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OPINIÃO

Alicia Klein: Reação a qualquer tipo de preconceito precisa ser radical

Do UOL, em São Paulo

27/10/2021 12h03

A retratação de Mauricio Souza, jogador de vôlei do Minas Tênis Clube, pela postagem de teor homofóbico nas redes sociais foi publicada em um canal no qual o atleta tem menos seguidores e com um texto que não indicava exatamente em relação a qual tema ele estava se desculpando, o que gerou críticas como a da jornalista Alicia Klein.

No UOL News Esporte, Alicia afirma que a forma como o atleta se manifesta indica que não é uma retratação verdadeira e cobra que a punição para casos como homofobia e racismo deveria ser exemplar e de forma mais radical por parte do clube e do esporte em geral.

"Eu acho que muito disso só causa comoção porque vem à tona. A hora em que um jornalista traz essas revelações, expõe essas pessoas, de repente as coloca no lugar de ter que se defender, ter que se retratar, ainda que de maneira ridícula. Toda desculpa que começa com 'desculpa se eu te ofendi, se alguém se sentiu ofendido, não foi minha intenção', não é uma desculpa verdadeira", diz Alicia.

"A reação e o posicionamento político a todo tipo de preconceito precisa ser radical, ele não pode ser cosmético, ele não pode ser uma multa e uma suspensão de dois jogos. Se não houver uma maneira de demiti-lo por justa causa, eu concordo plenamente com o Demétrio, que se pague para que ele não volte. É um custo muito barato para passar mensagem para a sociedade de que o Minas, de que o esporte, de que o vôlei, de que a sociedade não tolera homofobia", completa.

A jornalista afirma que o caso do atleta é uma oportunidade para que o esporte se posicione de forma contundente contra a homofobia e espera que os próprios patrocinadores mantenham uma posição de cobrança em relação ao clube.

"É muito importante que o esporte, o Minas, a Fiat e a Gerdau, com o poder financeiro que têm, deixem claro que ele não tem espaço, ele não pode voltar. Eu acho que isso é o mais importante, não dá para dizer 'ah não, ele se retratou. A gente queria demitir, mas não tem como'. Existem saídas e essa mensagem precisa ser clara e precisa ser radical", conclui.