Visão de fora

Com Inter de Coudet na ponta, Brasileirão teve um técnico estrangeiro na liderança nas últimas 33 rodadas

Do UOL, em São Paulo Thiago Ribeiro/AGIF

A sexta rodada do Campeonato Brasileiro ratificou a força do Internacional de Eduardo Coudet na busca de um título que não vem há 41 anos. O time gaúcho venceu o Botafogo por 2 a 0 fora de casa e atingiu 15 pontos, com cinco vitórias em seis jogos.

A boa fase do Inter é similar à do Atlético-MG rodadas atrás. Também sob comando de um argentino, Jorge Sampaoli, e na luta pelo fim de uma seca de 49 anos no Brasileirão, o time chegou a liderar o Brasileirão —hoje está em quinto, mas com um jogo a menos.

A julgar prelo retrospecto —já nem tão— recente do campeonato, ter um técnico estrangeiro parece ser uma posição de vantagem. Vejam só: somando a edição de 2019, os treinadores de fora estiveram na ponta em 33 rodadas seguidas, contando as campanhas do Santos de Sampaoli e do Flamengo de Jorge Jesus no ano passado.

Dessa vez, por causa da final do Campeonato Mineiro, o Atlético-MG, campeão estadual, não entrou em campo pelo Nacional. A rodada do fim de semana, também devido à decisão do Gaúcho, teve oito jogos. Mesmo com dois duelos a menos, não faltaram histórias, que serão reunidas a seguir pelo UOL Esporte.

Os goleiros, por exemplo, estiveram nos holofotes. De forma pouco habitual, Cássio, Tiago Volpi e Weverton falharam, enquanto Gatito Fernández entrou em rota de colisão com o VAR. O árbitro de vídeo, aliás, também esteve em destaque na rodada, com uso frequente e muita demora na operação. A postura resultou em jogos repletos de acréscimos e gols decisivos nos momentos finais.

Thiago Ribeiro/AGIF

Gringos pelo fim da fila

Os times treinados por gringos seguem dominando o Campeonato Brasileiro. Nas últimas 33 rodadas, uma equipe comandada por um estrangeiro dorme na liderança do campeonato.

O dono da primeira posição hoje é o Inter, que se manteve na primeira colocação conquistada na rodada passada. Antes, Vasco e Atlético-MG também atingiram a ponta de forma isolada na atual edição do Brasileirão.

O Vasco, do estreante Ramon Menezes, aliás, foi um dos poucos times treinados por brasileiros a dividir a ponta no campeonato neste período hegemônico dos estrangeiros, ao final da quarta rodada neste ano —tinha os mesmos nove pontos do Colorado e do Galo. O Athletico-PR fez o mesmo nas duas primeiras rodadas, momento em que naturalmente mais clubes atingem a mesma pontuação, separados por detalhes.

Inter e Atlético-MG vivem uma situação parecida. Candidatos ao título deste ano, ambos tentam encerrar longos jejuns no Campeonato Brasileiro sob o comando de um gringo. A tarefa é de Eduardo Coudet e Jorge Sampaoli, respectivamente.

A dupla tenta repetir o feito de Jorge Jesus, campeão em 2019, que levou um avassalador Flamengo ao título depois de dez anos. Os casos de Inter e Atlético-MG são bem mais delicados: o time gaúcho conquistou o Brasileirão pela última vez em 1979. O mineiro, em 1971.

Líder com 15 pontos, o Inter tem dois a mais que São Paulo de Fernando Diniz. O time tricolor somou dez pontos nos últimos 12 disputados. Dessa vez, derrotou o Corinthians por 2 a 1 no Morumbi.

O terceiro colocado é o Vasco, com dez pontos e um jogo a menos, mesmo com derrota para o Fluminense de Odair Hellmann no clássico disputado no Maracanã. Os tricolores têm a mesma pontuação, mas já entraram em campo seis vezes. O Atlético-MG, por sua vez, conquistou nove pontos em cinco duelos, assim como o Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo.

Thiago Ribeiro/AGIF Thiago Ribeiro/AGIF

Foram bem

  • Thiago Galhardo (Inter)

    Quatro gols marcados em seis rodadas, com mais uma atuação decisiva diante do Botafogo, colocam o agora atacante entre aos melhores da rodada. O jogador abriu o placar para os gaúchos no Nilton Santos, de cabeça, e ainda deu uma assistência para Boschilia ampliar ainda no primeiro tempo e ajudar o Inter a manter a liderança.

    Imagem: Ricardo Duarte/Inter
  • Wellington Paulista (Fortaleza)

    O artilheiro também está em alta. Nesta rodada, chegou à marca de três gols no campeonato. E com direito a um de cobertura diante do Red Bull Bragantino, responsável pela abertura do placar na vitória por 3 a 0 no Castelão. O veterano centroavante ainda voltou a balançar as redes no fim do jogo, com oportunismo na área.

    Imagem: KELY PEREIRA/AGIF
  • Gabigol (Flamengo)

    A boa fase do artilheiro da edição 2019 do Campeonato Brasileiro parece estar de volta. Depois de um começo complicado, o camisa voltou a marcar, no terceiro jogo seguido. Dessa vez, Gabigol foi às redes no fim do primeiro tempo contra o Santos, seu ex-clube, garantindo a vitória em jogada de técnica e fôlego.

    Imagem: Fernanda Luz/AGIF

Foram mal

  • Weverton (Palmeiras)

    Um dos atletas mais regulares do Palmeiras cometeu uma falha decisiva diante do Bahia, responsável por tirar a vitória da equipe alviverde já nos acréscimos. O goleiro Weverton, herói na conquista do Paulistão, saiu errado na tentativa de afastar a bola e deixou Marco Antônio na boa para marcar o gol de empate do time baiano em Pituaçu.

    Imagem: Walmir Cirne/AGIF
  • Cássio (Corinthians)

    Uma falha bem rara também se fez presente no Morumbi, durante o clássico entre São Paulo x Corinthians. Cássio, que quase sempre ganha destaque por defesas importantes, não deteve a bola na cobrança de falta de Hernanes, que, apesar de muito venenosa, morreu no meio do gol do arqueiro corintiano, que viu seu time perder por 2 a 1.

    Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
  • Guilherme Parede (Vasco)

    Aposta de Ramon Menezes para começar o jogo, Guilherme Parede não correspondeu à expectativa do treinador e errou tudo o que tentou. O atacante, que começou o jogo aberto na ponta direita, pouco apareceu. Também por isso, o técnico mexeu logo no intervalo e tirou o jogador para a entrada do volante Juninho.

    Imagem: Rafael Ribeiro / Vasco
Fernanda Luz/AGIF Fernanda Luz/AGIF
Reprodução

Ele roubou a cena outra vez

O VAR voltou a ser colocado em xeque no futebol brasileiro, depois de ser usado com frequência na rodada, sobretudo nos duelos entre Botafogo x Inter, no Rio, e Santos x Flamengo, na Vila. Nas duas ocasiões, o árbitro de vídeo foi consultado, com dois gols anulados em cada confronto.

No Nilton Santos, o Botafogo foi às redes duas vezes, mas viu o VAR cancelá-los. A mesma situação aconteceu com o Santos. Nos dois casos, curiosamente, os donos da casa foram derrotados. No Rio, o goleiro Gatito Fernández, do Botafogo, não se conteve e, ao fim do jogo, chutou a cabine do VAR. O equipamento foi ao chão. Em Santos, Cuca fez críticas após a derrota em casa.

Nos quatro casos, o VAR parece ter acertado, mas a postura dos árbitros recebeu críticas pela demora. As pausas foram tão longas que as partidas foram marcadas por muitos minutos de acréscimos, turbinados também por algumas paradas técnicas, para hidratação dos atletas. Foram cinco gols nos acréscimos: de Gabigol (Flamengo), Marco Antônio (Bahia), Lima (Ceará), Sabino (Coritiba) e Brenner (São Paulo).

Nos oito jogos da rodada, o tempo total de acréscimo atingiu 71 minutos, com recorde na Vila Belmiro: Santos e Flamengo atuaram mais 17 minutos além do tempo regulamentar.

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Opinião dos colunistas

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Arquivo pessoal

Menon

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Frases da rodada

Acho que o Weverton fez certo de sair, socou a bola. E a bola sobrou para um cara deles. É futebol, né? A equipe tem que estar de cabeça erguida, vamos ter um jogo importante em casa agora contra o Inter [na próxima quarta-feira, no Allianz Parque], e vamos nos preparar para esse jogo"

Vanderlei Luxemburgo, técnico do Palmeiras

Gostaria de explicar meu ato de hoje ao chutar a cabine do VAR. De cabeça fria, agora, é claro que me arrependo.O VAR chegou para ficar e está ajudando. O que não pode acontecer é ter profissionais completamente despreparados para usar tal ferramenta"

Gatito Fernández, goleiro do Botafogo

Sempre queremos a excelência. Poderíamos ter aproveitado melhor os espaços. Estou muito contente, não sofremos no jogo, golpeamos quando era para golpear, tivemos outras duas ou três situações para marcar e ter mais tranquilidade. Mas sempre se pode melhorar"

Eduardo Coudet, técnico do Inter

Os caras estão chamando a arbitragem para ficar discutindo por cinco minutos. Não tem como não ficar pilhado. Todo mundo fica louco. Parece aquele jargão do Cléber Machado, mas ao contrário: 'Hoje sim, hoje sim... hoje não'. De novo não? Está chato"

Cuca, técnico do Santos

O que faltou hoje foi na parte final. Um pouco mais de ousadia no passe, no um contra um. Temos boa saída, segunda construção boa. Mas na parte final temos errado. Faz parte da evolução. Mas não é uma derrota dolorida no clássico que vai tirar nosso mérito de construção"

, atacante do Corinthians

Alessandra Torres/AGIF Alessandra Torres/AGIF
Pedro H. Tesch/AGIF

É campeão! (Mas, calma, não é o Brasileirão)

O Campeonato Brasileiro segue em desalinho em relação às partidas disputadas pelas equipes, agora de maneira ainda mais profunda. Nesta rodada, dois jogos foram adiados por causa de finais estaduais disputadas por Grêmio e Atlético-MG — ambos foram campeões: os gremistas conquistaram o tri mesmo com revés por 2 a 1 para o Caxias em casa, enquanto os mineiros fizeram a festa no primeiro título de Sampaoli em cinco anos.

Por causa das finais, os duelos com Goiás e Athletico-PR, respectivamente, foram adiados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Agora, são seis jogos postergados pela entidade — foram quatro na primeira rodada, seja pela disputa de finais estaduais ou problemas relacionados à pandemia do novo coronavírus, como aconteceu com Goiás x São Paulo.

Depois de seis rodadas, nove times têm jogos a menos. O Goiás, 18º colocado com quatro pontos, é o único com quatro partidas disputadas. Todos os outros dessa lista somam cinco duelos. São eles: Atlético-GO, Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Grêmio, Palmeiras e Vasco.

#BrasileirãoFacts

  • Profeta em ação

    Em baixa na temporada, Hernanes voltou a ser protagonista do São Paulo justo no clássico com o Corinthians, ao abrir a contagem em um gol de falta. Após a vitória, o ídolo tricolor, como é de costume, profetizou e abriu o coração. "Eu digo sempre que o Hernanes que joga é o Hernanes que vive. Quando não estamos em conexão com a gente mesmo não conseguimos produzir frutos."

    Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
  • Outro profeta?

    Fred foi outro ídolo a desencantar na rodada. O artilheiro marcou contra o Vasco, na vitória por 2 a 1 no Maracanã -- foi o primeiro gol depois do retorno ao clube. As declarações pós-jogo trouxeram uma profecia da família. "Recebi mensagem do meu irmão que disse que hoje ia sair o "gol da fé". Ele falou: 'chuta que vai entrar'. Meu filho acordou falando que ia sair gol do papai: 'Papai vai fazer gol!'."

    Imagem: Lucas Merçon/Fluminense FC
  • Monotonia no Couto Pereira

    Apesar da vitória do Coritiba por 1 a 0 no Couto Pereira, o duelo entre o time da casa e o Sport foi marcado por uma marca negativa e bem complicada aos espectadores. O primeiro chute a gol do confronto só aconteceu aos 23 minutos do segundo tempo. O gol do triunfo magro do Coritiba só veio aos 49 minutos da etapa final, com o zagueiro Sabino, de pênalti, como não poderia deixar de ser.

    Imagem: RODOLFO BUHRER/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
  • Algoz corintiano

    Um filme repetido fez parte do clássico entre São Paulo e Corinthians. O atacante Brenner, 20 anos, marcou mais um gol contra o rival são-paulino. O desempenho do jovem contra os corintianos impressiona: dos sets gols feitos com a camisa tricolor, três foram feitos no clássico. Os dois primeiros foram em 2018, um ano depois de Brenner ganhar sua primeira chance no time profissional do São Paulo.

    Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
  • No apagar das luzes

    A quantidade de acréscimos nos jogos da rodada ajudaram a criar uma marca incomum. Quatro gols decisivos foram marcados depois do tempo regulamentar. Gabigol fez o gol da vitória do Flamengo sobre o Santos aos 50 minutos do primeiro tempo. Os outros foram feitos nos acréscimos do segundo tempo: Brenner, do São Paulo, aos 46, Marco Antônio, do Bahia, aos 49, e Sabino, do Coritiba, também aos 49.

    Imagem: Cesar Greco/Palmeiras/Fotos Públicas
  • Fazia tempo

    Após oito anos, Vasco e Fluminense voltam a fechar uma rodada juntos no G4 do Brasileiro (na terceira e quarta posições, respectivamente). A última vez que as duas equipes estiveram simultaneamente entre os quatro melhores colocados do Brasileirão foi em 2012, na 29ª rodada --naquele ano, o time tricolor conquistou o título nacional, enquanto os vascaínos terminaram na quinta colocação.

    Imagem: LUCAS MERÇON/FLUMINENSE F.C
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