, Botafogo, Bauru e Mogi Basquete -- enviaram representantes. A proposta não ganhou tração e o status do novo torneio segue indefinido.

Diálogo atual com a CBB: "É difícil eu falar do interesse de um terceiro. Sempre reitero que a Liga estava satisfeita com o contrato que ela tinha com a Confederação, não queria ter rescindido o contrato como foi rescindido. Se a gente tem que ter alguma mudança no contrato, é por alguma mudança de interesse ou de opinião da CBB. E é isso que está sendo discutido. Não significa que eu estou pondo a culpa na CBB por conta disso, essa seria uma posição errada e pouco construtiva."

Do que os clubes não abrem mão: "O ponto da liga é esse: manter as condições que a gente sempre teve. Mudando alguma coisa aqui e ali, negociando alguma coisa aqui e ali, mas dentro do conceito de independência de gestão. É o conceito principal da liga. É ter o controle das decisões, sobretudo nos aspectos técnicos e comerciais do produto que é o campeonato. Isso são os pilares da liga, a liga existe para isso. Então, a partir do momento que um desses dois pilares deixar de existir, desconfigura a existência de uma liga para tal."

Outro lado

A CBB foi procurada pelo UOL e não respondeu ao contato. Caso a Confederação se posicione em relação aos temas abordados na entrevista, esta nota será atualizada.

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