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Tênis ignora chance de vaga olímpica e beneficia duplista em seleção do Pan

Marcelo Melo e Marcelo Demoliner comemoram vitória sobre colombianos - Luis Acosta/AFP
Marcelo Melo e Marcelo Demoliner comemoram vitória sobre colombianos Imagem: Luis Acosta/AFP

Rubens Lisboa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

31/05/2019 04h00

Os Jogos Pan-Americanos de Lima-2019, que começam em 26 de julho, distribuirão vagas olímpicas no tênis pela primeira vez neste ano. Seria um caminho mais fácil para tenistas do Brasil, mas os critérios de convocação e o próprio calendário dos atletas diminuem muito as chances de classificação para Tóquio-2020.

A Confederação Brasileira de Tênis publicou no início de maio as regras de seleção com uma diferença em relação aos Pans anteriores: em vez de chamar três tenistas de simples, optou por dar uma das vagas a um jogador de duplas, mesmo a competição não sendo classificatória para duplistas.

Além disso, caso os melhores brasileiros de simples optem por não competir em Lima, a convocação será de jogadores de até 23 anos, de acordo com o ranking pós-Roland Garros, que será divulgado no dia 10 de junho. Este critério, porém, vale apenas para as duas vagas de simples. O duplista será o melhor ranqueado, independentemente da idade.

Thiago Wild - Jason DeCrow/AP - Jason DeCrow/AP
Imagem: Jason DeCrow/AP

Gerente de Esportes da CBT e responsável pelos critérios, Eduardo Frick justifica o benefício a um duplista em detrimento de uma chance maior de vaga olímpica à importância de medalhas na relação da entidade com o Comitê Olímpico do Brasil (COB), principal fonte de recursos após a perda do patrocínio dos Correios.

"Existe uma série de critérios que nos colocam dentro do COB que são importantes. Depois da Olimpíada, o Pan-Americano é a competição mais importante para o COB, então a gente estar com os melhores jogadores é importante", diz o dirigente.

Prata em Guadalajara-2011 e número 2 do Brasil, Rogerio Dutra Silva confirmou ao UOL Esporte que não deve ir ao Pan, mesma situação do melhor brasileiro, Thiago Monteiro. Assim, os critérios da CBT excluem os próximos ranqueados, Thomaz Bellucci e Guilherme Clezar, e devem apontar para João Menezes, de 22 anos, e Thiago Wild, 19, respectivamente quinto e sexto colocados do país na ATP.

"A gente nunca sabe o que o jogador quer, qual é o plano de cada um. A gente até pode ter uma ideia, mas como muda muito o ranking, um jogador que começa a ganhar priorizar uma coisa", afirma Frick.

Após o contato da reportagem, a CBT alterou o regulamento de convocação do Pan e incluiu o seguinte item: "A CBT se reserva o direito de realizar qualquer alteração na convocação devido a alguma situação emergencial".

Bia Haddad Maia - Mauro Pimentel/Folhapress - Mauro Pimentel/Folhapress
Imagem: Mauro Pimentel/Folhapress

Série do US Open em conflito com o Pan

Nas duplas, o melhor ranqueado a aceitar a convocação da CBT será o escolhido. Mas os três melhores duplistas do país - Marcelo Melo, Bruno Soares e Marcelo Demoliner - terão de optar entre o Pan e torneios simultâneos ao Pan, como o ATP 500 de Washington, nos Estados Unidos, e o ATP 250 de Los Cabos, no México.

Soares é o atual campeão em Washington e a ausência poderia custar posições no ranking, que no caso das duplas é a única via que leva à Olimpíada. Melo também costuma jogar o torneio americano, enquanto Demoliner está em início de parceria com o indiano Divij Sharan e tenta se manter no top 50 para jogar ATPs.

Melhor brasileira no tênis feminino, Beatriz Haddad Maia ainda não definiu se irá ao Pan. Se for, deixará de jogar duas semanas de torneios WTA na série de preparação para o Aberto dos Estados Unidos, que acontece no fim de agosto.

Caso Bia decida jogar, a segunda vaga fica com Gabriela Cé, que vai superar Carolina Meligeni no próximo ranking devido aos resultados recentes. Com 23 anos, a sobrinha de Fernando Meligeni vai ao Peru caso a número 1 do país não jogue o Pan.

A outra vaga deve ficar com Luisa Stefani, melhor duplista do país, que também joga simples e poderá se inscrever em busca da vaga olímpica, diferentemente do masculino, cujos atuais melhores duplistas brasileiros competem apenas nas duplas.

Carolina Meligeni - Alpha Imagem/Divulgação - Alpha Imagem/Divulgação
Imagem: Alpha Imagem/Divulgação

Renovação deu errado em Toronto

Em Toronto-2015, a CBT optou por um time com atletas mais jovens, com três juvenis no masculino, e ficou sem medalhas pela primeira vez desde Caracas-1983.

O tênis brasileiro tem um bom histórico no Pan, com 33 medalhas, sendo 14 de ouro, conquistadas por atletas como Maria Esther Bueno, Thomaz Koch, Fernando Meligeni e Flávio Saretta.

Medalhistas de ouro e prata de simples no Pan terão a vaga assegurada em Tóquio-2020 desde que estejam entre os 300 melhores do ranking no dia 8 de junho de 2020, logo após a próxima edição Roland Garros, último torneio a pontuar para a Olimpíada.