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Crossfiteiras se desdobram em treinos, rifa e Insta para disputar Mundial

Ana Carolina Aguiar e Estela Mayumi se preparam para disputar mundial de crossfit na Suécia, em novembro - Instagram/Reprodução
Ana Carolina Aguiar e Estela Mayumi se preparam para disputar mundial de crossfit na Suécia, em novembro Imagem: Instagram/Reprodução

Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

18/10/2021 04h00

As paulistas Estela Mayumi e Ana Carolina Aguiar estão a pouco mais de um mês da realização de um sonho: pela primeira vez, vão disputar uma competição de crossfit fora do Brasil. Mas quem pensa que os dias da dupla estão sendo ocupados só com os treinos para o mundial que será realizado na Suécia, entre 26 e 28 de novembro, errou feio. Além de dividir o tempo com trabalho e família, a preparação também envolve arrecadar dinheiro e gerar conteúdo nas redes sociais.

Em entrevista ao UOL, Estela, que é arquiteta, e Ana Carolina, advogada, falaram sobre os desafios de quem tem uma rotina de atleta de alto rendimento, mas não consegue viver do esporte. Para bancar a viagem e a estadia de uma semana na Suécia, com custos estimados de R$ 11 a 12 mil para cada uma, elas estão buscando fontes alternativas de renda, como a venda de camisetas com desenhos personalizados baseados em suas personalidades.

"Fora dos nossos trabalhos, a gente está trabalhando muito nossas redes sociais em busca de divulgação, pra que outras empresas nos conheçam. Além de vender camisetas, a gente montou uma rifa com nossos parceiros para tentar arrecadar dinheiro e a viagem acontecer mais tranquila. Além de ser um pouco longe, é em euro a moeda", diz Estela.

As redes sociais, aliás, ganharam papel central no dia a dia. Em busca de mais patrocínios e parcerias, elas encaram a produção de vídeos, fotos e textos no Instagram — onde atendem por @estela_mayumi e @anacarol.aguiar — como parte do trabalho. Uma parte, inclusive, menos prazerosa e às vezes até mais cansativa do que as horas diárias de treinos do crossfit.

"Essa parte de mídia eu estou aprendendo muito com a Estela", admite Ana. "Você tem que se debruçar, editar um vídeo, tirar boas fotos... eu não me atentava a posicionamento da câmera para me filmar treinando. Mas é importante passar isso". Estela completa: "não adianta ter só resultado. Tem que divulgar, e muito". Elas contam que os esforços têm dado bons resultados.

O ritmo não tem sido fácil. Ana, por exemplo, mora em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, e trabalha em uma empresa de telecomunicações na capital em horário comercial, encaixando uma sessão de treino antes e outra depois do expediente. Às sextas-feiras, ela dorme na casa da amiga para facilitar a logística. "Tem que querer muito", brinca Estela.

"Crossfiteiras" por acaso

Parceiras de treino, as duas começaram no crossfit de forma casual. Estela, hoje com 29 anos, pratica esportes desde pequena: passou por handebol, ginástica, natação e muay thai antes de se apaixonar logo na primeira aula experimental, em 2014, após ser levada pelo namorado Lucas, professor em sua academia. Conseguiu destaque no cenário nacional e ganhou bolsa para treinar na CrossFit Saúde, mas ainda precisa arcar com custos como alimentação, médicos, fisioterapia e coaching.

Ana e Estela - Instagram/Reprodução - Instagram/Reprodução
Ana Carolina Aguiar e Estela Mayumi são parceiras de treino
Imagem: Instagram/Reprodução

Já Ana, que tem 34, diz que Estela é sua grande inspiração no esporte. Ela praticava jiu-jitsu em alto nível (chegou a receber Bolsa Atleta) e conheceu o crossfit quando procurava uma forma de perder peso após ser mãe, em 2017. Quando começou a prática, ainda amamentava Lara, hoje com quatro anos e meio.

"Ficava aquela briga mental de culpa, 'será que vou treinar?'. É uma culpa que norteia todas as mães. Mas nesse momento, a mulher tem que tirar um pouco esse peso das costas, senão não consegue se dedicar àquilo que ela quer. Você estando bem com você mesma, vai passar essa mensagem ao seu filho", diz ela. Hoje, Lara até participa de alguns treinos da mãe, que divulga os vídeos em seu Instagram.

Agora, o foco maior é brilhar na Suécia. Ana, que conseguiu a vaga no mundial de surpresa, após uma outra classificada desistir, espera chegar pelo menos à bateria intermediária. Já Estela, que vem de uma lesão na lombar e só voltou a treinar com força total há pouco mais de um mês, é um pouco mais ousada na previsão: "expectativa é estar lá em cima". Dedicação, claro, não vai faltar.