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Morte de gamer: jovem se torna réu e terá que fazer teste de sanidade

Ingrid "Sol" Bueno era jogadora de Call of Duty e foi assassinada em São Paulo - Reprodução
Ingrid "Sol" Bueno era jogadora de Call of Duty e foi assassinada em São Paulo Imagem: Reprodução

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Chapecó (SC)

27/02/2021 15h19

O estudante Guilherme Alves Costa, 18, tornou-se réu pela morte da gamer Ingrid Bueno, 19, após o recebimento ontem da denúncia do Ministério Público pela Justiça. O crime aconteceu na última segunda-feira (22) na casa dele, na zona norte de São Paulo, onde a jogadora foi encontrada esfaqueada e já sem vida. Costa tentou inicialmente fugir, mas foi convencido por sua família a se entregar. A defesa dele diz que está analisando as provas (veja abaixo).

Na decisão em que aceitou a denúncia do MP, o juiz Adilson Paukoski Simoni determinou que o réu passe por teste de sanidade mental, que será realizado pela perícia. Para o magistrado, o jovem demonstrou "frieza ao gravar vídeo, inclusive rindo pela morte provocada" pouco tempo após o homicídio, o que motiva a realização da análise mental.

A intenção é verificar se, durante o crime, o estudante era "inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato" ou estava "privado da plena capacidade de entender" o ato criminoso por conta de "doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado", nas palavras do magistrado.

A Justiça aceitou ainda pedido da polícia, e com parecer favor do MP, da quebra do sigilo de dados no celular do estudante. O magistrado levou em conta o que o jovem teria dito em vídeo, após o crime, e ainda em livro escrito por ele.

"O acusado afirmou que planejava um ataque contra o Cristianismo e que seria um soldado de um exército, tendo ainda asseverado que a vítima teria atrapalhado seu caminho, o que, em tese, acena para a possibilidade de envolver um plano para atingir outras pessoas, afigurando-se, pois, necessária a realização da referida perícia", salientou.

A perícia no telefone vai coletar registros fotográficos, ligações feitas e ainda a análise de mensagens em aplicativos da internet, como WhatsApp, Telegram, Messenger, entre outros. Segundo o magistrado, a verificação pormenorizado do celular vai possibilitar em um "melhor esclarecimento dos fatos e seus desdobramentos".

Procurado por UOL, o advogado William Vinicius Sartorio de Andrade, que defende o réu, explicou que está analisando os materiais do processo e que vai se manifestar "no momento oportuno", provavelmente na segunda-feira.

Relembre o crime

Segundo o B.O (Boletim de Ocorrência), Ingrid foi encontrada desacordada pelo irmão do estudante, que não a conhecia, na casa da família em Pirituba, zona norte de São Paulo. Em seguida, os policiais militares foram até a residência e constataram o óbito.

Na delegacia, ainda segundo o B.O, o estudante confessou o homicídio, que teria sido planejado previamente. Ele afirmou que escreveu um livro detalhando o crime — de objetivos até a motivação. O livro foi anexado ao inquérito e agora passará por análise. Familiares de Ingrid disseram à polícia que não sabiam sobre a relação dela com o estudante.

Gamer estava na mais alta classificação do jogo

O jogo tem um sistema de classificação dos participantes dividido em seis patentes, com 26 subdivisões. Quem entra hoje no game é chamado de "recruta I" e, com o passar do tempo, o jogador vai acumulando experiência e subindo de nível. Conhecida por Sol, a jovem estava na classificação "lendária", considerada a mais alta, e integrava uma equipe que só aceitava participantes desse nível.

O líder de comunicação da equipe FBI E-Sports, Mateus Leal, afirmou que Ingrid passou a jogar CoD em dezembro do ano passado. Inicialmente, ela ingressou num grupo de mulheres jogadoras na FBI E-Sports, porém, a maior parte delas era iniciante enquanto Sol estava em um nível.