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Por que um estádio inteiro acena para hospital infantil durante seus jogos

Placar eletrônico e faixa são feitos para as crianças do hospital vizinho - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Placar eletrônico e faixa são feitos para as crianças do hospital vizinho
Imagem: Reprodução/Twitter

Do UOL, em São Paulo

18/11/2017 04h00

Entre o primeiro e o segundo quarto de todo jogo em casa do Iowa Hawkeyes, time universitário de futebol americano, a torcida inteira e os times se voltam para um prédio e acenam por alguns minutos. O motivo? Nesse prédio funciona um hospital infantil. Apelidado de “The Wave” (“A Onda”, em inglês), o gesto emociona pacientes, familiares, torcedores e até membros da equipe.

Tudo começou com a ideia despretensiosa de uma fã. Em maio, Krista Young, funcionária de uma creche, escreveu em uma página de fãs da equipe no Facebook que seria incrível se as pessoas no estádio Kinnick acenassem para o hospital vizinho, cujo 12º andar tem uma visão completa do estádio.

“Vocês podem imaginar o quão lindo seria ter todos os torcedores, jogadores e membros da comissão técnica olhando para o alto na sua direção e mandando uma inspiração extra?”, publicou Young.

Logo ela percebeu que a ideia estava sendo bem aceita e a cada dia recebia mais apoio. Então, o administrador da página, Levi Thompson, decidiu apoiar a iniciativa. De junho a setembro, todos os domingos, ele publicava uma foto tirada de dentro do hospital com a visão do estádio.

A estreia do gesto foi marcada para o dia 2 de setembro, na estreia em casa dos Hawkeyes na liga universitária. Pacientes e seus familiares no hospital, que em todo jogo se dirigem para o 12º andar para acompanhar a equipe, foram avisados que algo de diferente aconteceria entre o primeiro e segundo quartos.

No entanto, nem a idealizadora do gesto, nem os pacientes e nem o administrador da página imaginavam que mais de 60 mil pessoas levantariam de seus assentos e acenariam para o hospital ao mesmo tempo. “Eu achava que alguns grupos iam acenar. Sabia que a ideia tinha sido bem aceita. Mas nunca imaginei algo assim”, resumiu Young ao “USA Today”.

A ideia não só pegou no dia 2 de setembro, como se tornou uma tradição desde então. As crianças ficam no hall do 12º andar em todas as partidas da equipe. Quando o jogo é fora, acompanham o time por telões. Quando é em casa, recebem carinho de milhares de pessoas por meio de gestos simples, mas especiais.

“Palavras não podem descrever o sentimento que foi ver os torcedores do Iowa Hawkeyes acenarem para o hospital. Todas essas crianças em tratamento estão passando pelo momento mais difícil de suas vidas e vê-las tão felizes quando todo mundo faz esse gesto me fez chorar. São os melhores torcedores que um time pode ter”, agradeceu James Smith, cuja filha de 9 anos se trata no hospital contra uma leucemia.

Esse prédio onde funciona o hospital infantil, inclusive, é uma novidade. E por uma coincidência, a relação da nova estrutura com o Iowa Hawkeyes é mais antiga graças ao técnico da equipe, Kirk Ferentz, e sua mulher, Mary. Como quatro de seus cinco filhos nasceram no hospital, o casal participou ativamente da idealização da nova unidade infantil.

Além de o técnico doar US$ 1 milhão para pesquisas feitas no local, Mary viajou para diferentes hospitais voltados para crianças estudando como a estrutura deveria ser para criar o ambiente perfeito para tratamentos tão exigentes e desgastantes. Ela é membro do conselho e faz questão de contribuir com o hospital infantil. Bons exemplos não faltam no Iowa Hawkeyes.