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Filipinho sai do 'quase' e é campeão após depressão: 'Não tenho palavras'

Filipe Toledo celebra seu primeiro título mundial de surfe - World Surf League
Filipe Toledo celebra seu primeiro título mundial de surfe Imagem: World Surf League

Do UOL, em São Paulo

08/09/2022 20h30

Filipe Toledo, enfim, é campeão mundial de surfe. Sete anos depois de brigar pelo título pela primeira vez na carreira, o surfista de Ubatuba (SP) parou de bater na trave e se tornou o quarto brasileiro a conquistar o Circuito Mundial de Surfe. Antes dele, Gabriel Medina (2014, 2018 e 2021), Adriano de Souza (2015) e Italo Ferreira (2019) foram campeões.

"Queria agradecer a todo o mundo, ainda estou sem acreditar. É um sentimento estranho, de muito feliz e ao mesmo tempo não tenho palavras. Tenho de agradecer a Deus. Ele cumpriu a promessa", disse após a conquista no WSL Finals 2022, hoje, em Trestles, nos Estados Unidos.

Filipinho surgiu como um fenômeno bem jovem e chegou ao Circuito Mundial em 2013, com apenas 17 anos. Em 2015, foi para a última etapa daquele ano, em Pipeline (Havaí), com chances de ser campeão aos 20 anos, mas a eliminação precoce acabou com o sonho. No ano seguinte, sofreu com lesão, obteve resultados pouco expressivos e terminou a temporada apenas na 10ª colocação do ranking mundial.

Filipinho teve um 2017 agitado. Ele conseguiu resultados razoáveis nas primeiras etapas do ano, mas ficou revoltado com uma decisão dos juízes no evento seguinte, em Saquarema, e precisou ser contido por seguranças. Toledo foi suspenso da etapa de Fiji, ganhou dois eventos mais tarde, mas terminou de novo em 10º.

O ano de 2018 foi duro para o brasileiro. Ele liderou o ranking mundial durante boa parte da temporada, mas teve três resultados ruins nas últimas três etapas do Circuito e acabou em terceiro, atrás de Medina e do australiano Julian Wilson. Aí já surgia a desconfiança: será que um dia Filipinho seria campeão?

Depressão e volta por cima

Filipe Toledo - Pat Nolan/World Surf League - Pat Nolan/World Surf League
Imagem: Pat Nolan/World Surf League

O ano mais difícil da carreira foi o de 2019. O surfista revelou mais tarde que sofreu com depressão naquela temporada. "Eu não estava realmente feliz. Eu estava lidando com depressão, mas nunca fui diagnosticado com isso. Eu estava em um lugar escuro. Eu não queria surfar, não tinha o gás para competir", disse na série Make or Break.

No fim, ele ainda viu Italo Ferreira "furar a fila" e ser campeão mundial em 2019. A expectativa era que Filipe ganhasse o título antes de Italo, que estreou no Circuito mais tarde em relação ao surfista de Ubatuba, em 2015. Toledo terminou o ano na quarta posição do ranking.

O Circuito não foi realizado em 2020 devido à pandemia da covid-19. Em 2021, Filipinho ganhou duas etapas e se classificou para a primeira edição do WSL Finals, evento que define o campeão mundial apenas entre os cinco primeiros do ranking, como terceiro colocado. Ele estava atrás de Medina e Italo, os últimos dois campeões mundiais.

Toledo aproveitou o evento realizado em Trestles, no quintal de sua casa (ele mora a pouco minutos do local da final), venceu o americano Conner Coffin e na sequência bateu Italo na semifinal. Na decisão, ele encarou Medina, mas perdeu por 2 a 0 na melhor de três baterias. Derrotado, Filipinho parabenizou Medina pela vitória, terminou como vice-campeão mundial, o melhor resultado da carreira até então, e ouviu do tricampeão: seu dia vai chegar.

E chegou quase um ano depois. O surfista de Ubatuba começou 2022 sem muito destaque. Depois, engrenou. Foram cinco finais e dois títulos em 10 etapas e a liderança do ranking para o WSL Finals. Na grande decisão do Finals, realizada hoje, Toledo venceu Italo por 2 a 0 na melhor de três baterias.

"Nove anos de trabalho, minha família sabe, nós sabemos todo o trabalho duro para este momento", afirmou Filipinho.