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Ministro do Esporte mantém chavões e recorre a 'estilo Obama' para entreter alunos

Orlando Silva júnior tentou contornar a falta de respostas com piadas e brincadeiras - Folhapress
Orlando Silva júnior tentou contornar a falta de respostas com piadas e brincadeiras Imagem: Folhapress

Thales Calipo

Em São Paulo

15/03/2011 07h01

Barack Obama fará sua primeira visita oficial ao Brasil como líder máximo dos Estados Unidos neste fim de semana. O presidente que rompeu preconceitos em seu país e conquistou o mundo durante a sua eleição graças ao carisma, bom-humor e irreverência parece ter contagiado, mesmo que tardiamente, o ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior. Falando para uma plateia recheada de autoridades e com centenas de universitários, o político teve de recorrer a estratégias do norte-americano para mascarar um discurso sem muitas explicações.

O ministro foi convidado pela Universidade Nove de Julho, em São Paulo, para integrar uma mesa, cujo tema foi “O Esporte no Brasil na era da Copa e da Olimpíada – O Desenvolvimento do Esporte em São Paulo”. Quando foi chamado a falar, Silva Jr. discorreu como de costume, apontando os benefícios para o turismo, os projetos para a área de transporte público, o crescimento no número de ofertas de emprego, os problemas com os aeroportos, a confiança de que o Corinthians irá construir seu estádio...

VETANDO O CERIMONIAL

Quem não quer que eu leia os nomes, levante a mão

Silva Jr., promovendo uma votação para definir o óbvio

Porém, todos esses temas, que já se transformaram em uma espécie de chavão na boca das autoridades ligadas ao esporte, ganharam uma nova roupagem com Orlando Silva Júnior, garantindo assim o sucesso na palestra, que durou pouco mais de 30 minutos.

Perspicaz, o ministro, que foi o último de quatro pessoas a falar, percebeu que se repetisse o tradicional agradecimento às autoridades presentes, assim como fizeram seus antecessores, iria entediar o público jovem. Dessa forma, tentando passar um ar “rebelde”, o ministro fez uma proposta: "quem não quer que eu leia os nomes, levante a mão". A grande maioria gargalhou e prontamente atendeu ao pedido, vetando assim o cerimonial.

Mas isso, no entanto, não significou que o ministro esqueceu-se de homenagear alguns dos presentes. Em determinados momentos, Silva Jr. falava algumas frases, sempre indicando um interlocutor.

DIREITO DE RESPOSTA

Você sabe que não posso chamá-lo de meu amigo, caso contrário a imprensa fala que estou mandando dinheiro para você

Silva Jr., dando a única resposta à reportagem publicada no último domingo

“Caro Pagura [Jorge Pagura, secretário estadual de Esporte de São Paulo e presente à mesa], tem dia e hora para começar a Copa do Mundo, mas só falta o estádio”, disse o ministro, incitando gritos de “Corinthians” entre alguns dos estudantes que estavam na plateia.

O secretário paulista, por sinal, foi alvo de outra brincadeira/provocação do ministro. “Caro Pagura... você sabe que não posso chamá-lo de meu amigo, só de caro, caso contrário a imprensa fala que estou mandando dinheiro para você”.

A frase foi uma resposta, a única por sinal, à reportagem da Folha de S. Paulo do último domingo, que apontava um suposto favorecimento no repasse de verbas do programa Esporte e Lazer na cidade a municípios comandados por integrantes de partidos da base aliada do governo federal.

INFORMAÇÃO?

Claro que vai sair

Silva Jr., respondendo a uma pergunta - feita por ele mesmo - sobre o possível estádio do Corinthians

Para completar o pacote “populista”, Orlando Silva Júnior, já no momento de responder a perguntas da plateia, voltou a brincar sobre a possível arena a ser erguida em São Paulo para a Copa do Mundo.

“Pensei que você fosse me perguntar se o estádio do Corinthians ia sair”, questionou o próprio ministro, para logo na sequência responder. “Claro que vai sair”, encerrando assim a palestra, arrancando aplausos efusivos dos presentes e esbanjando simpatia. Resta saber se o “estilo Obama” que fez sucesso com o público jovem garantirá melhor cotação também junto a presidente Dilma Rousseff, que segue sem se empolgar com o seu ministro do Esporte.